quinta-feira, 15 de julho de 2010

Poesia tradicional oliventina - 94 quadras

Carlos Luna

São 94 quadras da poesia tradicional oliventina, todas elas em português. As 72 primeiras, todas elas já publicasa, foram recolhidas por Ventura Ledesma Abrantes  nas décadas de 1930 e 1940, sendo as  duas que hoje publicamos em primeiro lugar de dois habitantes de São Jorge de Alor na década de 1990.

Das últimas 20, recolhidas pelo Prof. Hernâni Cidade nas décadas de 1950 e 1960, publicamos hoje da 73ª à 82ª.


73-
As mocinhas lá em São Bento,
todo o seu traje é um:
sapatos de cinco bicos,
e as meias da cor do cu.

(ouvida em São Jorge, 1991, a Eduardo Godinho)

74-
Toda a mulher que é bonita
não devia de nascer.
É como a pera madura,
todos a querem comer!

(ouvida em São Jorge, 1992, a Severiano Nunes)

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Ouvidas Pelo Professor Hernãni Cidade, nas décadas de 1950 e 1960, em Olivença:

75-
Brinca, menina, brinca,
não tires os sapatinhos,
que a água está gelada
e espantas os borreguinhos

76-
As flores do meu canteiro
dizem-me todos os dias
as conversas que tu tens
sem esquecer as picardias.

77-
Cheguei agora da horta
com um braçado de flores,
Deus bem sabe que eu vinha
pensando nos meus amores.

78-
Falei contigo uma noite
e não sei como te via,
os teus olhos tinham luz
e a noite parecia dia.

79-
Vesti ontem saia nova,
fui logo fazer promessa.
O Padre ralhou comigo
gritando: «Não tenha pressa»!

80-
Sonhei contigo uma noite,
pensando que me querias.
Despertei toda assustada
sem saber o que dizias.

81-
Sou leiteira, vendo leite,
também vendo requeijão.
Falarei ao meu amor
Quando tenha ocasião.

82-
O Amor enquanto é novo
ama com todo o cuidado.
Depois que vai para velho,
mostra papel de enfadado.

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