Carlos Mesquita
O Luís chegou a casa agitado. Marta, a sua mulher, recebeu-o notando o desassossego. Ela nada disse, ficou a vê-lo enquanto ele poisava as chaves do carro, esvaziava as algibeiras e deitava um olhar ao interior do maço de tabaco. Já só tenho dois cigarros, e é o segundo maço hoje…não dizes nada Marta? Estranhou o Luís levantando os olhos para ela sem mexer a cabeça. Não! Ou melhor, percebi logo na entrada que te exaltaste no serviço, e queres que puxe conversa para desabafares. Fez-se silêncio, Marta saboreou o efeito, e depois fechou, – e sabes que detesto esse vício do fumo.
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sexta-feira, 1 de outubro de 2010
domingo, 25 de julho de 2010
Passos Coelho em Vila Real
Carlos Mesquita
Há festa no distrito para as bandas do PSD, banda mais retrógrada do espectro político português, desde que a actual direcção do partido trocou a matriz social-democrata pelo ultra-liberalismo.
Vai ouvir-se a banda desafinada, com Passos Coelho cantando as justificações para a imposição, pelo PSD, de portagens nas SCUTs do Interior Norte. O líder do PSD vai fazer contas para explicar como os 6.046 veículos diários que agora circulam na A24 vão pagar a auto-estrada, quando há quem diga que a receita nem cobre os custos de investimento e operação de portagens, já afirmava Ferreira Leite na ultima campanha eleitoral que nem valia a pena neste caso cobrar portagens. Vai dizer que haverá descriminação positiva para alguns, escondendo que esses, como todos os outros, vão pagar as portagens quando forem às compras de produtos que viajaram pela auto-estrada. Tudo o que chegar à região sobre rodas vai aumentar de preço, tudo o que sair da região sai mais caro, tornando os produtos transmontanos menos competitivos. Os turistas que visitariam Trás-os-Montes farão contas para escolher entre este e outros destinos. As vias rápidas abertas pelos montes trasmontanos que são o caminho principal para sair do subdesenvolvimento, vão voltar (por iniciativa de Passos Coelho) a ficar tapadas pelo entulho das portagens.
Volta de certa forma o isolamento, económico, irrecuperável. Em vez de Trás-os-Montes ir no encalço das zonas mais evoluídas do país, vai ficando mais atrasada, não alcançando o pelotão, pedalando penosamente junto do carro-vassoura.
Mas não vai faltar festa por causa da realidade, a festa é para esquecer e esconder a realidade.
Passos Coelho precisa de festas, de banhos de convertidos que o façam esquecer a patente falta de ideias para tentar contribuir para a solução dos problemas reais do país, e para esquecer as asneiras políticas com que o PSD tem brindado os portugueses; como as propostas destrambelhadas de revisão constitucional que sabe não poder fazer sem dois terços da assembleia, e sem o acordo do presidente. Aliás, com o desatino das propostas absurdas que tem feito, já tramou a campanha a Cavaco que esperava ir para um segundo mandato em jeito de passeio. O candidato Cavaco, agora vai ter de se pronunciar sobre as alterações propostas por Passos Coelho à lei fundamental que jurou cumprir e fazer cumprir. Antes de Passos Coelho vir, eventualmente, a ser primeiro-ministro, os candidatos a presidentes da República que terão de promulgar as hipotéticas alterações, quando exercerem o cargo, vão dizer se concordam com as alterações sugeridas; Portugueses de primeira e de segunda no acesso à saúde e à educação, desequilíbrio do sistema político, arrasar os direitos sociais e laborais e o resto de disparates com os quais não vale a pena nesta altura gastar tempo. Tudo isso é para encobrir a falta de ideias e soluções e o receio de enfrentar a governação. Passos Coelho tem-se limitado a deixar sugestões de políticas avulsas no ar, lançando barro á parede, que não pegando, se apressa a desdizer. Ninguém sabe o que Passos Coelho quer, nem para quando quer.
Não é tipo com quem se vá à caça, vê uma boa sondagem, acelera; de repente trava, recua, saltita, dá mais uma fugida, volta atrás, pisga-se outra vez, sobe, desce, esconde-se, espreita, desaparece. É uma canseira, e com ele a fazer de coelho é um dia perdido.
