terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dicionário Bibliográfico das Origens do Pensamento Social em Portugal (11), por José Brandão

O Congresso Sindicalista de 1911



César Oliveira

Afrontamento, 1971

Quando se põe a hipótese de publicar documentos pertencente à história do movimento operário em Portugal, levantam-se, justamente, certos problemas. Grande parte desses problemas radicam no facto de ser desconhecida para as modernas gerações, a história do movimento operário, na sua trajectória dentro da evolução da sociedade portuguesa e no modo de produção dominante (situação objectiva, condições de vida, aspirações, formas organizativas e formas de luta, reivindicações, êxitos e fracassos) e, por outro lado, no que respeita à própria vida das organizações, às dificuldades e limitações quotidianas que integravam a luta dos trabalhadores portugueses.

Aquele desconhecimento só poderá ser anulado por intermédio de visões globais e exaustivas da história do movimento operário completadas com monografias e estudos parcelares que documentem aspectos e momentos da luta…
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Contos

Fialho de Almeida




Publicações Europa-América, s. d.

Carolina nasceu no dia da morte da mãe. Até ali, o coveiro vivera sem misérias, mas, morta a mulher, descobriu-se donde vinham as couves e ninguém mais lhas comprou. Não se sabe como a pequena se criara, mas aos doze anos era bonita, franzininha, o nariz arrebitado, descalça e cheia de remendos.

E sem consciência do que via, acompanhava o pai na sinistra ocupação de sepultar os mortos. Assim crescera. Naquela miseranda existência entrara a criar predilecções. Começou a amar principalmente os mortos que (…) iam habitar em sepulcros de mármore, com figuras sentimentais na fachada e pomposas inscrições nas lápides. Pode dizer-se que aprendeu a ler no cemitério, quando curiosa na sua pobreza esfrangalhada queria saber os nomes e posições ocupadas no mundo pelos que habitavam aquela branca cidade de mármores, de que se julgava rainha.

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Contos ao Luar

Júlio César Machado

Europress, 1991



Buscando os argumentos dos seus folhetins e contos na vida da Lisboa boémia oitocentista: nos teatros, na ópera, nos anais, nos salões de baile, nos botequins e, sobretudo, na rua, Júlio César Machado é um prolixo escritor que, ao seu tempo, teve a aura da glória e do reconhecimento público.

"Contos ao Luar" é uma colectânea onde a vida da Lisboa do século XIX perpassa colorida, em todos os tons, pelos imbróglios amorosos de um sentimentalismo tão ao gosto da época. Nesta reedição de "Contos ao Luar" cabe, ainda, uma referência especial ao prefácio da autoria de Vitor Wladimiro Ferreira, um especialista da literatura portuguesa oitocentista. Mais do que um prefácio, um notável ensaio sobre o autor e a sua época.


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