domingo, 31 de outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –13: por Raúl Iturra.

(Continuação)

Sobre este comportamento, Weber, sociólogo da religião, esteve bastante atento, dedicando-se ao seu estudo, com trabalho de campo em 1899, e publicação, em 1905, na Alemanha, de um livro, a que penso voltar após a análise de Lutero.

O conceito alma para os luteranos era um princípio central da sua fé, o corpo é apenas uma “gaiola” para a conter. Por isso, só a salvação de alma contava. Lutero acreditava na predestinação, influenciando os primeiros conversos.

No Século XIX, uma grande curiosidade sobre a prosperidade de luteranos e calvinistas surge na vida social. Todos os denominados protestantes (por terem protestado contra a confissão romana, levando-a a mudar no Concílio de Trento do Século XVI), enriqueciam para surpresa do resto da população que, começou de imediato, a pretender ser luterana, verificando-se, por esse motivo, uma grande passagem de cristãos romanos para luteranos.

Curioso do facto, Max Weber deu início ao seu trabalho de campo no Sul do Rio Elba. Trabalho que permitiu uma comparação de comportamentos entre protestantes e católicos. Nas conclusões, publicadas no livro A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo (1904-1905), do qual Pierre Bourdieu virá mais tarde a divulgar excertos, Max Weber observa que os operários católicos gastam todo o pouco dinheiro que ganham em festas, bebedeiras, roupas e viagens não poupando nada, vivem na eterna miséria. Por seu lado, os operários luteranos, trabalham de manhã à noite, excepto aos Domingos, poupando todo o seu dinheiro, contrariamente aos católicos, e investindo-o em maquinaria, sementes e melhor terra, com vista a uma maior produção e a uma melhor venda nos mercados.

Mas se trazemos para este debate A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, considerada por muitos como a melhor obra de Max Weber, é para tentarmos compreender porque é que Freud leu Durkheim, sem nunca o citar, mas desconheceu o seu quase compatriota Weber. Um sociólogo capaz de entender o que muitos procuravam: o denominado “calling” ou vocação para ser trabalhador produtivo e assim entrar na era do capitalismo sem temor nenhum. Podemos, pois, afirmar, de acordo com Max Weber , que a ética protestante encoraja as trocas e investimentos com mais-valia. Assim, Weber, estudioso das religiões, encontra na versão protestante do cristianismo o apelativo para o investimento com mais-valia. Como anteriormente referimos, os cristãos protestantes não só poupam como investem para poupar. O motivo parece muito simples, a ideia da vocação para serem homens religiosos cujo primeiro dever é trabalhar, não para enriquecer, mas para proveito da Nação e da família nuclear e alargada.

Evidentemente que este tipo de análise não estava no modelo de inconsciente de Freud, nem no modelo de Durkheim, que soube estudar o sacrifício, o ritual e o mito, areias onde Weber não se movimentou. Aliás, Weber nunca foi lido por Marx, Freud ou Durkheim, sendo assim o criador solitário da Sociologia Alemã. O seu objectivo era a descoberta da riqueza das nações, como antes de si, em 1776 , o foi de Adam Smith, membro da confissão de Knox, da Igreja Presbiteriana, nascida da confissão Calvinista .

Freud, pai da psicanálise, nunca leu Weber, mas estudou o Talmude e outros textos religiosos para entender a mente cultural dos seus pacientes. Podemo-nos interrogar do porquê destes textos e não de outras confissões? Eu diria, tal como já o afirmei noutros livros, que a resposta é simples: no Talmude há saber antigo, saber pragmático e ciência do concreto e do abstracto. Sempre tive a ideia que este saber é a base da teoria freudiana sobre o inconsciente, após estudar os textos rabínicos e ser instruído em formas de comportamento hebreus. Em adulto, Freud rebela-se contra a sua forma de pensar e sentir, que permite usar o saber, mas sem prática. Para o ritual do Bar-Mitzva , Freud teve de estudar o Talmude e saber as leis que o governam de cor e salteada. No livro de Jiménez Fernández, a título de exemplo, na página 23 define o que é ser homem e a sua masculinidade. Na página 29 define o que é um homem e o que é uma mulher. Diz o livro de Bem Sira : “uma boa esposa é um bom presente para o marido, aposentar-se-á no seio do Deus temeroso (Sira, 26.3) Mas, repara, o que está escrito é a palavra “boa”. Uma má esposa é uma praga para o marido» «Uma esposa bela faz feliz o marido, e os seus dias duplicam-se.” (Sira 26,1; Sal. 1.1).

