segunda-feira, 25 de outubro de 2010

AutoEuropa - mérito, responsabilidade, negociação.

Luis Moreira


Num país a desabar, com toda a genta a perder poder de compra, a AutoEuropa e os seus trabalhadores dão uma lição de bom senso. Mais uma!

Os salários vão ser aumentados em 3.9%, acordo para este ano e para o próximo, numa manifestação de grande mérito e responsabilidade. É a mesma empresa onde os trabalhadores aceitam trabalhar quando há trabalho, vão de férias quando não há encomendas, cumprem objectivos negociados com a Administração, ganham segundo o que produzem.

O contrário dos nossos fogosos trabalhadores de emprego certo, carreira assegurada e progressão automática. E que não podem nem querem ser avaliados!

Sem mérito e sem produtividade o país é pasto da confrontação de grupos organizados que assaltam o Orçamento, que exigem tudo e mais alguma coisa, nunca saciados, braços armados de ideologias que perdem nas urnas eleitorais o que querem ganhar na arruaça da rua e da comunicação social.

Tem sido possível à Comissão de trabalhadores da empresa manter-se à margem dos interesses partidários dos sindicatos e, com mérito e grande capacidade de negociação, obter índices de produtividade que rivalizam com as suas congéneres internacionais, motivo de orgulho, num povo que tem como suprema ambição encontrar um emprego certo e um sindicato que os defenda.

Nem se dão conta que vão para o empobrecimento como os outros, jovens e com a vida pela frente, vivem uma vida medíocre, sem ambição e sem alegria e orgulho na profissão que escolheram.

A AutoEuropa mostra que é possível, que os nossos trabalhadores são gente capaz e responsável como, aliás, mostram por esse mundo fora.É preciso acabar com este Estado abocanhado por interesses corporativos, pasto da mediocridade e da irresponsabilidade e apostar nas empresas produtoras de bens e serviços transaccionáveis.

Se o Estado não atrapalhar já é uma grande ajuda...

6 comentários:

  1. As Comissões de Trabalhadores são Sindicatos -
    Sindicatos de Empresa.

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  2. Sim, mas esta nunca se deixou contaminar politicamente, apesar das muitas tentativas e tentações.

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  3. Luís Moreira, esta empresa teve à frente dos trabalhadores um tipo inteligente, bom comunicador e bom negociador que não explorou
    as emoções radicais, antes pelo contrário. Também precisamos de dirigentes assim em todos os planos da nossa sociedade e não MP3 carregados a pilhas com discursos antigos.

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  4. Exactamente, nunca foram nas histórias das centrais politisadas onde quase sempre se joga o "quanto pior melhor". Até porque os alemães levantavam âncora e iam para outro porto.Mas a empresa é um "must" Conheço lá um jovem engº, o Nelson Pinheiro, enviaram-no para a Alemanha, está lá há anos a prepará-lo para grandes vôs. Ali é reconhecido o mérito e ganha-se segundo o mérito e a produtividade.E quem não está disposto a trabalhar são os colegas que o colocam nos eixos.A avaliação é compreendida e participada.

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  5. Quando o Luís diz que há colegas que põem outros nos eixos, é verdade.
    No meu tempo de industrial funcionávamos tão bem como a Auto Europa, há muitas empresas com os mesmos resultados. Nós, com dúzia e meia de trabalhadores não precisavamos de delegados, reunia tudo. Mudámos várias vezes de horário de trabalho adaptando a produção à necessidade dos clientes; era fácil com vencimentos acima dos Contratos Colectivos de Trabalho. Agora, com indústrias que não conseguem ou não querem pagar 500 euros de salário mínimo é outra conversa. Com a mentalidade da maioria dos agentes económicos, a chamada flexisegurança plasmada na lei, daria origem a grandes abusos. O caminho é sindicatos de empresa nas melhores, e a contratação colectiva para as restantes.

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  6. É verdade . Os trabalhadores sabem melhor que ninguem quem são os colegas que se dedicam. Na contratação colectiva não podem estar lá plasmadas regras que levam à progressão automática, seja qual for o mérito, ou o acesso automático ao cimo da pirâmide, isso leva ao igualitarismo, à falta de produtividade.

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