Luís Moreira
Paralelamente à administração pública vai crescendo outra estrutura tambem ela paga por todos nós. O recurso aos assistentes, adjuntos, consultores, fundações, empresas públicas, outsourging, é o resultado da politização da administração e tambem da desconfiança e da ineficácia.
Os melhores vão saindo do Estado para passarem a fazer estes trabalhos como privados e, outros, menos transparentes, vão recebendo o vencimento do estado e as assessorias, encobertos por gabinetes ou por empresas privadas constituídas com amigos e familiares. O resultado final é uma administração pouco respeitada e enfraquecida.
Organismos internacionais vêm colocando Portugal numa posição muito desconfortável, quanto à manifesta incapacidade de o Estado contribuir positivamente para um melhor ambiente propício ao desenvolvimento. Mas muito amigável da corrupção.
O estado calamitoso da Justiça, a impreparação dos nossos alunos para os combates da vida real, mostram de forma inequívoca que o Estado não cumpre de forma satisfatória a sua função. É, pois, certo, que não vale a pena barrar com as palmas das mãos a progressiva passagem de muitas das funções do Estado para a iniciativa privada. A escola privada cresce, a saúde privada tem já uma fatia importante do mercado, mas a Justiça e a segurança não têm alternativa ao estado, ou melhor, ainda não têm. Vão continuar a degradar-se?
Tudo isto, tem a ver com a progressiva deterioração da percepção que a população vai tendo da administração pública, da absoluta falta de credibilidade de uma classe política que se enlameia em escândalos. Há poucos fenómenos tão prejudiciais ao desenvolvimento do país, como este.
Aqui está um valor de esquerda, que devia ser bandeira dos partidos que se arrogam de esquerda, levar a efeito uma reestruturação profunda do Estado, incentivando os melhores, pagando bem a quem mostra serviço, afastando o igualitarismo, as carreiras onde todos chegam ao topo, os privilégios de que o resto dos trabalhadores está afastado.
Enfim, não confundir o Estado Previdência com um estado sem rei nem roque, temeroso dos sindicatos, das corporações, dos interesses instalados. O investimento estrangeiro não se compadece com jogadas de espera e de arrastamento dos projectos e, é assim que vimos nascer os PIN (Projectos de Interesse Nacional) que são uma estrutura paralela para fazer andar as coisas mais depressa; as comissões ( às centenas) que ninguem sabe o que fazem, mas que dão senhas de presença, ou as malfadadas fundações que utilizam dinheiros públicos como se fossem privados, ao arrepio das boas práticas de transparência.
Repito, ao contrário do que se pensa, este é um valor de esquerda que só a esquerda pode liderar, por forma a salvar o Estado amigo do desenvolvimento e da igualdade de oportunidades!
terça-feira, 24 de agosto de 2010
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