Notas:
 
Ideias definidas na página web da Internet : http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Luteranos+e+a+Salva%C3%A7%C3%A3o&aq=f&oq=

Os luteranos rejeitaram a predestinação já em Augsburg, em 1530, com a redacção da "confissão" efectuada pelo humanista Melanchthon.


Porém, essa é a doutrina fundamental de Lutero, e como mostramos no artigo sobre o filme, é a doutrina que ele defenderá até ao fim da sua vida. Não podia ser diferente, pois ao negar que o homem possa cooperar com a graça de Deus, nega-se que o homem possa ter méritos e portanto que possa ter liberdade de escolha entre o bem e o mal. O Sola Fidei leva necessariamente à predestinação. Com a negação da predestinação, os luteranos criaram uma aberração teológica (e lógica).


O anteriormente dito, não significa que não haja ainda hoje luteranos fiéis ao mestre que insistam na predestinação e nas demais doutrinas diabólicas do Lutero primitivo.

Actualmente, há um debate entre luteranos que acreditam ou não na predestinação. O texto de 05-04-2005, denominado: Lutero e a predestinação, diz: “Conversando com alguns protestantes vi que eles rejeitam a possibilidade de algo acontecer por acaso. (este grupo protestante com quem conversava, pois, os protestantes são desunidos em suas doutrinas) Segundo eles as coisas que acontecem em nossas vidas já foram providenciadas por Deus antes mesmo que nascêssemos, sendo assim se Deus, providenciou que eu me casasse com a Joaninha filha do Seu Rui que trabalha na venda da esquina (isto é somente exemplo), mais cedo ou mais tarde este casamento acontecerá (ainda que eu não queira), e eu terei quantos filhos Deus já tiver determinado que eu tivesse. Sendo assim eu não teria liberdade de escolher, com quem quero casar, nem quantos filhos quero ter! Como argumento me citaram a seguinte passagem bíblica: "Cada uma de minhas acções vossos olhos viram, e todas elas foram escritas em vosso livro; cada dia de minha vida foi prefixado, desde antes um só deles existisse." (Sl 138,16) Argumentei-lhes que Deus sabe o nosso futuro, mais isto não quer dizer que ele escolha o que devemos fazer ou não! Citei-lhes o exemplo do Rei Ezequias que estando doente foi avisado pelo profeta Isaías que em breve iria morrer. (Is 38,1)”.


Weber, Max, (1892) 1986 : «Enquête sur la situation des Ouvriers Agricoles a L’Est de L’Elbe. Conclusions Prospectives», publicado em Actes de la Recherche en Sciences Sociales, nº 65, Novembro de 1986, manuscrito de Weber publicado pelo director, fundador e director de la Revista citada, Pierre Bourdieu. O original foi publicado em 1892 pela primeira vez em : Schreiftent des Vereins für Socialpolitiken, tomo 55, Leipzig, Duncker und Humblot e reeditado em 1964 no texto de compilação de escritos de Max Weber por Eduard Baumgarten: Max Weber, Werk und Person em: BAUMGARTEN, EDUARD. Max Weber Werk und Person.


