quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Dicionário Bibliográfico das Origens do Pensamento Social em Portugal (13), por José Brandão

Cultura Política Mentalidades

Vários

Coimbra, 1989


De resto, concentra-se em Cultura, Política, Mentalidades um conjunto plural de colaborações, cujo traço comum reside no facto de quase todos os autores integrarem o corpo redactorial desta revista, com excepção para os historiadores brasileiros Berenice Cavalcante e Leopoldo Jobim que, de diverso modo, mantêm relações científicas com membros do Instituto de História e Teoria das Ideias, e para um grupo de professores estagiários de História do ensino secundário que por esta forma, dão a conhecer o resultado de um trabalho colectivo desenvolvido num seminário científico.

Por fim, gostaríamos de assinalar que nesta vocação de modernidade que este título também acarreta, há zonas de claro-escuro, domínios ainda insuficientemente explorados e flutuantes até, como o estudo das Mentalidades...

Luís Reis Torgal

Ana Cristina Bartolomeu d’Araújo

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Da Casa Sindical ao Forte Sacavém


Frutuoso Firmino

Afrontamento, 1971

É este o tema destas escassas páginas de autoria do um operário gráfico que, exactamente por isso o por serem provenientes de uma experiência muito concreto de uma luta, adquirem um vigor e uma agressividade que só podem ser compreendidas à luz de um espírito de classe que obriga sempre a pôr os verdadeiros nomes às coisas e aos homens.

Depoimento vivido hora a hora, este relato dá sobre tudo a dimensão de uma luta «por dentro» ligada ao optimismo de quem, organizado, pensava conseguir em breve a emancipação libertadora. Certamente que perpassam através destas linhas breves, hesitações e algumas ambiguidades, por isso terá de se ler este livro com o cuidado de ter sempre presente que ele foi escrito em 1912, por um operário quase anónimo dentro da organização operária portuguesa e, que esta, apenas tinha começado a libertar-se dentro das condições da sua existência histórica…
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Democracias e Ditaduras

J. Carlos Rates

Guimarães Editores, s. d.

O restabelecimento da normalidade social não pode, porém, ser dado pelo regresso dos partidos ao exclusivismo do poder público. O regresso dos partidos a esse exclusivismo seria a ressurreição do monopólio da governação, conferido de novo ao partido que vive, não do favor da simpatia popular, mas da influência interesseira e perniciosa do cacique e da fraude eleitoral. E, por mais que se teime, a consciência sã do país não quer, não deve e não pode admitir semelhante situação. Está nas mãos do governo militar acabar com ela. Mais do que o direito, o exército tem o dever de libertar-nos duma vez, por todas, dessa tutela ultrajante, ignominiosa e opressiva

No dia em que ressurgir esse monopólio, ficará de novo aberto o ciclo das revoluções a prazo, todos nós, os que não temos alma de lacaios e que nos servimos da cabeça para alguma coisa mais do que para pôr o chapéu, todos nós, repito, entraremos em conspirações para o derrubar.

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Dicionário de Citações de Antero de Quental

Ana Maria Almeida Martins

Editorial Presença, 2003


Sendo Antero de Quental um dos nomes maiores da cultura portuguesa e a figura dominante de uma das nossas mais brilhantes gerações – a Geração de 70 – a verdade é que toda a sua obra em prosa, com excepção, talvez, de Causas da decadência dos povos peninsulares, continua sendo muito pouco conhecida do público leitor em geral.

Por isso, este conjunto de – chamemos-lhe citações – que fui recolhendo na leitura dos seus ensaios, artigos e, sobretudo, em cartas, tem como principal objectivo a divulgação dessa obra.

Trata-se de uma escolha pessoalíssima, com certeza diferente de outra qualquer, mas difícil, ainda assim, para quem tudo o que Antero de Quental escreveu merece ser lido e relido na totalidade, com toda a atenção, encantamento e proveito.

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