Continua Estrolabio a dedicar a sua particular atenção às questões relacionadas com a língua e a literatura galegas, particularmente à figura de Ricardo Carvalho Calero - cujo centenário se comemora este ano e ao qual consagraremos por inteiro a nossa edição de 30 de Outubro.
Dentro desse espírito, transcrevemos hoje do Portal Galego da Língua,com a devida vénia, uma crónica da escritora María Xosé Queizán, na qual a autora de Despertar das amantes, destaca a importância de Carvalho Calero para a cultura galega, lamentando e denunciando o ostracismo a que foi condenado.
Esta crónica foi colhida no semanário "A Nosa Terra", ao qual endereçamos também os nossos agradecimentos.
Começa Queizám a falar da casa natal de Carvalho, na parte velha de Ferrol. O prédio, em estado ruinoso, "pode servir como representaçom do desleixo das autoridades políticas e culturais galegas por esta figura exemplar do nosso pensamento e cultura", denuncia. A seguir lembra as suas vivências pessoais e familiares com ele, narrando que, sendo ela criança, o vira em fotografia passeando com seu pai por Santiago de Compostela. Ambos, nascidos em 1910, eram "companheiros na faculdade de Direito, correligionários na FUE e colaboradores da revista RESOL". Nom seria até 1962 que o conheceu pessoalmente. Foi em Lugo, e Carvalho "aledou-se ao abraçar a filha do seu perdido amigo". O relacionamento pessoal continuou ao se converter o ferrolano no primeiro crítico literário de Queizán, pois realizou a recensom do primeiro romance da escritora, A Orella no Buraco, em 1965. Mais tarde converteu-se "no meu querido professor" na matéria de Lingüística e Literatura Galega, cátedra que ganhou em 1972. Nesta altura do artigo, Queizán só tem boas palavras para Carvalho Calero. "Pertenço à primeira promoçom da licenciatura de Galego-Português, grupo que mantemos o nosso agradecimento a tam insigne professor e somos conscientes, nom só do que significou o seu magistério, mas do imprescindível que foi a sua obra". Aliás, afirma que sem o trabalho investigador do professor, como a monumental História da Literatura Galega Contemporánea (1963), "nom seria possível instaurar tal licenciatura". María Xosé Queizán finaliza o artigo para A Nosa Terra salientando que Carvalho Calero foi umha "pessoa séria, responsável, fiel aos seus princípios políticos, participa na criaçom do Partido Galeguista e na redaçom do Estatuto. Nom se concibe a cultura galega dos últimos 75 anos sem ele. Tampouco se entende a incúria em que o mantenhem".
(Na foto, casa onde Carvalho Calero nasceu, no Ferrol-Velho).
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
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