segunda-feira, 20 de setembro de 2010

República nos livros de ontem nos livros de hoje - 171 e 172 (José Brandão)

A Revolução Portuguesa

O 5 de Outubro

Jorge D’Abreu

Lisboa, 1912

De todos os relatos que vieram à tona da imprensa portuguesa sobre episódios do movimento que implantou a República no nosso país, conclui-se nitidamente esta coisa curiosa: raros foram o pontos do programa revolucionário que se cumpriram à risca. No entanto, o movimento triunfou. As longas horas de expectativa dolorosa, que uns passaram a desafiar a morte e outros a contas com a torturante ignorância da verdade, desfecharam na manhã de 5 de Outubro em delirante estralejar da vitória alcançada simultaneamente pelo esforço heróico de meia dúzia de patriotas e a inacção de centenares de descrentes. O movimento triunfou apesar de tudo: da ausência, no momento supremo, de elementos de coordenação revolucionara, do desânimo que bem cedo invadiu quase a totalidade dos dirigentes da campanha, da falta sensível de armamento destinado aos carbonários e outros civis.

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Saibam Quantos…

Fialho de Almeida

Clássica Editora, 1969

Lisboa, 1 de Novembro de 1910

Um mês depois de proclamada a República, a situação política não parece tão assegurada, nem tão certa a liberdade moral dos cidadãos, como a princípio prometiam os discursos dos ministros e o porta-voz optimista das suas gazetas.

Alguma coisa desandou na alma altruísta dos salvadores da pátria (chamemos-lhe assim, por enquanto), uma vez adquirida a certeza de que, pela liquidação infame dos partidos monárquicos, não mais será possível a volta da Monarquia; e esse alguma coisa teria apeado o Conselho dos seus primeiros propósitos de concórdia, e ter-lhe-ia acerbado na consciência, agora um, ao depois outro, certos sinistros propósitos de vingança.

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