Tubingen: Mohr, 1964. 720 p. Mit Zeittafel und 20 Bildtafeln. Soft cover, em: http://www.antiqbook.nl/boox/bkw/9997.shtml


Um livro aproximado à compilação de trabalhos de Weber, da autoria de vários sociólogos, é: Max Weber, Textos Seleccionados, Editora Nova Cultura. 1997, São Paulo, 192 páginas, que pode ser lido em: http://www.scribd.com/doc/6618252/Max-Weber-Textos-Selecionados






“A fonte da sociologia weberiana está, em geral, localizada entre os debates metodológicos e teóricos do fim do Século XIX e começo do Século XX, e não nos problemas concretos da sociedade alemã. A análise dos motivos do comprometimento de Weber na criação da Sociedade Alemã de Sociologia, demonstram que não era prioritário nem a autonomia nem a instituição da sociologia como disciplina académica, mas sim a criação de um instrumento e de uma infra-estrutura necessários para a pesquisa dessa imensidão de problemas, mas à época foi considerado como sem objectivo prático. Este projecto sociológico está directamente ligado aos inquéritos sobre aspectos do universo rural que Weber realizou no contexto das suas pesquisas em sociologia política (Verein für Sozialpolitik). A sociologia rural, actualmente, parece ter-se esquecido da sociologia de Weber. No lado oposto, na sociologia urbana do Século XX, encontra-se filiação weberiana dentro do seu contexto.


A análise da temática urbana baseada na obra de Weber demonstrada quais os motivos e as razões da (quase) ausência da sociedade urbana contemporânea em estudos, enquanto temáticas sobre as povoações da Antiguidade, da Idade Meia e do Oriente têm passado a jogar um rol primordial (Antiquité, Moyen Age, Orient) nos inquéritos de Weber sobre as condições da emergência do capitalismo na empresa moderna”. O texto, em francês, traduzido livremente por mim para entender o inquérito mencionado, aplicado a sul do rio Elba, e por Pierre Bourdieu o ter escolhido, é: « La source de la sociologie webernienne est généralement localisée dans les débat méthodologiques et théoriques de la fin du XIXe et du début du XXe siècle et non dans les problèmes concrets de la société allemande. L’examen des motifs de l’engagement de Weber dans la création de la Société Allemande de Sociologie montre que ses objectifs prioritaires n’étaient ni l’autonomie ni l’institutionnalisation de la sociologie comme discipline académique, mais la création d’un instrument et d’une infrastructure pour mener de grandes enquêtes


« sans but pratique ». Ce projet sociologique est directement lié aux enquêtes, d’abord rurales,


que Weber a réalisées dans le cadre du Verein für Sozialpolitik, à l’exploitation politique


qu’il en a faite lui-même et à son échec pour imposer au Verein un programme et une méthodologie


D’enquêtes sans but pratique immédiat. La sociologie rurale a oublié la source rurale


de la sociologie de Weber. Par contre, dans la sociologie urbaine du XXe siècle, on peut rencontrer


L’affirmation d’une filiation webernienne. L’examen du thème urbain à travers l’œuvre de Weber montre que, et pour quelles raisons, la société urbaine contemporaine en est absente tandis que le thème de la ville (Antiquité, Moyen Age, Orient) joue un rôle primordial dans l’enquête de Weber sur les conditions d’émergence du capitalisme d’entreprise moderne », em : http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&sa=X&oi=spell&resnum=0&ct=result&cd=1&q=Max+Weber+Enqu%C3%AAte+sur+la+situation+des+ouvriers+agricoles+a+l%27Est+de+l%27Elbe&spell=1


Weber, Max, (1904-1905 em Alemão, nos em Archiv für Sozialwissenschft und Socialpolotik, J.V.B. Mohr, Tubinga, vols. XX e XXI) A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo encontra-se editado em castelhano pela editora Taurus, Madrid, a versão portuguesa é da Editorial Presença, 1983, traduzida por António Firmino da Costa. The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism é um livro (book) escrito por Max Weber, economista alemão (German economist) e sociólogo (sociologist), em 1904 e 1905, livro que começou por ser uma série de ensaios (essays). A edição original do livro, publicado para leitura, foi tratada por Marienne Weber nos anos 20 do século passado.


Para Weber o capitalismo (capitalism) desenvolveu-se quando os protestantes (Protestant), particularmente a ética calvinista (Calvinist ethic), influenciaram um largo número de pessoas envolvidas no trabalho da vida laica, criando e desenvolvendo as suas próprias empresas (enterprises) e, simultaneamente, a actividade comercial e a acumulação de riquezas (trade wealth) utilizadas para investimentos futuros nas suas empresas. O que Max Weber descobre é que a ética protestante foi a força por detrás de uma não planificada e coordenada acção massiva (mass action) que influenciou o desenvolvimento do capitalismo (capitalism). É uma ideia conhecida como a tese de Weber. O texto está em inglês, traduzido por mim de forma livre e com comentários no meio do texto original, guardando as palavras em língua inglesa para outras ligações na Internet. O original diz: “The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism is a book written by Max Weber, a German economist and sociologist, in 1904 and 1905 that began as a series of essays. The original edition was in German and has been released.


