sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Notas soltas - por Carlos Godinho

Somos pequenos


Um jornal desportivo de ontem, iniciou a sua crónica sobre o Torneio de Apuramento para o Campeonato da Europa Sub/17, para o qual Portugal se qualificou, com o seguinte título: "Nada escapa ao Manchester...", e no sub-título: "Portugal apurou-se para a ronda de elite sob olhar atento de um dos maiores clubes da Europa". Num texto de mais de mil caracteres talvez cerca de 20% sejam referentes ao jogo propriamente dito, o resto são palavras sobre as qualidades e o trabalho de "scouting" do clube inglês. Até o destaque a Gonçalo Paciência, mais pela presença na bancada, do seu pai e de Vitor Baía, do que pelos seus atributos, parece deslocado, e nem uma palavra surge de realce para o trabalho colectivo da equipa. Aliás, veja-se como termina a crónica: "Atenção, pois, ao Manchester nada escapa. Nem mesmo o apuramento de Portugal para a ronda de elite". Espero ansiosamente pelo desenvolvimento do trabalho da Selecção Nacional "Sub/17" nestes meses que medeiam até ao Torneio de Elite, sobretudo para ir tomando nota das observações do Manchester, não vá o clube inglês ir falhando algo. Convém sempre estar atento para eventualmente se comunicar a Sir Alex qualquer deslize dos seus representantes...


Desporto é sempre onde e quando o quisermos




Onde, quando e sempre que o quisermos. Nem é preciso muito, uma tabela, ou uma baliza, quase sempre uma bola, alguns amigos, e já está. É este o caso junto ao mosteiro de Qinghai, na China, onde alguns religiosos de divertem com um improvisado jogo de basquetebol. E segundo consta Deus não protestou pelo interregno nas orações em favor da prática desportiva saudável e pura.


Língua de Camões


O Dínamo de Zabreg obrigou os seus profissionais a estudarem o croata. Em qualquer dos países para os quais os nossos profissionais se transferem acontece o mesmo. Nunca vi nenhum português a falar a sua língua, por exemplo, na Liga Inglesa. Ronaldo faz um esforço para falar em castelhano, o que está correcto. Ainda há bem pouco tempo vi Paulo Machado a pronunciar-se, no site do seu clube, num francês fluente, demonstrando assim respeito pelo país que o recebe. Em Portugal o que vemos? Semana após semana, na televisão e na rádio ouvimos os profissionais estrangeiros a trabalharem em Portugal, alguns com uns anos de presença entre nós, a falarem nas suas próprias línguas. Não deveria também de haver algum esforço no sentido de os obrigar a falar português? Eu acho que sim. Ou então, em alternativa, não os entrevistar até que dominassem a nossa língua, ou pelo menos que demonstrassem fazer um esforço nesse sentido. Não há muito tempo, na rádio, ouvi Valdemar Duarte a protestar, com razão, pelo facto do ex-treinador da Naval falar em francês, a sua língua, e o repórter a fazer um esforço para o compreender e traduzir. Imagine-se a situação, ao contrário, em França. Deixavam-no a falar sozinho.

(in Todos Somos Portugal)

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