Memórias de Guerra Junqueiro
Lopes D’Oliveira
Lisboa, 1938
A certa altura, o Poeta pegou de um manuscrito, de sua letra, e sentou-se num canapé, que, com algumas, poucas, cadeiras e a mesa, constituía todo o mobiliário.
E começou a ler a Oração à Luz, ainda então inédita.
A voz de Junqueiro, de timbre metálico, quase forte no habitual, era um pouco velada, e, com a luneta no nariz, um pouco nasalada; sempre doce e harmoniosa quando lia ou perorava, a emoção dava-lhe agora uma vibração estranha.
Tínhamos ficado de pé...
Ele ia recitando o intróito, no deslumbramento magnífico do hino ao sol...
Faúlhas de luz divina! E um grande clarão passou:
Homem! Quando a alvorada alumie o horizonte, Ergue-te em pé, ergue essa fronte!
_____________________________
Memórias do Capitão
João Sarmento Pimentel
Editorial Inova, 1974
Que diremos que estas «Memórias» são? História ou literatura? Ficção ou documento? Sonho ou realidade? Reminiscência ou fantasia? Colocar nestes termos a questão é, desde já, prevenir perplexidades em que. perante elas, ainda que seduzidos pelo fascínio, alguns leitores se debaterão.
Porque é tão raro que alguém saiba transformar em arte a História de que participou. Tão raro que, sabendo-o, do mesmo passo insufle as ressonâncias da vida aos factos soltos de um passado extinto. Tão raro que o fervor, o entusiasmo e a ternura sobrevivam lúcidas e, todavia, capazes de rodear de sonho os tempos idos, para melhor reviverem-nos. Tão raro que as recordações, longe de secarem-se, palpitem de uma vida transbordante que as faz mais vivas do que terão sido.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário