terça-feira, 12 de outubro de 2010

Morreu Alfredo Margarido

Acabamos de receber esta triste notícia – Alfredo Margarido, um homem que dedicou a sua vida à cultura, ao ensino, à investigação, faleceu hoje dia 12 em Lisboa. Longe dos focos mediáticos, a sua morte não tem sido noticiada. E no entanto, que grande perda a sua morte significa para a cultura portuguesa. Estrolabio endereça os seus sentidos pêsames a familiares e amigos do Professor Alfredo Margarido.


Alfredo Margarido, nasceu em Moimenta, concelho de Vinhais, em 5 de Fevereiro de 1928. Estudou na Escola de Belas-Artes do Porto e expôs obras de cerâmica no Porto e em Lisboa, em 1954, bem como esculturas em Luanda, Angola, em 1956. Esteve em S. Tomé e em Angola. Em 1964, instalou-se em Paris onde criou a revista “Cadernos de Circunstância” Professor universitário, fez parte dos corpos docentes de diversas instituições do Ensino Superior em França. No Brasil ensinou nas Universidades de S. Paulo (USP), Campinas, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade da Paraíba do Sul (João Pessoa). Dedicou-se especialmente à sociologia da literatura e aos problemas africanos. Poeta, ensaísta e ficcionista, foi um dos introdutores do nouveau roman francês em Portugal.

Na sua obra destaca-se - Poemas com Rosas (1953); - Poema Para uma Bailarina Negra ( 1958); No Fundo Deste Canal(1960);  - A Centopeia (1961) - Teixeira de Pascoaes — A Obra e o Homem(1961) O Novo Romance (em colaboração com Portela Filho)(1962) - A Osga, in Novos contos d'África : antologia de contos angolanos (1963) - As Portas Ausentes (1963) - Jean-Paul Sartre  (1965) - La pensée politique de Fernando Pessoa (197191975 - A Introdução do Marxismo em Portuga em 1976 - Marânus: Uma Linguagem Poética Quase Niilista; em 1980 - Estudos sobre Literaturas das Nações Africanas de Língua Portuguesa em 1984 - As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos em1989 - Plantas e conhecimento do mundo nos séculos XV e XVI 2000 - A Lusofonia e os Lusófonos: Novos Mitos Portugueses  - 33+9 Leituras Plásticas de Fernando Pessoa (1988)

4 comentários:

  1. Estou desolado. Embora o Alfredo Margarido estivesse gravemente doente há muito tempo e a todo o momento se esperasse um desenlace, a perda de um amigo é sempre dolorosa. Margarido sempre colaborou comigo, nomeadamente na Pirâmide, revista que coordenei. Mais tarde, tive o prazer e a honra de ser seu editor. Era um homem com um feitio difícil, rigoroso, exigente, não se furtando a fazer críticas desfavoráveis se as entendia justas. Um elogio seu era algo de valioso. Sempre mantivemos um grande respeito e consideração mútuos. Hoje é um dia negro para mim. Brevemente falarei aqui de Alfredo Margarido. Do meu amigo Alfredo.

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  2. o desfolhar o Jornal Público deparei-me com o desaparecimento de um dos grandes intelectuais portugueses da segunda metade do século XX. Poeta, ficiconista, ensaísta, tradutor, artista plástico, sociólogo, estudioso e divulgador das literaturas africanas de expressão portuguesa, ALFREDO MARGARIDO faleceu esta terça-feira em Lisboa. Longe dos focos mediáticos, a sua morte não tem sido muito noticiada, no entanto, a sua morte significa uma grande perda para a cultura, ensino e investigação portuguesas. Com fortes ligações ao surrealismo introduziu o nouveau roman» em Portugal, traduziu obras marcantes à escala mundial, incluindo o Moby Dick de Melville. Investigador da École des Hautes Études, docente na Sorbonne, teve preponderante influência no meu percurso académico. Na minha consciência fica a pesada carga emocional de nos últimos anos não o ter contactado. Com nostalgia, guardo as cartas que me remetia de Paris com conteúdos programáticos para o curso de Sociologia da UAL. Fica a saudade dos finais de tarde à Sexta-feira. Não eram aulas, eram licões de vida... que muitos poucos souberam apreciar, valorizar e interiorizar. Deixo a minha sincera homenagem a quem já partiu mas que jamais esquecerei.«Lúcido, crítico e livre, e por isso mesmo polémico e indisciplinador de consciências» Cristina Correia

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  3. Ao desfolhar o Jornal Público deparei-me com o desaparecimento de um dos grandes intelectuais portugueses da segunda metade do século XX. Poeta, ficiconista, ensaísta, tradutor, artista plástico, sociólogo, estudioso e divulgador das literaturas africanas de expressão portuguesa, ALFREDO MARGARIDO faleceu esta terça-feira em Lisboa. Longe dos focos mediáticos, a sua morte não tem sido muito noticiada, no entanto, a sua morte significa uma grande perda para a cultura, ensino e investigação portuguesas. Com fortes ligações ao surrealismo introduziu o nouveau roman» em Portugal, traduziu obras marcantes à escala mundial, incluindo o Moby Dick de Melville. Investigador da École des Hautes Études, docente na Sorbonne, teve preponderante influência no meu percurso académico. Na minha consciência fica a pesada carga emocional de nos últimos anos não o ter contactado. Com nostalgia, guardo as cartas que me remetia de Paris com conteúdos programáticos para o curso de Sociologia da UAL. Fica a saudade dos finais de tarde à Sexta-feira. Não eram aulas, eram licões de vida... que muitos poucos souberam apreciar, valorizar e interiorizar. Deixo a minha sincera homenagem a quem já partiu mas que jamais esquecerei.«Lúcido, crítico e livre, e por isso mesmo polémico e indisciplinador de consciências» Cristina Correia

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  4. Excelente depoimento, Cristina Correia. Se reparar nas notícias da morte de Alfredo Margarido, verá que, além de tardias, foram decalcadas umas das outras. Começam geralmente por dizer: "Alfredo Margarido, poeta e tradutor"... De facto ele foi poeta e foi tradutor, mas não foi na poesia nem na tradução que se distinguiu - foi como sociólogo,como investigador e professor que a sua acção em prol da cultura foi decisiva em algumas áreas do conhecimento. tem trabalhos admiráveis, tais como, por exemplo o que escreveu, com Isabel Castro Henriques - «Plantas e Conhecimento do Mundo nos Séculos XV e XVI».

    Disseram-me que uma das tais notícias necrológicas traz um retrato do Fernando Pessoa. Fosse ele futebolista ou actor de telenovelas...

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