terça-feira, 17 de agosto de 2010

Bomba atómica - foi um crime mas não a terias usado?

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Luis Moreira


Foi o Presidente Truman quem deu a ordem para lançar a bomba sobre Hiroshima e Nagasaki, mas foi o Presidente Roosevelt quem juntou os homens e os meios necessários para a construir. Os cientistas europeus que tinham fugido à guerra e que viviam nos US, incluindo Einstein, que não fez parte da equipa de Los Alamos mas que incentivou Roosevelt a "construí-la primeiro que todos os outros".

Os conhecimentos técnicos e científicos já estavam ao alcance daquela equipa, como estavam ao alcance de outras equipas que, afanosamente, queriam chegar primeiro.E, chegar primeiro, correspondia a não ter que responder a esta angustiante pergunta: "tê-la-ías usado?" Esta pergunta seria sempre feita a quem chegasse em segundo porque o primeiro usava a bomba, fosse quem fosse, naquele cenário, usaria sempre a bomba. Era para a usar que todos queriam chegar em primeiro! Sendo a técnica conhecida mais tarde ou mais cedo todos chegam à mesma conclusão.

A guerra absoluta na Europa com milhões de mortes e destruída tinha terminado, mas no Pacífico, a guerra que se travava ameaçava ser tão absoluta como a europeia.O Japão não se rendia e preparava-se para sacrificar milhões de Americanos e milhões de jovens do seu próprio país. Mesmo depois das duas bombas atómicas, o Comité Supremo, constituído por seis pessoas, estava empatado, foi necessário que o Imperador tomasse a decisão de se render.

É um horror absoluto, perante os cenários em presença, ninguem poderá dizer que não usaria a bomba. A Europa estava destruída, os US caminhavam para uma guerra onde os prejuízos seriam de tal monta que ninguem se poderia considerar vencedor.E a corrida à bomba atómica continuava, a comunidade científica internacional estava em parte incerta, uns nos US, outros na Dinamarca,outros ainda permaneciam no que restava da Alemanha e no Reino Unido, e os restantes estavam na União Soviética

Grande parte dos cientistas que tornaram possível a construção da bomba atómica passaram o resto dos seus dias amargurados, nem eles faziam ideia do que tinham nas mãos, mas não restam dúvidas que foi a comunidade científica internacional que abriu a "caixa de pândora". Quem tomou a decisão de usar a bomba, foi só a "mão" de uma longa engrenagem que tinha começado muitos anos antes, com vários países a quererem chegar primeiro. Foi essa a diferença. Os US chegaram primeiro e Truman estava no lugar errado no momento errado!

Não defendo nem deixo de defender o uso da bomba naquelas circunstâncias,embora seja um crime tal a dimensão da tragédia, mas estou profundamente convencido que o crime seria o mesmo se outro país tivesse chegado primeiro.

6 comentários:

  1. Luis, não acredito em nada disso que dizes. Mas não acredito, digo-te com sinceridade. Divergimos em muitas coisas mas sabes que, embora rude por vezes, sou sincero.
    Quando dizes "não defendo nem deixo de defender",não aceito que um amigo como tu, que conheço, que se me apresenta com tantos exemplos de nobres sentimentos, possa dizer " nem deixo de defender".Não acredito, não aceito, e nem quero pressupor que estou enganado. Nada, nada neste mundo, justifica tal acto terrorista. Nada justifica que tal acto se aceite seja em que circunstâncias for. E para mais nestas em que tudo se resume a uma cruel e monstruosa exibição de poder. " Vale mais a vida de um americano (coitada!)do que a vida de um exército de moscas, japonesas, iraquianas, afegãs. O esquema é sempre o mesmo, desde os índios. A falácia de que se não fossem os Yanques seriam outros é tremendamente artificial, manhosa, injusta, perigosa e maldosa. Se o assassino não matasse viriam outros que matariam, nada pode desculpar. Se eu não roubasse outros o fariam não é argumento para nada. Foi o maior e mais bárbaro acto terrorita da história, contra a pobre humanidade, perpetrado, ironicamente, pelo país que continua a invadir, a assaltar, a matar barbaramente, para combater o terrorismo em que eles próprios são os indiscutíveis mestres. Uma doença imunológica, uma espécie de doença auto-imune, em que, ao fim e ao cabo são eles os que, inexoravelmente serão as principais vítimas.

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  2. Com o seu sorriso, os óculos, rosto bonacheirão, o Truman (como reconheces) assumiu a responsabilidade de ordenar o maior crime que se conhece em toda a história da humanidade. Nenhum dos criminosos julgados em Nuremberga cometeu crime maior e mais miserável - assassinar em segundos centenas de milhares de civis para poupar as vidas de escassos milhares de soldados americanos, é um crime indesculpável e Truman só não foi enforcado como os bandidos que o foram em Nuremberga, porque ganhou a guerra. Com o Manuel Simões organizei uma antologia com depoimentos de escritores portugueses sobre o holocausto nuclear e no prefácio dizemos o que pensamos sobre o tema. As desculpas "científicas" amanhadas pelos americanos só convencem quem gosta de ser convencido. Foi um crime cobarde, hediondo e indesculpável. Não quero falar mais deste assunto.

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  3. Eu tambem digo que foi um crime ( o resultado é de tal modo bárbaro que não há palavras para o qualificar). A questão que eu coloco é outra. O primeiro a ter a bomba usava-a, fosse quem fosse? e eu acredito que sim! basicamente, o que eu digo é que não acredito na bondade dos homens, enquanto organizados em tremedas máquinas de guerra.Quem tem a força usa-a. Ainda há dias escrevi sobre Aljubarrota que foi célebre por toda a Europa devido à barbaridade dos portugueses.Isso está escrito por quem esteve na batalha.Quem tem a força usa-a! o Truman tratavam-no pelo " parolo" só razões de circinstância o levaram aquele lugar.Não se trata da pessoa, trata-se da engrenagem. Quem a pára em circunstâncias destas?

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  4. na engrenagem vivem pessoas, têm nome e a opção de dizer não. quem fez teve nome, e aopção de não ter feito. nenhum abuso justifica outro abuso ou presunção de que outro abusaria igualmente. aos actos desta dimensão diz-se NÃO - não se especula.

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  5. Pois, é coisa que nunca se viu aos vencedores, mas está bem...olha não esqueças ...

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  6. não quero intervir na polémica, aliás, esteril. O Genetral Norton de Matos, nos passados anos quarenta, afirmou num texto jornalistico, a propósito do anunciado perigo nuclear, que na guerra seguinte nunca era usada a arma mais terrifica utilizada na anterior. Atrevo-me a pensar que tinha razão. São passados 65 anos e, felizmente, nada aconteceu.Testemhnho -tinha 13 anos - que o lançamento da bomba no Japão foi um motivo de grande satisfação para a população.Quem não acompanhou a guerra não consegue compreender o modo como foi a reacção ao lançamento da bomba. Os Homens não são nada bons e o ódio que havia aos japoneses ( por exe. a sua acção em Timor) ditou que o genocidio fosse considerado como uma coisa boa. Naquele 6 de Agosto estava em Coimbra e quando a noticia chegou houve uma explosão de alegria!!! Esperemos que não haja razões para uma qualquer repetição. Não será por invectivar a "bomba" que ela não é deitada. É fundamental acusar os interesses mais profundos que estão na origem dos conflitos.

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