“Weber wrote that capitalism evolved when the Protestant (particularly Calvinist) ethic influenced large numbers of people to engage in work in the secular world, developing their own enterprises and engaging in trade and the accumulation of wealth for investment. In other words, the Protestant ethic was a force behind an unplanned and uncoordinated mass action that influenced the development of capitalism. This idea is also known as "the Weber thesis". Análise completa em: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Protestant_Ethic_and_the_Spirit_of_Capitalism


Adam Smith (provavelmente Kirkcaldy, Fife, 5 de junho de 1723 — Edimburgo, 17 de Julho de 1790) foi um economista e filósofo escocês. Teve como cenário na sua vida o atribulado século das Luzes, o século XVIII. A sua biografia em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Smith. No ano de 1776 escreveu: An inquiry into the nature and causes of the wealth of Nations, que pode ser lido em: http://www.adamsmith.org/smith/won-index.htm


Este texto pode ser lido em: http://classiques.uqac.ca/classiques/Weber/ethique_protestante/Ethique.html


O Talmude (em hebraico: תַּלְמוּד, transl. Talmud) é um registo das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico, perdendo importância apenas para a Bíblia hebraica.


O Talmude tem dois componentes: o Mixná (c. 200 da nossa era), primeiro compêndio escrito da Lei Oral judaica, e o Guemará (c. 500 da nossa era). A discussão do Mixná e dos escritos tanaíticos que frequentemente abordam outros tópicos é amplamente exposta no Tanakh.


O Mishná foi redigido pelos mestres chamados Tannaim ("tanaítas"), termo que deriva da palavra hebraica que significa "ensinar" ou "transmitir uma tradição". Os tanaítas viveram entre o século I e o III d.C. A primeira codificação é atribuída a Rabi Akivá (50 – 130), e uma segunda, a Rabi Meir (entre 130 e 160 da nossa era), ambas as versões foram escritas no actual idioma aramaico, ainda em uso no interior da Síria.


Os termos Talmud e Gemarah são utilizados frequentemente de maneiras intercambiaveis. A Guemará é a base de todos os códigos da lei rabínica e muito citada no resto da literatura rabínica; já o Talmude, também chamado frequentemente de Shas (hebraico: ש"ס) é uma abreviação em hebraico de shisha sedarim, as "seis ordens" da Mixná. História completa em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Talmud.


Originalmente, o estudo académico do judaísmo era oral. Os rabinos expunham e debatiam a lei (isto é, a Bíblia hebraica) e discutiam o Tanakh sem o benefício das obras escritas (além dos próprios livros bíblicos), embora alguns possam ter feito anotações privadas (megillot setarim), por exemplo, a respeito das decisões de cortes. A situação mudou de forma drástica, principalmente, como resultado da destruição da comunidade judaica no ano 70 da nossa era, e os consequentes distúrbios nas normas legais e sociais judaicas. À medida que os rabinos foram forçados a encarar uma nova realidade — principalmente a dum judaísmo sem um Templo (para servir como centro de estudo e ensino) e uma Judéia sem autonomia — surgiu uma enxurrada de discursos legais, e o antigo sistema de estudos oral não pôde ser mantido. Foi durante este período que o discurso rabínico passou a ser registado na escrita.[1][2] A primeira lei oral registada pode ter sido na forma dos Midrash, na qual a discussão haláquica está estruturada como comentários exegéticos sobre o Pentateuco. Uma forma alternativa, porém, organizada pelos tópicos de assuntos, em vez dos versos bíblicos, tornou-se dominante por volta do ano 200 d.C., quando o rabino Judá HaNasi redigiu a Mixná (משנה).


