Clara Castilho
Rodeada pela exposição “O Jardim das Maravilhas” de Joan Miró, no Centro Cultural Palácio do Egipto, em Oeiras, ouvi um concerto de Mário Laginha, onde ele tocou esta música.
É um pianista e compositor de grande talento que, certamente, ficará na nossa memória. Homem humilde e engraçado, entremeia as músicas com explicações sobre os momentos da sua criação, sobre as dúvidas que teve e a sua satisfação em as ter ultrapassado. Colocou, por exemplo um problema que sentiu: o artista, quando uma obra é encomendada, fica aperreado, limitado, por ter um objectivo concreto, por ter um tema a seguir? Partilhou connosco ter acabado por considerar que não e, que pelo contrário, isso constitui uma porta que se abre e que, a não ter acontecido, não se teria aberto.
Ouvindo a música e olhando em redor os quadros de Miró, os seus traços, símbolos, tensão… a sensação era a de uma certa harmonia entre os dois artistas, com linguagens diferentes mas com pontos de encontro. Mário corria as mãos sobre o teclado, Miró aprendeu a desenhar objectos que conheceu só pelo tacto… O improviso final, em que Mário Laginha tocou a partir das cordas do piano de cauda – e não das teclas – encaixou na perfeição nos tons vermelho, preto e amarelo dos quadros, nas suas formas redondas e sinuosas, na sua liberdade de representação.
Um recuperar de energias, pela beleza do que recebemos.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
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Que pena tenho de não ter estado lá, Clara.Gosto muito do Laginha e do Miró, então, que sempre parece um menino a pintar. Se souberes até quando é a exposição, diz-me, por favor.
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