Luis Moreira
Bem sei que somos um povo de emigrantes, estamos repartidos pelo mundo todo, cinco milhões de compatriotas andam la por fora, são trabalhadores, bem aceites, e este argumento é muito poderoso quando se fala na imigração de pessoas de outros países.
Entre os que pura e simplesmente tomam a posição xenófoba de verem em cada imigrante um parasita e um competidor, até aos que acham que abrir as portas de par em par é uma solução, sem cuidarem de ver se há ou não trabalho, encontramos de tudo. Eu daqui da minha janela, ví um dia de manhã dois jovens bem lavados e bem tratados,altos e loiros - falei depois com eles e eram Ucranianos- caírem, dia a dia, inexoravelmente, na bebida, depois já não havia dia nem noite, os dias eram passados a dormir bêbados, já não tomavam banho( há aqui perto um centro de ajuda, onde podem dormir e comer.)
Ver dois seres humanos caírem na miséria e na humilhação, na flor da vida, não é coisa que se deseje a ninguem, a verdade é que caíram no desemprego e todas as portas se lhes fecharam, nem sequer têm dinheiro para voltar para a terra natal.
O voluntarismo e as posições ideológicas muitas vezes são alçapões onde caem os menos avisados, porque não vale a pena abrir as portas às pessoas quando se verifica depois que o país não tem condições de lhes assegurar uma vida digna.
A mobilidade dos funcionários públicos
Eu às vezes acho que o país se aproxima, alegremente, em se transformar num hospício ao ar livre, quando se ouve o pessoal que persiste em manter-se em lugares de destaque e que perderam completamente o norte. Se se ouvissem e tivessem algum sentido de humor, não se levavam a sério e iam para casa tratar dos netos.
A mobilidade parece ser uma boa medida para melhorar a produtividade, acertar necessidades, levar pessoas a encontrar trabalho que melhor se encaixa na sua formação, enfim uma boa medida. Mas não funciona?
Não, porque a pessoa que muda de serviço tem que se sujeitar ao processo concursal para uma categoria que já é dela, pode vir a receber menos do que recebia no seu lugar de origem, e pode ficar sem o lugar se aparecer alguem com mais anos de trabalho. Numa palavra ,oferecem ao funcionário que além de deixar o seu ambiente, que deixe tambem as garantias que obteve no seu lugar de origem. Resultado? Ninguem muda para lado nenhum, como é evidente.
Avaliação dos professores
As metas e os objectivos estão a ser negociados e há razões para crer que a maioria das escolas o está a fazer com boa fé e que tudo vai correr bem. A avaliação é um processo contínuo que vai melhorando ao longo dos anos, afinal ninguem conhece melhor os professores que os seus colegas com quem trabalham todos os dias, sabem bem quem é assíduo, quem cumpre, quem obtem resultados. A máquina vai olear com o decorrer do tempo.
Há sempre quem esteja contra, são os que sabem que vão deixar de serem considerados iguais aos outros, que vão passar a ser preteridos nas promoções, que vão ver os seus colegas com mérito serem reconhecidos. O que não se espera é que o Presidente do Sindicato, não veja neste processo uma ferramenta essencial ao prestígio da escola e dos professores seus associados, e que tente por todas as formas aligeirar o interesse da avaliação, que ironize sobre as faltas do Estado (mais promoções,mais dinheiro, mais formação, o costume) e que não dê a cara, assumindo que uma das suas bandeiras ( a não avaliação dos professores) está aí no terreno.
domingo, 26 de setembro de 2010
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