A Lei Oral estava longe de ser monolítica, variando enormemente entre diversas escolas. As duas mais famosas eram a Escola de Shammai e a Escola de Hillel. Em geral, todas as opiniões, mesmo as não – normativas, eram registadas no Talmude. A Mishná, também conhecida como Mixná ou Mixna[1] (em hebraico משנה, "repetição", do verbo שנה, ''shanah, "estudar e revisar") é uma das principais obras do judaísmo rabínico, e a primeira grande redacção na forma escrita da tradição oral judaica, chamada a Torá Oral. Provém de um debate entre os anos 70 e 200 da Era Comum por um grupo de sábios rabínicos conhecidos como 'Tanaim' e redigida por volta do ano 200 pelo Rabino Judá HaNasi. A razão da sua transcrição deveu-se, de acordo com o Talmude, à perseguição dos judeus pelos romanos e à passagem do tempo; este novo suporte (a escrita) trouxe a possibilidade dos detalhes das tradições orais não serem esquecidos. As tradições orais que são objecto da Mishná datam do tempo do judaísmo farisaico.[2] A Mishná não reclama ser o desenvolvimento de novas leis, mas meramente a recolecção de tradições existentes. A Mishná é considerada a primeira obra importante do judaísmo rabínico e é uma fonte central do pensamento judaico posterior. A lista dos dias de festa conhecida como Meguilat Taanit é mais antiga, mas de acordo com o Talmude já não está em vigor. Comentários rabínicos à Mishná nos três séculos seguintes à sua redacção (guardados sobretudo em aramaico) foram redigidos como a Guemará. Retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mixn%C3%A1


É-me impossível resistir ao ímpeto de falar da língua, da qual nasceu a psicanálise, com palavras usadas por Freud como conceitos psicanalíticos, o Aramaico. Freud, tendo especial pendor para idiomas, dominava o alemão, o aramaico, o inglês, o francês. Encantou-se, na adolescência, pela obra Dom Quixote, de Cervantes e aprendeu, sem mestre, a bela língua castelhana. Este capricho juvenil permitiu-lhe constatar pessoalmente o acerto da tradução das suas Obras Completas para o espanhol, registado em algumas palavras do tradutor D. Luis López Ballesteros y de Torres (Freud, 1923b). Ao usar o Talmude, escrito em Aramaico, Freud tinha a obrigação de usar a língua referida, para definir os seus conceitos. Esta afirmação do uso do aramaico para definir conceitos na sua teoria é mais do que evidente. Os textos estudados por ele, não apenas o Talmude, estavam escritos em aramaico, como a Mishnná. Paulo Roberto Medeiros, Recife, organizador dos estudos psicanalíticos de Freud e Lacan, na sua Universidade, tem um texto que define os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, denominado Conceitos fundamentais da Psicanálise Apresentação, leitura e comentários de Seminários e Textos de Jacques Lacan Os Nomes-do-Pai e Os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise, onde debate os conceitos aramaicos de Freud e Lacan, em: http://www.traco-freudiano.org/tra-instituicao/word/paulo-medeiros-4conceitos/11-06_julho_%202004.pdf


Aramaico é a designação dada aos diferentes dialectos de um idioma com alfabeto próprio e com uma história de mais de três mil anos, utilizado por povos que habitavam o Oriente Médio. Foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Daniel e Esdras, assim como do Talmude. Pertencendo à família de línguas afro-asiáticas, é classificada no subgrupo das línguas semíticas, à qual também pertencem o árabe e o hebraico.


O aramaico foi, possivelmente, a língua falada por Jesus e ainda hoje é a língua materna de algumas pequenas comunidades no Médio Oriente, especialmente no interior da Síria; a sua longevidade deve-se ao facto de ser escrito e falado pelos aldeões cristãos que durante milénios habitavam as cidades ao norte de Damasco, capital da Síria, entre elas reconhecidamente os vilarejos de Maalula e Yabrud, esse último "onde Jesus Cristo hospedou-se por 3 dias" além de outras aldeias da Mesopotâmia reconhecidamente católicas por onde Cristo passou, como Tur'Abdin no sul da Turquia, fizeram com que o aramaico chegasse intacto até aos nossos dias. No início do século passado, devido a perseguições políticas e religiosas, milhares desses cristãos fugiram para o ocidente, ainda hoje existem algumas centenas vivendo nos Estados Unidos da América, na Europa e na América do Sul.


