quinta-feira, 8 de julho de 2010

Poesia tradicional oliventina - 94 quadras -

Carlos Luna

São 94 quadras da poesia tradicional oliventina, todas elas em português. As 72 primeiras foram recolhidas por Ventura Ledesma Abrantes  (décadas de 1930 e 1940)), duas de dois habitantes de São Jorge de Alor na década de 1990, as últimas 20 recolhidas pelo Prof. Hernâni Cidade, na década de 1950 e 1960. Iremos publicando todos os dias uma dezena de quadras: Eis as primeiras 10 (Ventura Ldesma Abrantes)

1-
Ó Vila Real dos coxos,
São Bento dos aleijados,
São Domingos dos bons moços,
São Jorge dos mal talhados.
2-
A fonte do Val de Gral
está no alto da Serra d´Olor.
É água que a ninguém faz mal,
e dali bebe o meu amor.
3-
O meu coração é teu,
o teu é de quem tu queres.
Uma troca faria eu,
lindo amor, se tu quiseres.
4-
Se eu tivesse não pedia
coisa nenhuma a ninguém.
Mas, como não tenho, peço
uma filha a quem a tem.
5-
Daqui para a minha terra
tudo é caminho e chão!
Tudo são cravos e rosas
postos pela minha mão.
6-
Silva verde não me prendas
que eu não tenho quem me solte;
não queiras tu, silva verde,
ser causa da minha morte.
7-
Azeitona pequenina
também vai ao lagar;
eu também sou pequenina
mas sou firme no amar.
8-
Saudades, tenho saudades,
saudades das feiticeiras.
Lembrança das amizades
da "Terra das Oliveiras".
9-
A laranja quando nasce
logo nasceu redondinha;
tu também quando nasceste,
nasceste para ser minha.
10-
Na vila de Olivença
não se pode namorar!
As velhas saem ao Sol
e põem-se a criticar!

1 comentário:

  1. belos versos populares. Amanhã vou publicar versos do meu tio Alfredo, versejador e músico popular, presidente da junta de freguesia, sempre por maioria absoluta, 88 anos de idade, não toma um comprimido que seja, e come um prato de sopa ao levantar e outro a meio da tarde.Descobre-se quando chove (é uma benção)...

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