António Sales
Ao percorrer antigas publicações que guardo aqui pela casa vou encontrar uma edição dos cadernos de cinema “Sinopse” (nº 9), datada de Maio de 1977 e de que era director o meu amigo Canais Rocha, de Torres Novas, um curioso texto dedicado ao cinema galego e que passo a transcrever:
V jornadas do cinema ourense (espanha)
«O cinema galego é já hoje uma realidade e uma força de comunicação junto dos trabalhadores. Disso nos dá conta uma excelente publicação que acabamos de receber, integrada nas V Jornadas. Lois Alvarez Pousa escreve a nota de abertura e depois de falar sobre a importância das Jornadas, homenageia Carlos Velo, galego de nascimento e de vocação, longe da sua terra, mas que continua no pensamento do seu povo. Ele disse um dia:»
«O cinema, hoje na Galiza, quanto mais político e quanto mais mensagem e quanto mais ideológico for, melhor.»
«A viabilidade dum cinema galego é extraordinária… o dia que eu veja uma película galega, com subtítulos em castelhano, será o dia mais bonito da minha vida.»
«As Jornadas apresentam alguns filmes de Carlos Velo, como homenagem; outros filmes galegos foram apresentados como “O pai de Miguelino”, de Miguel Bastelo; “A ponte da Verea Vella”, da equipa Imaxe; outros filmes de vários países estiveram presentes, como foi o caso de Portugal, com “Deus, Pátria, Autoridade”; cinema de intervenção latino-americano, com “A Batalha do Chile”, em duas partes; de Cuba, com “Memórias del subdesarrollo, de Tomas Gutiérrez; do México, com “Cano, de Felipe Cazals; da Argentina, com “La Hera de los Hornos”, de Solana.
O texto encerra com uma saudação aos amigos galegos “pela sua luta em desenvolver um cinema de características nacionais”.
Embora a linguagem esteja datada de uma época de euforia nacional (1977) o facto é que por cá nunca mais se ouviu falar de um cinema galego. Como colaboram neste blogue muitos amigos galegos e profundamente ligados aos problemas da Galiza, seria deveras interessante saber se ainda existem idealistas galegos a fazer cinema, exactamente porque a cultura de um povo não é apenas literatura.
sábado, 18 de setembro de 2010
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