Carlos Luna
São 94 quadras da poesia tradicional oliventina, todas elas em português. As 72 primeiras foram recolhidas por Ventura Ledesma Abrantes (décadas de 1930 e 1940)), duas de dois habitantes de São Jorge de Alor na década de 1990, as últimas 20 recolhidas pelo Prof. Hernâni Cidade, na década de 1950 e 1960. Iremos publicando todos os dias uma dezena de quadras: hoje, da 11ª à 20ª (Ventura Ldesma Abrantes)
11-
Tenho corrido mil terras,
cidades mais de quarenta,
tenho visto caras lindas,
só a tua me contenta.
12-
Adeus largo do Calvário,
por cima, por baixo não.
Por cima vão os meus olhos,
por baixo, meu coração.
13-
O Monte de Santa Maria
tem vinte e quatro janelas.
Quem me dera ser pombinho
para pousar numa delas.
14-
Esta noite choveu neve
no gargalo do meu poço;
todas as rosas abriram
menos o meu cravo roxo.
15-
Abalei da minha terra,
olhei para trás chorando.
Adeus terra da minha alma,
que longe me vais ficando.
16-
Eu sou ganhão da ribeira,
da ribeira sou ganhão.
Lavro com dois bois vermelhos
que fazem tremer o chão.
17-
Ó minha mãe, minha mãe,
companheira de meu pai!
Eu também sou companheira
Daquele cravo que ali vai!
18-
Eu tenho uma silva em casa
que me chega à cantareira.
Busque meu pai quem o sirva/
que eu não tenho quem me queira.*
19-
O Sol, quando nasce, inclina
nas barrancas do Guadiana.
Eu também ando inclinado
nesses teus olhos, Mariana!
20-
Eu já vi um valentão
à briga com uma cidade;
logo ao primeiro encontrão
derrubou mais de metade!
_______________
*Mais lógico: que eu já tenho quem me queira.
(Continua)
sexta-feira, 9 de julho de 2010
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