Carlos Mesquita
Como n´A Felicidade" de Vinícius de Moraes, tristeza não tem fim, felicidade sim. A sorte do parlamento português acaba antes do fim, no Ecofin, uma versão de ditadura ecológica para tratar o mau ambiente que a autonomia dos parlamentos nacionais provocam. A comissão de Economia e Finanças da União Europeia vai validar ou vetar os orçamentos dos Estados antes de eles chegarem aos parlamentos de cada país membro. Por cá as reacções são óbvias, aqueles que querem alterar as políticas orçamentais na Assembleia da República falam em alienação da soberania, enquanto a direita apoia, seja governo ou não, pois é uma janela de oportunidades. Ao PS minoritário dá jeito, pois as medidas impopulares que não tem coragem de apresentar passam a parecer impostas pela União Europeia, dirão que é contra vontade mas tem de ser; enquanto PSD e CDS querem ver este governo implementar as políticas restritivas, poupando-se eles de o fazer num futuro e hipotético governo. Trata-se duma aliança de circunstância contra a movimentação política da esquerda parlamentar e a agitação social. O Ecofin substitui-se ao papel histórico do FMI, que é o da autoridade supra nacional que indo em socorro dos governos, lhes permite com custos políticos reduzidos, fazer o que os povos não aceitariam daqueles que elegem.
Discussões como as que houve acerca do PEC deixarão de fazer sentido, a ultimatos como aquele que Passos Coelho fez para conhecer o Orçamento até 9 de Setembro (ontem) ninguém dará importância (aliás neste caso também ninguém ligou ao líder do PSD) e vamos ter de ponderar para que serve o Parlamento português.
A incapacidade dos países do sul de resolverem por si os problemas dos deficits e do crescimento económico, é o catalisador para a intromissão da União Europeia nas decisões internas desses países, que ficam assim com menos autonomia que os estados federados dos EUA.
Será alienando soberania e importando governação que solucionamos os problemas da balança externa? Quem vai escrutinar as decisões de Bruxelas? O que delibera a Assembleia da República? Poderemos impedir a perda de soberania? Este país precisa de treinadores estrangeiros na economia e nas finanças? De tanto dizermos mal de nós, já os outros acreditam que valemos pouco.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
É bem verdade, os nacionalismos resurgem, a continuar assim a UE está a prazo.
ResponderEliminarUnião Europeia a prazo? Quem quer sair da UE? Depois donde vem o dinheirinho que precisamos diáriamente? Quem avaliza os empréstimos? Nacionalismos da treta, não há soberania quando se é completamente dependente de terceiros; todos os nossos partidos tiveram os votos dos portugueses porque lhes dizem ser possível, com leis aprovadas no nosso parlamento, viver bem e eternamente de dinheiro emprestado. Até aqui no blogue há preocupação com os espanhóis, quando o Cavalo de Tróia vem de muito para lá dos Pirenéus, e também larga tropas no Estado Espanhol.
ResponderEliminarAnda tudo alienado por todo o lado, senão já tinham dado por isso. Mamar é um prazer, por isso mama-se de olhos fechados, só quando a teta secar é que vão abrir os olhos.
Gostei muito da tua análise, Carlos Mesquita. Alguém que nos faça por aqui a papa da economia bem feita porque, aos economistas de serviço nas televisões, já não os posso ouvir.
ResponderEliminarSair ninguem quer sair mas tambem ninguem faz nada para fortalecer a UE. E o futuro vai-se travar entre continentes, não entre países, Com os 200 M de consumidores dos US, os 400M da UE, e os absurdos 1000M da China e da India.O Merconsul tambem vem a caminho. Mas esta crise mostrou que a UE tem que aprofundar as suas estruturas democráticas, ter uma fiscalidade comum ou muito próximo disso e defender o Euro...
ResponderEliminarÓptimo,vão discutindo os dois para a gente ouvir.
ResponderEliminarLuís, o Euro não se defende com uns a fazê-los, e outros a gastá-los de papo para o ar.
ResponderEliminarHá sinais evidentes de que quem cria riqueza na União, está farto do pagode.
Vou continuar com o tema duma forma barata, umas notas de cêntimo.
Os países do Sul ( os PIGS) têm que ser colocados na ordem, na disciplina orçamental. A Alemanha e a França têm como idade de reforma os 67 anos (a França está a fazer por isso ) enquanto cá estamos nos 65 anos e é há um ano. Há corporações que ganham mais em média, cá no burgo, penduradas no Estado, que os colegas daqueles países que mandam para cá a massa.Ninguem está disposto a alimentar "burros a pão de ló".Mas quem produz tambem precisa de um mercado próximo e pouco exigente e fiel.(salvo o Portas que comprou os aviões encaixotados aos US...)
ResponderEliminarLuís,
ResponderEliminarAguenta aí os cavalos.
Reforma aos 67 anos em França? Que França é essa e desde quando?
O Sul tem de ser colocado na ordem?
Pelo eixo continental franco-germano?
Os mesmos que impõem a compra dos seus submarinos e equipamento militar (para não falar doutras máquinas, carne, leite e cereais) aos tais PIGS deficitários?
Como cantava o SG:
Que força é essa, que força é essa, amigo
que te põe de bem com os outros e de mal contigo
A França está em polvorosa por causa da reforma passar para os 67 anos e a Alemanha já a tem. Claro que ninguem dá nada a ninguem e os submarinos são prova disso, mas o sul tem que ser mais disciplinado e rigoroso, não se pode gastar mais do que o que se tem.É o que andamos a fazer há muito.E pior, e que quando falamos em equilibrar as contas estamos só a falar do equilibrio entre as despesas e as receitas, esquecemo-nos que a dívida tambem tem que ser paga.Estão lá os juros mas não estão as amortizações da dívida. Isto está preto, Pedro.
ResponderEliminar