domingo, 31 de outubro de 2010

Dicionário Bibliográfico das Origens do Pensamento Social em Portugal (20), por José Brandão

Galeria de Figuras Portuguesas

Luís Augusto Palmeirim

Perspectivas & Realidades, 1989

O político é geralmente um homem enfastiado fastidioso, a quem correm mal os negócios públicos pior ainda os domésticos. O primo de outro primo que já foi pretendente e não obteve lugar que pretendia, é político: é político o mandrião que precisa de um arranjo para se casar; é finalmente político o empregado que duplicou os recibos dos seus vencimentos; o lojista em vésperas de falência; o artista sem fregueses, o operário que não chega nunca à hora de ponto.

A primeira cor da bandeira do político é liberdade. Outras, conforme os tempos, crismam-se de: – Progresso – melhoramentos materiais – economias e moralidade. Como o pedir custa pouco, o político pede tudo, até tributos bem pesados... que não pesem a ninguém.

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Os Gatos

Fialho de Almeida

Editora Ulisseia, 1986

Fialho de Almeida foi um esteta que esbanjou toda uma vida em busca de perfeição para as suas criações literárias e desperdiçou os últimos anos na amargura de não ter podido, ou sabido, dar corpo a uma obra-prima. Marcado pelo estigma da instabilidade, foi o eterno insatisfeito, consumido em inquietude e azedume, os quais desabafava em violentos sarcasmos. Mas esse «outro lado» de Fialho, revestido de bondade e delicadeza (em geral ignorado da maioria, que dele sempre retém apenas a imagem do revoltado), levaria Raul Brandão a afirmar: «se o virassem do avesso, escorria ternura».

Embora não partilhando com rigor absoluto do método de Sainte-Beuve (o critico literário do século XIX que sustentou ser impraticável dissociar a análise de toda e qualquer obra de feição literária, do indivíduo que a concebe, e dai o seu conceito taxativo «tal árvore, tal fruto»), tentaremos traçar o percurso biográfico do homem e do escritor.

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Guerristas e Antiguerristas

João Medina

Lisboa, 1986

Este ramalhete de estudos, todos eles à excepção de um só (o de Luís Alves de Fraga) – produtos do labor universitário na Faculdade de Letras de Lisboa, escritos por alunos do Mestrado em História Contemporânea da mesma casa, vem decerto acrescentar ao fenómeno da intervenção lusa na Grande Guerra conhecimentos, documentos e perspectivas de enorme interesse. Não receamos afirmar que, ao estrear-se com este punhado de artigos, a colecção dos cadernos CUO surge como passo feliz e fecundo, já que seria difícil reunir em volume estudos de tanta segurança, competência e acerto. Oxalá colecção agora encetada abra à historiografia portuguesa caminhos tão inovadores e criteriosos como os que neste volume se iniciaram.

Lisboa, Setembro de 1985

JOÃO MEDINA
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