sábado, 18 de setembro de 2010

Cinema Galego?

António Sales

Ao percorrer antigas publicações que guardo aqui pela casa vou encontrar uma edição dos cadernos de cinema “Sinopse” (nº 9), datada de Maio de 1977 e de que era director o meu amigo Canais Rocha, de Torres Novas, um curioso texto dedicado ao cinema galego e que passo a transcrever:

V jornadas do cinema ourense (espanha)

«O cinema galego é já hoje uma realidade e uma força de comunicação junto dos trabalhadores. Disso nos dá conta uma excelente publicação que acabamos de receber, integrada nas V Jornadas. Lois Alvarez Pousa escreve a nota de abertura e depois de falar sobre a importância das Jornadas, homenageia Carlos Velo, galego de nascimento e de vocação, longe da sua terra, mas que continua no pensamento do seu povo. Ele disse um dia:»

«O cinema, hoje na Galiza, quanto mais político e quanto mais mensagem e quanto mais ideológico for, melhor.»

«A viabilidade dum cinema galego é extraordinária… o dia que eu veja uma película galega, com subtítulos em castelhano, será o dia mais bonito da minha vida.»

«As Jornadas apresentam alguns filmes de Carlos Velo, como homenagem; outros filmes galegos foram apresentados como “O pai de Miguelino”, de Miguel Bastelo; “A ponte da Verea Vella”, da equipa Imaxe; outros filmes de vários países estiveram presentes, como foi o caso de Portugal, com “Deus, Pátria, Autoridade”; cinema de intervenção latino-americano, com “A Batalha do Chile”, em duas partes; de Cuba, com “Memórias del subdesarrollo, de Tomas Gutiérrez; do México, com “Cano, de Felipe Cazals; da Argentina, com “La Hera de los Hornos”, de Solana.

O texto encerra com uma saudação aos amigos galegos “pela sua luta em desenvolver um cinema de características nacionais”.

Embora a linguagem esteja datada de uma época de euforia nacional (1977) o facto é que por cá nunca mais se ouviu falar de um cinema galego. Como colaboram neste blogue muitos amigos galegos e profundamente ligados aos problemas da Galiza, seria deveras interessante saber se ainda existem idealistas galegos a fazer cinema, exactamente porque a cultura de um povo não é apenas literatura.

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