
Nasceu com um pé em Buenos Aires e outro em Montevideu, entre os “porteros” os homens das docas que arrimavam vindos do outro lado do Atlântico. Com o rio de La Plata a separá-los nasceu entre os que tinham deixado a terra natal e encontraram terras imensas mas não a sorte. Terras onde havia uma mulher para catorze homens, o Tango começou por ser dançado entre dois homens.
Cada um apresenta-se ao seu “adversário” à vez ( como o nosso fandango) e depois os corpos encontram-se e elevam-se numa onda de paixão, sublimando o corpo “único” que através da dança se funde e complementa.
Nasceu e cresceu entre os mais miseráveis e dado ao abandono por quem, vindo da mesma origem, não aceitava o “aculturamento” misturando-se com gente ida de Portugal,Espanha, França, Alemanha, Holanda…de tal forma que numa parte da cidade moravam os “terratenentes” que a todo o custo defendiam a “sua” cultura e, no outro lado da avenida, a principal, dita da Glória, viviam os pobres, os que inventaram o “acordeão” e o “bandolim” porque não podiam transportar o orgão da Igreja natal.
De tal sorte que os filhos dos “terratenentes” eram enviados de volta à Europa para estudarem e assim defenderem-se do “aculturamente” , falando Francês entre si e mesmo latim para manterem as distâncias.
Mas a “cultura” fez (como faz sempre) o seu caminho, o Tango começou a penetrar nas camadas mais altas da sociedade e a tornar-se no hino de todo um país, transbordou para a todo o mundo, e hoje é ouvido e dançado nas selectas colectividades e nas associações de bairro, com grupos de pessoas a frequentarem aulas de Tango, com os passos lengosos e melados a serem rabiscados entre o par, não vá acontecer-lhes, como me aconteceu a mim, que numa noite em Buenos Aires, dando crédito ao meu talento de dançarino me atrevi a dançar um tango “à portuguesa”.
Entre os que consideravam que estava a gozar e os que achavam piada, salvou-me a voz do apresentador que me gritou : ” português, fantástico! Agora necessitas de aprender!”
PS: resumo da exposição de ontem na tertúlia que frequento, de um Argentino há muito vivendo em Portugal.
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eu queria tanto, mas tanto, aprender a dançar! troco o passo e só vendada me atrevo. Mas quando faço isso, liberto a música que baila por dentro.Ah, como eu queria saber dançar, deixar-me levar pelas mãos do meu par. e o meu par me levaria pelo mundo em pouco mais de cinco minutos. se fosse o tango, eu deixaria a descoberto parte da minha coxa, só para o meu par me levar para o ar.
ResponderEliminarSe houver alguém com paciência, neste blogue, que saiba dançar e disponha a me ensinar vou chamá-lo pela vida fora: este é o meu eterno benfeitor!
Luis, afinal danças?
ResponderEliminarClaro! Grande dançarino, as raparigas da minha idade, minhas colegas do liceu, fazem fila para dançar comigo, quando fazemos os jantares anuais.E, de vez em quando, vou até um dos locais onde se dança(mil mulheres para cada homem) e danço.Vou e venho sòzinho! Um dia destes convido-te e vamos a Carcavelos, onde há música para todas as idades, tristes e alegres, tangos e rock...há as "ladies night" em que as mulheres podem beber o que quiserem sem pagar (como sabes o alcool ajuda muito nesta coisa da dança...)
ResponderEliminarmas eu não sei dançar! tenho mesmo de perder a vergonha para aprender. mas fico à espera do convite, pode ser que me ajudes:)
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