segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Fados em Olivença

Carlos Luna

FADOS EM OLIVENÇA (22 de JULHO DE 2010)

Noite de fados em Olivença/
na velha Rua dos Saboeiros;/
novos tempos têm nascença/
e surgem de entre nevoeiros//

É Portugal que marca presença!/
São os gritos dos marinheiros/
que, numa lusa Renascença/
se ouvem entre seus herdeiros!//

É o apelo de navegantes,/
oliventinos de nascimento,/
de todo o mundo viajantes...//

Soaram guitarras, com talento,/
que recordaram, por instantes,/
essa herança, sem constrangimento...///

 (em homenagem à notícia da recuperação dos velhos nomes portugueses das ruas de Olivença)


(POESIA EM DÉCIMA. Para quem não sabe: estilo de poesia alentejana em que há um mote, e um desenvolvimento em estâncias de dez versos em que o último vai reproduzindo cada um dos versos do mote, pela sua ordem) EM OLIVENÇA HOUVE FADOS DÉCIMAS

Mote

Em Olivença houve fados/
na Rua dos Saboeiros;/
sentimos-nos recompensados/
entre tantos companheiros//

1
Dia vinte e dois de Julho/
do ano de dois mil e dez,/
entre cervejas e cafés/
lá findou todo o barulho./
E foi então, com orgulho/
que se escutaram os brados/
de músicas e dedilhados,/
porque nessa noite notável/
naquela artéria venerável/
EM OLIVENÇA HOUVE FADOS!//

2
Foram logo quatro fadistas/
que, com todos os seus dotes,/
desenvolveram os seus motes/
mostrando ser bons artistas./
Com expressões intimistas/
lá cantaram, altaneiros,/
de rostos sempre faceiros/
para quem os estava ouvindo/
em momentoas de gozo infindo/
NA RUA DOS SABOEIROS.//

3
Muito brilhou o Jorge Goes/
e também o João Ficalho;/
a Marlene foi o borralho/
com o calor dos seus bemóis/
que soaram como crisóis./
A Soraia fez agrados/
com seus belos trinados./
Depois de a todos ouvir/
com os corações a sorrir/
SENTIMOS-NOS RECOMPENSADOS.//

4
O Fado em casa se ouvia/
naquela noite tão morna;/
e da Pecorinha (*) à Corna (*)/
muita gente compreendia/
que uma nova era se abria./
Amanhãs mais verdadeiros,/
de mais indivíduos inteiros,/
no seu futuro mais crentes,/
oliventinos contentes/
ENTRE TANTOS COMPANHEIROS!

(*) Bairro de Olivença


DUAS "DÉCIMAS":

1-A CIDADE DA BELEZA

MOTE

Olivença é uma cidade
Onde abunda a beleza
Com política de verdade
Deveria ser Portuguesa I

Ao longo da sua História
Do Alentejo foi parte.
Isso vê-se na sua Arte
Onde se guarda a memória.
Em cada canto é notória
A sua Portugalidade.
E não é por vaidade,
A todos dá uma lição;
Que não haja confusão:

OLIVENÇA É UMA CIDADE.
II
Em cada rua escondida,
Na velha malha urbana
Parede ou nicho se ufana
De lusa ser nascida.
Mesmo que perseguida
A sua original pureza,
Uma coisa é uma certeza
E há que ter em atenção:
Olivença é povoação

ONDE ABUNDA A BELEZA!
III
Muitos vão ao engano
E não vêem claramente
Que está sempre presente
O seu estilo alentejano
Em todo o casario raiano.
Não é apenas saudade!
É não ver a realidade,
E há que vê-la de frente.
Tudo seria diferente

COM POLÍTICA DE VERDADE!
IV
Esconde-se na mentira
O que se deveria saber:
Há quem queira esconder
(do Minho até Tavira)
E perdoar a quem tira.
Espanha, não é Nobreza
Mas um sinal de Avareza
Manter assim a ofensa:
Esta terra de Olivença

DEVERIA SER PORTUGUESA

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