domingo, 19 de setembro de 2010

Mulheres que fizeram a diferença - (Centenário da República)

Clara Castilho


II - Ana de Castro Osório – lei do divórcio e literatura infantil

Ana de Castro Osório (1872 —1935) foi pioneira em Portugal na luta pela igualdade de direitos entre homem e mulher.

Escreveu, em 1905, Mulheres Portuguesas, o primeiro manifesto feminista português. Foi uma das fundadoras do Grupo Português de Estudos Feministas, em 1907, da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, em 1909, da Associação de Propaganda Feminista, em 1912, da Comissão Feminina ‘Pela Pátria’, em 1916, a partir da qual se formou, no mesmo ano, a Cruzada das Mulheres Portuguesas.

As ideias republicadas chegaram-lhe através do casamento, com Paulino de Oliveira, membro do Partido Republicano. Com a instauração da República, colaborou com o ministro da Justiça, Afonso Costa, na elaboração da Lei do Divórcio.

Com a série de contos infantis Para as crianças que publicou, entre 1897 e 1935, em Setúbal, em fascículos, ficou considerada a criadora da literatura infantil em Portugal. Defendeu a inclusão nos livros escolares de rimas e contos, para as crianças se sentirem alegres e criarem um mundo imaginário. Traduziu vários contos de autores estrangeiros de entre eles, Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen.

Seus pais apoiaram as actividades politicas e sociais da filha, tendo a sua mãe ajudado na publicação de revistas e nas associações feministas. As suas obras foram traduzidas para espanhol, francês e inglês.

Foi membro da obediência maçónica Grande Oriente Lusitano e da Ordem Maçónica Mista Internacional "Le Droit Humain" - O Direito Humano.

Ana de Castro Osório ocupou de lugar de subinspectora do Trabalho Feminino. Publicou os folhetos "A Bem da Pátria", "Festas infantis", "Crianças e Mulheres", e, como feminista publicou "A Mulheres Portuguesas", revista mensal educativa que foi considerado o verdadeiro Manifesto Feminista.

Promoveu o associativismo feminista com o "Grupo Português de Estudos Feministas” em 1907, a "Liga Republicana das Mulheres Portuguesas" em 1908, sendo esta última a primeira verdadeira associação feminista em 1909.



Juntamente com Afonso Costa elaborou a lei do divórcio, dedicando a esta causa o livro "A mulher no Casamento e no divórcio".

Acompanhou seu marido a São Paulo ( 1911-1914), onde exerceu a função de cônsul de Portugal e onde ficou até enviuvar em 1914. Aí Ana de castro Osório foi professora, sendo alguns dos seus livros adoptados nas escolas brasileiras.

Em 1915 o Congresso Municipalista de Évora integrou-a como única mulher e delegada da Câmara Municipal de Cuba. Neste congresso falou de "A Mulher na Agricultura, nas Industrias Regionais e na Administração Municipal" .

Deixou centenas de artigos em jornais e colaborou com muitos periódicos. A sua colecção de cartas, folhetos ou livros fazem parte do Arquivo de Cultura Contemporânea da Biblioteca Nacional: http://acpc.bn.pt/colecoes_autores/n12_osorio_castro_familia.html.

Atribuíram-lhe condecorações da Ordem de Santiago e da ordem de Mérito Agrícola e Industrial, mas não aceitou ser condecorada com a Ordem de Santiago. Após falecer, em 1935 foi publicado o seu último trabalho "Contos, Fábulas e Exemplos da Tradição Popular Portuguesa".

2 comentários:

  1. Era muito mais dificil ser uma mulher com este temperamento do que aos homens.Ser pioneira é sempre um trabalho de grande coragem.

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  2. Para que o mundo não as esqueça, Clara. Continua a trazê-las até nós.

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