Transcrito de Semanário Transmontano
Há festa no distrito para as bandas do PSD, banda mais retrógrada do espectro político português, desde que a actual direcção do partido trocou a matriz social-democrata pelo ultra-liberalismo.
Vai ouvir-se a banda desafinada, com Passos Coelho cantando as justificações para a imposição, pelo PSD, de portagens nas SCUTs do Interior Norte. O líder do PSD vai fazer contas para explicar como os 6.046 veículos diários que agora circulam na A24 vão pagar a auto-estrada, quando há quem diga que a receita nem cobre os custos de investimento e operação de portagens, já afirmava Ferreira Leite na ultima campanha eleitoral que nem valia a pena neste caso cobrar portagens. Vai dizer que haverá descriminação positiva para alguns, escondendo que esses, como todos os outros, vão pagar as portagens quando forem às compras de produtos que viajaram pela auto-estrada. Tudo o que chegar à região sobre rodas vai aumentar de preço, tudo o que sair da região sai mais caro, tornando os produtos transmontanos menos competitivos. Os turistas que visitariam Trás-os-Montes farão contas para escolher entre este e outros destinos. As vias rápidas abertas pelos montes trasmontanos que são o caminho principal para sair do subdesenvolvimento, vão voltar (por iniciativa de Passos Coelho) a ficar tapadas pelo entulho das portagens.
Volta de certa forma o isolamento, económico, irrecuperável. Em vez de Trás-os-Montes ir no encalço das zonas mais evoluídas do país, vai ficando mais atrasada, não alcançando o pelotão, pedalando penosamente junto do carro-vassoura.
Mas não vai faltar festa por causa da realidade, a festa é para esquecer e esconder a realidade.
Passos Coelho precisa de festas, de banhos de convertidos que o façam esquecer a patente falta de ideias para tentar contribuir para a solução dos problemas reais do país, e para esquecer as asneiras políticas com que o PSD tem brindado os portugueses; como as propostas destrambelhadas de revisão constitucional que sabe não poder fazer sem dois terços da assembleia, e sem o acordo do presidente. Aliás, com o desatino das propostas absurdas que tem feito, já tramou a campanha a Cavaco que esperava ir para um segundo mandato em jeito de passeio. O candidato Cavaco, agora vai ter de se pronunciar sobre as alterações propostas por Passos Coelho à lei fundamental que jurou cumprir e fazer cumprir. Antes de Passos Coelho vir, eventualmente, a ser primeiro-ministro, os candidatos a presidentes da República que terão de promulgar as hipotéticas alterações, quando exercerem o cargo, vão dizer se concordam com as alterações sugeridas; Portugueses de primeira e de segunda no acesso à saúde e à educação, desequilíbrio do sistema político, arrasar os direitos sociais e laborais e o resto de disparates com os quais não vale a pena nesta altura gastar tempo. Tudo isso é para encobrir a falta de ideias e soluções e o receio de enfrentar a governação. Passos Coelho tem-se limitado a deixar sugestões de políticas avulsas no ar, lançando barro á parede, que não pegando, se apressa a desdizer. Ninguém sabe o que Passos Coelho quer, nem para quando quer.
Não é tipo com quem se vá à caça, vê uma boa sondagem, acelera; de repente trava, recua, saltita, dá mais uma fugida, volta atrás, pisga-se outra vez, sobe, desce, esconde-se, espreita, desaparece. É uma canseira, e com ele a fazer de coelho é um dia perdido.
Transcrito de Semanário Transmontano
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sábado, 17 de julho de 2010
Opinião. Passos Coelho impõe portagens na A24.
Carlos Mesquita
Razões de força maior impossibilitaram o envio, na semana passada, do artigo que tinha planeado. Ia no seguimento do anterior, sobre a prestação dos cuidados de saúde no Alto Tâmega, e a capacidade reivindicativa da denominada Comissão de Defesa da Unidade Hospitalar de Chaves. Entretanto surgiu o tema da portagem em todas as SCUTs. Coloquei um texto no blogue Estrolabio, dia 3, (www.estrolabio.blogspot.com) com a posição que defendo há anos neste jornal. Os dois problemas estão relacionados num ponto; Trás-os-Montes não consegue dizer NÃO. Perante actos políticos que prejudicam a Região, os transmontanos têm respondido com uma passividade ímpar. Não há cidade ou lugarejo, empresa ou grupo profissional, que seja ofendido nos seus direitos e não parta para a luta, que barafuste, mesmo que não consigam ganhar as batalhas, vão à briga, ouvem-se, vêem-se. Em Trás-os-Montes não; a apatia tomou conta das gentes transmontanas.