Acrescento que o Aramaico não é apenas um língua, define actividades, sentimentos, saberes e emoções dentro da lógica das palavras. Além destas ideias, está o livro de Lucille Ritvo: A Influência de Darwin sobre Freud, Imago, 2008 comentado como: “Este livro é o primeiro a revelar o pleno impacto sobre Freud da efervescência criada pelas obras de Charles Darwin. Lucille B. Ritvo mostra como método e as ideias de Darwin desempenham papel seminal nas descobertas psicanalíticas básicas de Freud - sexualidade infantil, conflito, regressão, o significado e a função dos sintomas, a coexistência de opostos no inconsciente e a relação entre perverso e normal. Darwin fez da história um método científico à psicologia com resultados igualmente surpreendentes.


O período em que Freud cursou a escola secundária, de 1865 a 1873, coincidiu com a divulgação do trabalho de Darwin no mundo de língua alemã e a publicação alemã de A Variação de Animais e Plantas em Domesticação e a descendência do Homem. Como Freud mais tarde recordou, "as teorias de Darwin, que então eram de interesse corrente, atraíram-me fortemente, pois apresentavam esperanças de um extraordinário avanço em nossa compreensão do mundo". Ritvo afirma que foi Carl Claus, professor de zoologia de Freud na Escola Médica da Universidade de Viena, mais que seu professor de fisiologia, Ernst Brücke, como até agora se julgava, quem formou Freud nos rigores da biologia darwiniana.”


É preciso acrescentar que Freud e Darwin eram de origem judaica, apesar de Darwin ter tido instrução anglicana e ter estudado teologia anglicana em Cambridge. Darwin e Freud eram judeus. O primeiro 'somente' CONTESTOU (arre!) o criacionismo; o outro desenvolveu a teoria da psicanálise. Dois pilares, cada qual em sua ciência, do pensamento moderno. Donde, a formação em aramaico é também passivel de pensar. Porém, os conceitos e as ideias vêm do activo aramaico. Informação completa em: http://www.interney.net/blogs/gravataimerengue/2006/03/20/genios_judeus/


Esta informação provém da minha pesquisa e de textos mais extensos, que podem ser lidos em: http://www.adufpb.org.br/publica/conceitos/09/art_18.pdf para o uso do aramaico de Freud.


Quem escreveu mais sobre esta ideia, foi o analista João Leonardo Ribeiro de Morais, Professor Adjunto de Psiquiatria do Depto. de Medicina Interna do CCS/UFPB. O texto é denominado: Influências do Darwinismo na formação e na obra de Sigmund Freud, Revista Conceitos – Janeiro – Junho de 2003: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Revista+Conceitos&btnG=Pesquisa+do+Google&meta=&aq=f&oq=


Comigo, em formato de papel, tenho os textos sagrados dos hebreus: Girón Blanc, Luis Fernando, (Departamento de Estúdios Hebreos de la Universidad Complutense, Madrid), 1998: Textos escogidos del Talmud, Riopiedras, Barcelona, 205 páginas, onde se debate o matrimónio, a filiação, o estado das viúvas, a vida e a morte, orações, esmola, leis, economia, fantasia, narrações legendárias, sabedoria, medicina e casuística. Por não ser possível abordar nestas linhas todo o conteúdo do livro, duas palavras são suficientes. Como já sabemos, são livros de sabedoria antiga, cultivada e oral inicialmente, por outras palavras, fruto da Experiência (relembro, o anteriormente referido, a Mixná (c. 200 d.C.), primeiro compêndio escrito da Lei Oral judaica e o Guemará (c. 500 d.C.), a discussão da Mixná e dos escritos tanaíticos, exposta no Tanakh). É o que Lévi – Strauss denomina, a ciência do concreto (relembra-se que Freud e Lévi – Strauss foram educados na tradição judaica, donde, a leitura completa do Talmude e a sua análise fez parte da formação de ambos). A sua sabedoria advém destes textos, transformados mais tarde em Bíblia para os cristãos, mas o Talmude continua a ser uma escrita sempre renovada dos debates rabínicos, como o Torá ou comentários rabínicos ao decálogo. Esta não é uma simples frase, é o título do livro de Comentários Rabínicos ao Decálogo, que tem um primeiro título: Las alas de la Torá, escrito e comentado por Emiliano Jiménez Fernández, 1996, Editorial Desclée de Brouwer, Bilbao, Bilioteca Catecumenal, 178 páginas, também comigo em suporte de papel. Torna-se, penso eu, necessário um breve comentário sobre o Torá, o que farei de imediato, recorrendo ao meu conhecimento e a diversas ligações da internet, como por exemplo, http://pt.wikipedia.org/wiki/Tor%C3%A1. O dicionário que uso define Torá como tora (lei mosaica).


