segunda-feira, 12 de julho de 2010
Poesia tradicional oliventina - 94 quadras
Carlos Luna
São 94 quadras da poesia tradicional oliventina, todas elas em português. As 72 primeiras foram recolhidas por Ventura Ledesma Abrantes (décadas de 1930 e 1940)), duas de dois habitantes de São Jorge de Alor na década de 1990, as últimas 20 recolhidas pelo Prof. Hernâni Cidade, na década de 1950 e 1960. Iremos publicando todos os dias uma dezena de quadras: hoje, da 41ª à 50ª (Ventura Ledesma Abrantes).
41-
Quando eu era pequenino
que jogava o "repião"*
davam-ma as moças beijinhos;
agora já não me dão!
*pião
42-
O meu amor ontem à noite
a sua vida me contou,
e que se ia deitar a um poço.
Se ele vai, eu também vou!
43-
Meu amor quer que tenha
juízo e capacidade.
Tenha ele que é mais velho,
já vai caindo na idade.
44-
Homem alto e delgadinho
é a minha inclinação,
que aqueles que são baixinhos
nem para ver a Deus são.
45-
Fita verde no chapéu,
ao longe mete aparência.
Quantos amores se perdem
pela pouca "diligência"*
*cuidado na aparência
46-
És branca como o leite,
corada como a cebola;
amores, quantos quiseres,
casar contigo,... xó rola!
47-
Minha mãe ouviu lá fora
tu jurares devagarinho,
dizer-me que me querias
e roubares-me um beijinho!
48-
Eu prometo voltar breve,
ir de joelhos à cidade,
se me sares da doença,
Nosso Senhor da Piedade.
49-
Eu também já fui à festa
e fiz promessas a Deus
de voltar no Ano Novo
a dançar no São Mateus.
50-
Tenho o coração negrinho
deitado neste teu peito;
não fales alto-baixinho
assim é que me dás jeitinho.
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