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sábado, 3 de julho de 2010
Opinião. Pagar a hipocrisia nas SCUT
Carlos Mesquita
Estamos num imbróglio com as portagens das auto-estradas. Comecemos por uma ponta. O desenvolvimento do país tem sido desigual como é reconhecido por todos. Apesar do território continental ser pequeno, regiões inteiras mantiveram-se distanciadas do litoral desenvolvido, e inter-regiões, devido à má qualidade das acessibilidades. Os fundos europeus permitiram encetar a construção de estruturas viárias que começaram por ser atabalhoadas com os IPs do cavaquismo, mas nos governos seguintes melhoraram e fizeram-se obras que ajudaram a fixação das populações. Durante anos eu e outros na imprensa regional fizemos eco da exigência dos habitantes locais, para a construção de estradas capazes de contribuírem para tirar o interior do subdesenvolvimento; a guerra mais prolongada foi decerto a do Jornal do Fundão pela construção do túnel da Gardunha, feito após dezenas de anos de espera, no tempo de Guterres.
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domingo, 20 de junho de 2010
Coisas breves. Comissão de Inquérito, flop com flic-flac à retaguarda
Carlos Mesquita
Dois meses depois e ouvidas 34 personalidades da política, do meio empresarial e da comunicação social, a montanha nem um rato pariu, nada. Nunca houve caso político PT/TVI. A Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso PT/TVI transformou-se ela própria no “caso”. Pretendia ser a continuação das audições da Comissão de Ética, versão “séria” investida de mais poderes, diz-se até próximos dos poderes dos tribunais. Viu-se deputados sem toga e com as galochas da política partidária, a fazer de instrutores e julgadores simultaneamente; viram-se períodos do inquérito a raiar o abuso com apartes e juízos sobre o carácter dos inquiridos, e tivemos uma amostra do que é um tribunal político, em que adversários objectivos da luta politica estão: uns investidos da capacidade e autoridade de julgar e outros à defesa. Não se provou que a PT tinha interesses políticos; (escrevi em 2 de Março no Semanário Transmontano - está online - sobre as intenções do negócio) o inquérito indicou que havia razões empresariais para as negociações entre a PT e a TVI. Toda a controvérsia criada parte dum pressuposto que não se verificava, a manipulação política da PT.
A razão para a Comissão de Inquérito passou a ser entendida em vários sectores, como oportunidade para a utilizar no combate partidário perante a perspectiva de eleições, no fundo para desgastar o líder do governo. Só que o contexto político alterou-se; o inquérito ainda ia a meio, já toda a gente tinha percebido que não haveria eleições nos tempos próximos. Daí para cá a tarefa dos promotores do inquérito foi o de salvar a face, ainda por cima o decurso das audições só arrancava convicções e opiniões pessoais, provas, zero. Escrevia no mesmo jornal em Abril, “No Parlamento continua o inquérito para saber a opinião dumas figuras da política e do meio empresarial sobre o que se passa (ou passou) na cabeça do primeiro-ministro. Um diz que não mentiu, a maioria dos partidos inquiridores querem provar que mentiu, juntaram as ditas figuras, à vez, uns dizem que estão convictos que mentiu outros que estão convictos que não mentiu, eu estou convicto que isto é tudo uma estupidez.
Se nada provarem e convicções nada provam, se não se passar do achar assim ou assado, acho que o Parlamento devia dizer quanto custou, em euros, esta sondagem de achamentos.” O próprio relator do inquérito confessa agora em entrevista ao “DN” que está metido numa confusão, diz que “se Sócrates tivesse respondido com clareza, nada disto tinha acontecido”. Mas em política não há como fazer marcha-atrás airosamente, todos sabiam que ou tinham sucesso na acusação e da Comissão de Inquérito saíam consequência para José Sócrates ou quem ficava mal eram os partidos da oposição. Levaram uma semana a formular um relatório que segundo Pedro Passos Coelho, lhe causa “alguma frustração” por “as conclusões não serem suficientemente categóricas”.
