sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Governo de Salvação Nacional

Luis Moreira


Nenhum governo assente num partido ou mesmo em vários partidos estará disposto a fazer o que o interesse nacional exige. Tomar as duríssimas medidas de contenção da despesa sem as quais não vai ser possível equilibrar as contas, como todos já percebemos, pois marcará o partido para muitos anos, e nenhum quer passar por essa prova.

O PS governou em maioria absoluta e fez gala disso, não partilhou a governação, foi o quero,posso e mando, e agora tenta a todo o transe puxar para a área da tomada de decisão, o PSD, querendo partilhar os escombros. Há três meses atrás, o PSD, foi chamado a colaborar para que o PEC fosse aprovado em Bruxelas. Como já hoje é evidente, apesar de um aumento da receita por via do aumento brutal dos impostos, o déficit cresceu em vez de diminuir, ao invés do que está a acontecer em Espanha e Grécia. E a razão é só uma, o PS não consegue nem quer fazer os cortes na despesa primária que a situação exige. Quem tem dúvidas olhe para os avanços e recuos nos grandes investimentos que não têm impacto, a curto prazo, no bolso dos contribuintes e que só não vão em frente porque a realidade (leia-se a falta de quem nos empreste dinheiro em condições aceitáveis) se impôs. A não ser assim a vocação socialista de despesismo do PS cavalgaria esses investimentos, não prioritários, alegremente.

Há, pois, que avançar para um governo de salvação nacional, capaz de olhar para o interesse nacional e não para os votos. O tempo urge, a credibilidade do governo cá dentro e lá fora não é nenhuma, o FMI ronda e a taxa de juro atinge máximos insuportáveis. Este teatro entre PS e PSD quer dizer que chegou o momento de a realidade vir à luz do dia, já se fala no corte do 13º mês e no aumento de impostos.

A bem da Nação, o PSD não deve embarcar no canto da sereia, não há crise nenhuma se o governo de Sócrates cair, a democracia tem soluções. Desde logo pode governar em 2011 com o orçamento de 2010 o que traz várias vantagens, tem os limites da despesa e da receita do ano anterior, o que só por si é uma contenção de gastos. O grande problema, como todos andam a dizer há pelo menos dois anos, é que a economia desfalece sem o dinheiro que foi retirado às empresas e às famílias, ou se reduz a despesa ou é necessário aumentar o PIB em 15 000 milhões/ano o que é impossível sem investimento e com uma procura débil, por isso, todos os anos a nossa dívida aumenta naquele número.

Ao fim de sete anos de governação de José Sócrates estamos num beco sem saída, temos pela frente o empobrecimento do país e das pessoas, continuaremos a divergir dos outros países da UE, já somos os últimos e vamos continuar a ser os últimos.

Este governo está esgotado não tem soluções, anda à deriva ( 2 semanas depois de anular os concursos do TGV. TTT, aeroporto, já começou a dizer que os vai reabrir dentro de 6 meses), nem as milionárias indemnizações às empresas concorrentes o protegem do desvario de que está possuído.

3 comentários:

  1. O governo está esgotado e não tem soluções, é verdade. Mas o facto é que nunca as teve. Cortar na despesa, mas em qual despesa? Isso é que é preciso dizer. Ordenados dos funcionários públicos? Benefícios sociais? Sempre os mesmos cortes? Os funcionários públicos é que têm de pagar? Há outras despesas. Por exemplo o que se paga em pareceres a gabinetes, outsourcings, etc. E é tabu aumentar a receita? O défice tem-se agravado também pelas diminuições na receita. Os bancos deviam estar a pagar impostos ao mesmo nível que as empresas (pequenas e médias). E tem de se combater a fuga aos impostos.

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  2. João, é por isso que tu dizes que é preciso alguem que não tenha medo de quem verdadeiramente manda (os bancos) e de quem vota.

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  3. É verdade, Luís. Nem dos bancos, nem dos grupos económicos, nem de interesses instalados. Precisamos de um governo justo (finalmente! Para quando?)e que vá direito aos assuntos. E que não tema boicotes. Um condição indispensável para que um governo assim possa alguma vez ter sucesso é o acesso dos cidadãos à informação. Os cidadãos têm de acompanhar estes assuntos de perto, e formar uma opinião.

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