Pedro Godinho
(comboio nocturno expresso Madrid – Paris, 1995)- Bonjour… – cumprimentaram da porta as três raparigas e ficaram à espera que o homem que lhes bloqueava a entrada acabasse de arrumar as malas.
Ofereceu-se para lhes arrumar as mochilas. Acomodadas as bagagens elas entraram e instalaram-se. Os seis lugares do compartimento ficaram ocupados.
- São franceses? - perguntou a mais nova das raparigas, no momento em que o comboio Madrid-Paris abandonava a gare.
- Português.
- Europeu - respondeu o homem que lhes arrumara as mochilas, enquanto a mulher sorria aprovadora.
- Europeu? Mas é francês? - perguntou uma das raparigas, acrescentando que elas eram mexicanas.
- Sim, sou francês, mas agora digo sempre que sou europeu. - retorquiu o homem, iniciando uma profissão de fé na Comunidade Europeia e discorrendo sobre as vantagens do acordo de Schengen, mesmo para os não europeus. - Graças a Schengen viaja-se sem formalidades fronteiriças ou controlos de identidade - concluiu.
As mexicanas confirmaram que de facto apenas lhes tinham controlado os passaportes à chegada de avião, provenientes do México, mas não na viagem de comboio de ida Paris - Madrid.
- Bonjour... - a conversa foi interrompida pela chegada do revisor francês pedindo os bilhetes e os passaportes.
- Passaportes? mas Schengen... - começou o homem francês.
- E não me peçam explicações… Enquanto não vier a circular com novas directivas as ordens são para fazer como sempre. - disse o revisor - , enquanto guardava bilhetes e passaportes, depois de controlados, num envelope com o número do compartimento-cama. Recebemo-los de volta na manhã seguinte, uma hora antes de chegar a Paris.
sábado, 11 de setembro de 2010
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eheheh, isto sem papéis e sem burocratas em bruxelas não funciona...
ResponderEliminarContinua Pedro. Fazem cá falta as histórias da vida real.
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