Carlos Luna
São 94 quadras da poesia tradicional oliventina, todas elas em português. As 72 primeiras foram recolhidas por Ventura Ledesma Abrantes (décadas de 1930 e 1940)), duas de dois habitantes de São Jorge de Alor na década de 1990, as últimas 20 recolhidas pelo Prof. Hernâni Cidade, na década de 1950 e 1960. Iremos publicando todos os dias uma dezena de quadras: hoje, da 31ª à 40ª (Ventura Ledesma Abrantes).
31-
Lindos olhos tem meu par,
ainda agora reparei.
Se reparasses mais cedo,
verias como eu amei.
32-
Meu amor, mau amor,
mau amor, nada é vão!
Eu dou-te a minha vida,
tu dás-me o teu coração.
33-
Os meus olhos com chorar
fizeram covas no chão.
Coisa que os teus não fizeram,
nem fazem, nem farão.
34-
Se eu soubesse que voando *
alcançava os teus carinhos,
mandava fazer umas asas
de papel encarnadinho.
*Pronúncia tradicional:"qu´avoando"
35-
Toda a vida fui pastor,
toda a vida guardei gado;
tenho uma chago no peito
de me encostar ao cajado
36-
Pombinha, "avoa", "avoa"*
que está caçador na horta.
Em pondo a espingarda à cara
logo a pombinha cai morta.
*voa, voa
37-
Não esmoreças, cão carocho,
que amanhã tens "fartadela" *
já morreu o filho mocho,
filho da cabra amarela.
*abundância
38-
Meu amor, lá de longe,
lá de longe me mandou
um lencinho molhadinho
das lágrimas que chorou.
39-
Camarada, amigo meu,
não vivas apaixonado.
Quem teve a culpa fui eu,
eu é que fui o culpado.
40-
Teu pai e tua mãe não querem
lindo amor que eu te logre;
queiras tu e queira eu,
que com amor ninguém pode!
domingo, 11 de julho de 2010
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