quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Salvé, Serviço Nacional de Saúde!

Luis Moreira

O maior e melhor serviço prestado ao povo português é o SNS! Faz hoje 31 anos!

Num país tão injusto, tão desigual, o SNS é um factor poderoso de nivelação, por cima, presta um serviço eficiente a toda a gente, rico ou pobre. Não tenho disso a mais pequena dúvida. Isso não quer dizer, no entanto, que não mereça melhorias a todos os níveis. Ao nível de gestão, de Recursos Humanos, de edificios e equipamentos e, muito principalmente, ao nível político.

Duas realidades como exemplo: O SMAS e o SMAS - quadros. O SMAS tem um hospital muito bom, dois centros de saúde, médicos, pessoal muito capaz, e equipamento. Eu sou um zeloso e habitual cliente, tenho um grande respeito pelo nível de cuidados a que sou sujeito. Sabemos, no entanto, que já houve uma Assembleia Geral para se tomar a decisão quanto a uma parceria com a HPP da CGD. Porquê? Porque as quotas dos sócios são praticamente absorvidas pelos salários do pessoal administrativo. O SMAS, pese o pesar, não tem viabilidade. O SMAS - quadros, tem lá umas quantas administrativas, faz uns acordos com os grupos que operam na saúde, paga umas receitas às farmácias e umas facturas aos hospitais e segue de vento em popa!

Isto quer dizer, que para um hospital se manter ao nível exigido, face à evolução da medicina, quanto a medicamentos, equipamentos e formação do pessoal, o investimento necessário é brutal! Ora o SNS é universal e gratuito, para lá correm todos os que padecem, mesmos os que gozam de apólices de seguros privados quando as coisas correm mal. O caminho só pode ser um se quisemos manter o lugar central e nuclear do SNS. Complementá-lo com os grupos privados. Ou então ter a exclusividade hospitalar, o que existe agora é que não é nada. Estão a prepara-nos para uma realidade que pode passar pelo desmontar do SNS!

Não tem nada de privatizar a saúde ou, muito menos, desmantelar o SNS, a razão é salvá-lo, por muito que custe a todos nós. Se não houver complementaridade, as actividades lucrativas vão ficar nos privados e as actividades com prejuízo vão sobrar para o SNS. Já aí temos as Parcerias Público/Privadas, são uma espécie de hospitais privados na rede de hospitais públicos,antes tivemos e temos a gestão privada de hospitais públicos, depois os hospitais EP, tudo mentiras que escondem uma decisão inevitável. O SNS deve reservar para si a parte central dos cuidados hospitalares e aceitar como parceiros de pleno direito os privados. Ou então o Estado reserve para si a actividade hospitalar, sem tibiezas e em exclusividade.

Atente-se nas doenças da velhice e oncológicas que exigem largas permanências nos hospitais; os casos em que o plafond do seguro terminou com a consequente passagem do doente para o hospital público; os problemas cada vez mais comuns resultantes de uma população cada vez mais envelhecida que recorre aos hospitais frequentemente, tudo isso é que irá destruir o SNS! E não percebo que a apólice de seguro seja accionada quando o titular entra num hospital privado e que o não seja num hospital publico.

Oxalá a ideologia não cegue quem está de boa fé!

Sem comentários:

Enviar um comentário