Pois, o relatório não prova que Sócrates mentiu, quando muito, dizem, que não disse toda a verdade. Assim, Passos Coelho não mentiu quando prometeu na campanha interna para a liderança do PSD, que apresentaria uma moção de censura, quando muito Passos Coelho não disse toda a verdade. Os outros partidos também estão frustrados por Passos Coelho não apresentar uma moção de censura, porque o relatório que todos aprovaram não diz (porque eles não o escreveram lá) que Sócrates mentiu. O relatório quer embrulhar-nos em papel parvo… papel pardo.
Jogo baixo, salto mortal empranchado, ninguém os tira do chão.
Dois meses depois e ouvidas 34 personalidades da política, do meio empresarial e da comunicação social, a montanha nem um rato pariu, nada. Nunca houve caso político PT/TVI. A Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso PT/TVI transformou-se ela própria no “caso”. Pretendia ser a continuação das audições da Comissão de Ética, versão “séria” investida de mais poderes, diz-se até próximos dos poderes dos tribunais. Viu-se deputados sem toga e com as galochas da política partidária, a fazer de instrutores e julgadores simultaneamente; viram-se períodos do inquérito a raiar o abuso com apartes e juízos sobre o carácter dos inquiridos, e tivemos uma amostra do que é um tribunal político, em que adversários objectivos da luta politica estão: uns investidos da capacidade e autoridade de julgar e outros à defesa. Não se provou que a PT tinha interesses políticos; (escrevi em 2 de Março no Semanário Transmontano - está online - sobre as intenções do negócio) o inquérito indicou que havia razões empresariais para as negociações entre a PT e a TVI. Toda a controvérsia criada parte dum pressuposto que não se verificava, a manipulação política da PT.
A razão para a Comissão de Inquérito passou a ser entendida em vários sectores, como oportunidade para a utilizar no combate partidário perante a perspectiva de eleições, no fundo para desgastar o líder do governo. Só que o contexto político alterou-se; o inquérito ainda ia a meio, já toda a gente tinha percebido que não haveria eleições nos tempos próximos. Daí para cá a tarefa dos promotores do inquérito foi o de salvar a face, ainda por cima o decurso das audições só arrancava convicções e opiniões pessoais, provas, zero. Escrevia no mesmo jornal em Abril, “No Parlamento continua o inquérito para saber a opinião dumas figuras da política e do meio empresarial sobre o que se passa (ou passou) na cabeça do primeiro-ministro. Um diz que não mentiu, a maioria dos partidos inquiridores querem provar que mentiu, juntaram as ditas figuras, à vez, uns dizem que estão convictos que mentiu outros que estão convictos que não mentiu, eu estou convicto que isto é tudo uma estupidez.
Se nada provarem e convicções nada provam, se não se passar do achar assim ou assado, acho que o Parlamento devia dizer quanto custou, em euros, esta sondagem de achamentos.” O próprio relator do inquérito confessa agora em entrevista ao “DN” que está metido numa confusão, diz que “se Sócrates tivesse respondido com clareza, nada disto tinha acontecido”. Mas em política não há como fazer marcha-atrás airosamente, todos sabiam que ou tinham sucesso na acusação e da Comissão de Inquérito saíam consequência para José Sócrates ou quem ficava mal eram os partidos da oposição. Levaram uma semana a formular um relatório que segundo Pedro Passos Coelho, lhe causa “alguma frustração” por “as conclusões não serem suficientemente categóricas”.
Pois, o relatório não prova que Sócrates mentiu, quando muito, dizem, que não disse toda a verdade. Assim, Passos Coelho não mentiu quando prometeu na campanha interna para a liderança do PSD, que apresentaria uma moção de censura, quando muito Passos Coelho não disse toda a verdade. Os outros partidos também estão frustrados por Passos Coelho não apresentar uma moção de censura, porque o relatório que todos aprovaram não diz (porque eles não o escreveram lá) que Sócrates mentiu. O relatório quer embrulhar-nos em papel parvo… papel pardo.
Jogo baixo, salto mortal empranchado, ninguém os tira do chão.
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