quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A face secreta de Benito Mussolini


Há meses atrás, apareceu nas livrarias o trabalho do jornalista italano Mauro Suttora com o título «Mussolini segreto» - «Mussolini Secreto». Provocou reacções desfavoráveis nos círculos políticos de uma falange residual de apoiantes do criador do fascismo. Porquê?

Na realidade, apresenta uma nova imagem do ditador que, tem sido habitualmente descrito como um bonacheirão muito menos sanguinário do que o seu aliado Adolf Hitler. Uma imagem que se pretendia branquear, fazendo passar Benito como uma vítima da «sua circunstância».

Afinal, Benito Mussolini disputava a Hitler a qualidade de campeão do anti-semitismo, acusava Franco de ser um idiota e ameaçava o Vaticano com o corte de relações…
 principalmente  nos diários de Clara Petacci, amante do ditador. á no fim da guerra da Libertação, quando o casal Benito e Clara teve de fugir de Salò, onde se refugiara após a queda do governo de Mussolini, ainda mantendo a esperança de ressuscitar o fascismo, a amante do Duce entregou os seus diários a uma amiga de confiança, que os escondeu. Foram encontrados em 1950. Até agora tinham sido negligenciados.

«Estudei durante muitos meses mais de 2000 páginas escritas por Claretta, com uma caligrafia apertada e difícil», diz Suttora. Mauro Suttora (1959) é um escritor e jornalista milanês, colaborador do Corrieri della Sera, colunista do New York Observer, com reportagens sobre a guerra Irão-Iraque, o massacre de Tiananmen, a primeira guerra do Golfo, Gorbatchov, a guerra da Jugoslávia, a Segunda Intifada, etc. Entre os seus romances, destacam-se os best sellers «Panella & Bonino» (2001) «No sex in City», publicado em 2007.

Segundo o autor, o que se torna reveladoramente explosivo é o facto de as palavras de Clara Petacci, a linda actriz com os cabelos cor de azeviche, destruírem a len de um ditador que cometeu excessos, mas humano esimpático, um acólito moderado de Hitler, um homem que foi atrelado ao carro nazi contra sua vontade e que aprovou as leis ant-judaicas apenas para não contrariar o seu louco aliado. Um católico devoto e devotado. Essa imagem é  profundamente falsa.
Quanto às revelações íntimas, não causarão grande impacto numa Itália vacinada pelos desmandos de Berlusconi. Dou um exemplo:



«Sabes, meu amor? A noite passada, no teatro, despi-te mentalmente pelo menos três vezes. Olhava-te, tirava-te a roupa e desejava-te como um louco». Parece um fragmento de uma escuta telefónica ao inenarrável Silvio, mas são palavras de Benito que Clara anotou em 5 de Janeiro de 1938. A relação adúltera durava desde 1932, tinha Clara Petacci 20 anos e Mussolini 40. O Duce era casado com Rachel Mussolini (1890-1979) . Tinham seis filhos.

Mussolini ficava furioso quando apontavam Hitler como pioneiro do anti-semitismo: em 4 de Agosto de 1938, sempre de acordo com o diário de Petacci, o ditador fascista terá berrado: «Eu já era racista em 1921. Não sei como podem pensar que imito Hitler se ele nem sequer tinha nascido. Os italianos deveriam ter mais sentido da raça, para não criar mestiços que irão estragar o que temos de bonito». Vinte dias antes saíra o «Manifesto della razza», documento que tentava criar a tese da superioridade da etnia itálica.

Pio XI não terá escapado à fúria de Benito: «Se os do Vaticano continuam assim, vou romper todas as relações com eles. São uns miseráveis hipócritas. Proibi os casamentos mistos e agora o Papa pede-me para casar um italiano e uma preta. Não! Vou-lhes partir a cara a todos».

Franco não foi melhor tratado: «Esse tal Franco é um idiota. Julga que ganhou a guerra com uma vitória diplomática, só porque alguns países o reconheceram, mas tem o inimigo dentro de casa. Se tivesse só metade da força dos japoneses, já teria acabado com tudo há quatro meses. São apáticos [os espanhóis], indolentes, têm muita coisa dos árabes. Até 1480 os árabes dominaram a Espanha, foram oito séculos de domínio muçulmano. Aí está a razão porque comem e dormem tanto», anotou Claretta em 22 de Dezembro de 1937.

Enfim, um livro que promete levantar celeuma, principalmente em Itália onde ainda existe uma residual falange de apoio ao ditador que, com a sua amante Clara Petacci, foi numa praça executado de Milão, no dia 25 de Abril de 1945. Mostro as imagens. Recomendo às pessoas mais sensíveis, que não vejam o vídeo.


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