João Machado
A Vamp
Era uma vez, sozinho, numa noite
Escura, cerrada, sem luar
Daquelas em que não há quem se afoite
A sair à rua, nem para ver o mar
Na varanda a fumar um cigarro
Cosido à parede, bem abrigado
Ao ver passar, lentamente, um carro
Ao volante uma vamp com ar chateado
Pensei que talvez procurasse alguém
Desci a minha escada a correr
E disse-lhe que procurava eu também
Deu uma gargalhada e respondeu
Que até preferia já ali morrer
Do que aturar um teso como eu
terça-feira, 24 de agosto de 2010
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Em termos de poesia, o Estrolabio tem sido uma grande (e agradável) surpresa - depois do Fernando Correia da Silva e do António Sales (excelentes ficcionistas, mas que desconhecia como poetas) é a vez de um sociólogo, de um analista políitico, vir mostrar que também sabe poetar - e bem. Há neste soneto do João ressonãncias do Elmano Sadino, sobretudo no último terceto em que dispara a conclusão da pequena história (como Bocage tantas vezes fazia). Parabéns, João.
ResponderEliminarO João é ,ele próprio, uma surpresa.E fazer da Vamp um soneto...
ResponderEliminarO Joáo a fazer poesia é coisa que eu não conhecia (já agora para não destoar). Parabéns, João!
ResponderEliminarObrigado, amigos, pelos vossos comentários. Preciso do vosso apoio para continuar.
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