quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Valor económico poupa Pinhal Interior


Luís Moreira


Olhe-se com atenção para o mapa aí em cima, e fácil será constactar que os médios e grandes fogos se concentram no Norte e junto ao mar,(Noroeste) poupando quase inteiramente o interior, as Beiras, O Alentejo, o Algarve. Deve-se a quê esta concentração de fogos?

Ouçamos os especialistas: tal se deve ao maior reconhecimento do potencial económico pelas populações que dependem da floresta.Paulo Fernandes,investigador do departamento de Ciências Florestais e Arquitectura Paisagista da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, descarta que o Pinhal Interior esteja a ser beneficiado por uma meteorologia mais clemente. O Pinhal Interior teve muito menos ignições do que no Noroeste.Castelo Branco e Santarém tiveram duas ignições enquanto Aveiro teve dezasseis.O Porto registou dezanove ignições. Este estudo foi feito a partir de Julho por cada dez Kms quadrados.

Helena Freitas, directora do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, tambem lembrou que em 2003 e 2006, último período chocante e desastroso para a região Centro."Ao contrário do que acontece no Noroeste, o Pinhal Interior tem hoje uma percepção do valor económico da floresta que os levou à criação de mecanismos de prevenção".A Região Centro tornou-se mais apetecível para a biomassa, ao passo que no Norte o estado de abandono é gravíssimo. Por exemplo a Lousã e Oliveira do Hospital têm uma zona de intervenção florestal "bem instalada e activa".

A população do interior olha para a floresta como origem de provimentos para a sua vida, vivem da floresta e isso muda tudo. Para Joaquim Sande da Silva, investigador em fogos florestais, a diferença está no trabalho de prevenção e "não que já tudo tenha ardido e daí não arder mais" e," a vegetação recupera depressa, de tal forma que o que ardeu em 2003 já hoje está pronto para arder".

Não há dúvida que só uma fileira económica da floresta, interessando proprietários, indústria, autarquias e estado poderá contribuir decisivamente para acabar com os fogos!

3 comentários:

  1. E o fogo na Serra da Estrela, Luís? No Alentejo e no Algarve parece que também não há muitos incêndios.

    ResponderEliminar
  2. Talvez sejam conclusões apressadas, a vaga deste ano nada tem a ver com os 16 dias seguidos de 2003. O pinhal e eucaliptal quando bem manobrados como fazem as indústrias de celulose só arde com fogo de copa, precisa de condições meteriológicas especificas e é devastador e de difícil controle; quando isso suceder precisam de ter espaço e acessos entre os milhares de hecteres plantados, coisa que não existe em muitas zonas de pinhal. Mas a razão fundamental para o sucesso da prevenção é o envolvimento das populações, faz toda a diferença, isso existe pelos vistos no Pinhal enquanto nos Parques Naturais as pessoas e os seus animais estão a ser escorraçados. Escrevi sobre isso ontem para outro destino, cedo os "direitos de publicação" no fim-de-semana.

    ResponderEliminar
  3. António Gomes Marques18 de agosto de 2010 às 22:45

    Eu e as minhas irmãs somos proprietários de duas pequeníssimas áreas no Pinhal Interior, Concelho de Góis, Freguesia de Alvares. Em 2000 o fogo quase fez desaparecer todo o pinhal e eucaliptal existente na Freguesia, chegando mesmo a queimar uma casa na minha aldeia, Chã de Alvares, tendo-me obrigado, dado ter coincidido com a minha estada ali, a levar a família para Pedrógão Grande e Pedrógão Pequeno por só ali ter conseguido alojamento para alguns dos membros da família, ficando os restantes a dormir no carro.
    A Câmara Municipal de Góis, sobretudo a partir desta data, tem tido um comportamento exemplar na prevenção, nem sempre compreendida pela população quando lhes cortam uns ramos de alguma árvore. A Associação Florestal de Góis também tem tido um excelente comportamento nessa prevenção. Neste momento, com o acompanhamento destas entidades, estamos a tentar formar uma ZIF na freguesia de Alvares de modo a podermos contribuir, em conjunto, para a limpeza do pinhal e eucaliptal, aproveitando o produto desta limpeza para a biomassa de que o Luís Moreira fala. Esta ZIF é fundamental, embora ñem todos os proprietários estejam a compreender a sua necessidade, parecendo-nos ser este o caminho a seguir em todo o país.

    ResponderEliminar