sábado, 2 de outubro de 2010

O Mistério da camioneta fantasma, de Hélder Costa -13

(Continuação)


Cena 13


Sonhos de amor

( Em gravação o fado da “Triste Feia”. Berta, em casa . É jovem e espera por Carlos Deita-se num sofá fingindo dormir .Jogo de sedução entre os dois.)

Berta – meu amor

Carlos – minha mulherzinha

Berta – estás feliz?

Carlos – não.

Berta – não? Já não gostas de mim?

Carlos – não.

Berta – sou feia?

Carlos – és.

Berta – tu és mau.

Carlos – sou.

Berta – vou-me embora

(Ela foge ,ele agarra-a)

Carlos – só se me deres um beijo.

Berta – era o que faltava.

Carlos – então, dou eu.

Berta – não quero.

( Pequena briga. Beijam-se apaixonadamente)

Berta – quero ter um filho teu.

Carlos – não pode ser.

Berta – tem de ser, tem de ser.

Carlos – tu sabes que não pode ser. Não temos dinheiro.

Berta – o Carlos da Maia, sem dinheiro ! O Carlos da Maia, heroi da Republica, ex-governador de Macau!

Carlos – querias que eu tivesse feito o mesmo que os outros que estiveram em Macau?

Berta - não digo isso, mas... e o nosso filho, a nossa vida?

Carlos – tu sabes que nós, os que lutámos pela Republica, temos de ser sempre um exemplo de honestidade. Tu conheces os jornais que intrigam contra nós de manhã à noite, para corromper pessoas, para lançarem calúnias contra a gente.

Berta – toda a gente sabe que é mentira.

Carlos – as pessoas sabem, mas calam-se. Lá no fundo, preferem continuar escravos dos antigos senhores a terem que construír o seu próprio futuro. É por isso, que nós temos de ser sempre um exemplo de verdade e de dignidade.

Berta - eu sei, e é por isso que te amo.

Carlos - a vida não há-de ser sempre tão má para o nosso amor.

( Beijam – se. Criada “fecha” cortina)

(Continua)

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