quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Noctívagos, insones & afins: A máquina fotográfica da mente

Luís Rocha


Nunca participei em qualquer blogue. Até agora limitei-me a visitar blogues, onde amigos e a imprensa referenciavam alguns textos que consideravam com interesse.

Os meus amigos de longa data Carlos Loures e Luís Moreira, convidaram-me a participar neste blogue. O conhecimento que tenho das suas qualidades pessoais e profissionais, aliadas ao estatuto editorial do blogue, levaram-me a aceitar o convite que muito me honra.

Um dos temas sobre o qual me propus escrever, foi sobre as imagens “fotográficas” que a mente regista, nas mais diversas circunstâncias e nos momentos mais inesperados.

Projecto também escrever sobre economia e gestão, com análises simples e entendíveis por todos e incluir até um glossário com os “palavrões” que os gestores e economistas usam quando falam sobre um assunto, que a todos diz respeito e só pensam nos que entendem aquela linguagem.
O mesmo nos serviços e ofertas que os Bancos fazem aos clientes usando termos e expressões que a maioria dos clientes não sabe do que lhe estão a falar e, como não sabe, acredita que quem o aconselha está a defender os seus interesses (do cliente), quando na realidade e de acordo com as suas funções, quem o atende está a defender os interesses do Banco e por vezes também o seu, se tiver comissões ou prémios nos produtos que promociona e resultados conseguidos.

Para já e, na sequência do “post” anterior, vou continuar com mais alguns textos sobre as imagens captadas pela máquina fotográfica da mente. São situações vividas e sentidas, em determinados momentos, que me tocam de uma maneira especial e que de imediato me levam á escrita num pequeno caderno que sempre me acompanha.

Esta sensibilidade é decerto sentida e vivida por todos e por isso lanço um desafio aos leitores do texto, para também escreverem sobre o tema.

Então aí vai mais um texto:

Almoço num dos antigos restaurantes, junto a um dos pontões da Costa da Caparica “ Primoroso”

Estava numa mesa virada para o mar. Foi um almoço com o sol e o mar por companhia. O dia estava lindo.
O sol fazia brilhar a água que reflectia esse brilho, mas apesar deste beijo tão quente o mar não perdia a imponência da sua força e de chamar a atenção com as suas ondas de espuma barulhenta que morriam na areia da praia.
Na crista das ondas os surfistas deslizavam, fazendo uma dança com a água e o sol, dando à paisagem um movimento de harmonia entre a natureza e o homem, num pequeno momento de tréguas.

No extremo do pontão que tinha em frente, havia vários pescadores que me pareceu estarem mais a desfrutar daquele mar e sol radioso, do que propriamente a pescar.

Entretanto uma mulher chegou ao pontão. Vestia uma blusa vermelha e umas calças de ganga. Tinha cabelo preto liso e comprido um pouco abaixo do pescoço. A cara não a vi, pois esteve sempre virada para o mar e de costas para o restaurante. Tinha uma figura que fazia adivinhar um corpo esbelto. De pé olhou o mar durante alguns minutos, como se fosse uma estátua.
De repente começou a arregaçar as calças, até aos joelhos, deixando a descoberto as suas pernas branquinhas. Os movimentos foram feitos sem pressas.
Depois endireitou o corpo, compôs a mala a tiracolo e, em passos calmos olhando sempre o mar, caminhou pelo pontão em direcção ao local onde estavam os pescadores.
Parou várias vezes para contemplar aquele conjunto “mar, sol, dança das ondas”. Nunca se virou para o lado da terra e por isso não vi o seu rosto, nem de longe. Vi-a chegar junto dos pescadores e depois perdi-a de vista. Enquanto estive no restaurante, não voltou. Presumo que deve ter ficado sentada numa das rochas do pontão, em contemplação e solidariedade com o mar!!!!!

Terminei o almoço, passeei um pouco no paredão e deixei que a minha mente divagasse a seu belo prazer.
Senti-me no espaço que idealizei e dei asas às imagens, que a máquina fotográfica da mente captou

1 comentário:

  1. A mente captou, pôs em palavras, a nossa mente pôs em imagens. Como um rio flutuando, entre a Costa da Caparica e Lisboa. Suave, discreto, prometendo outras imagens.

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