Torá (do hebraico תּוֹרָה, significando instrução, apontamento, lei) é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh (também chamados de Hamisha Humshei Torah, חמשה חומשי תורה - as cinco partes da Torá) e que constituem o texto central do judaísmo. Contém os relatos sobre a criação do mundo, da origem da humanidade, do pacto de Deus com Abraão e seus filhos, e a libertação dos filhos de Israel do Egito e sua peregrinação de quarenta anos até à terra prometida. Inclui também os mandamentos e leis que teriam sido dados a Moisés para que entregasse e ensinasse o povo de Israel. Texto completo em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tor%C3%A1.


Bar Mitzvah e Bat Mitzvah "Bar Mitzvah", significa literalmente “filho do mandamento”. "Bar" é filho em aramaico, que costumava ser a língua vernácula do povo judeu ( Jewish people.) "Mitzvah" é “mandamento”, seja em língua Hebreia ou em Aramaico. "Bat" é filha, em Hebreu e Aramaico. (A pronúncia Ashkenazic, essa variante do judaísmo mais ortodoxa, é "bas"). Tecnicamente, o conceito define ao infante que advém a idade adulta, sendo estritamente correcto referir-se a alguém que está a completar a “ idade adulta de bar ou que esta a ser um bar (ou bat) mitzav”. Porém, é mais comum que o conceito seja usado para referir que tem chegado a idade da cerimónia em si: um rapaz está a chegar a adulto e está a passar pelo ritual de bar mitzav.


De acordo com a lei judaica, as crianças não estão obrigadas a observar os mandamentos, apesar de serem encorajadas a respeitá-los, tanto quanto possível, para assim aprenderem as obrigações que vão surgir na idade adulta. Aos 13 anos, os rapazes e aos12, as raparigas, ficam obrigados a observar os mandamentos. O cerimonial de bar mitzvah define formalmente a tomada de posse dos deveres e obrigações mandados pelo decálogo, acompanhado com os direitos e deveres adquiridos como adulto maior, dentro da vida social e religiosa (religious services). Ao fazer parte de um minyan (cerimónia com um número pequeno de pessoas para celebrar partes de rituais religiosos conduzidos), adquire-se capacidade para contratar, para testemunhar em julgamentos religiosos e o direito a casar.


O texto original, em inglês, http://www.jewfaq.org/barmitz.htm, de que fiz uma tradução livre, diz: Bar Mitzvah and Bat Mitzvah


"Bar Mitzvah" literally means "son of the commandment." "Bar" is "son" in Aramaic, which used to be the vernacular of the Jewish people. "Mitzvah" is "commandment" in both Hebrew and Aramaic. "Bat" is daughter in Hebrew and Aramaic. (The Ashkenazic pronunciation is "bas"). Technically, the term refers to the child who is coming of age, and it is strictly correct to refer to someone as "becoming a bar (or bat) mitzvah." However, the term is more commonly used to refer to the coming of age ceremony itself, and you are more likely to hear that someone is "having a bar mitzvah."


Under Jewish Law, children are not obligated to observe the commandments; although they are encouraged to do so as much as possible to learn the obligations, they will have as adults. At the age of 13 (12 for girls), children become obligated to observe the commandments. The bar mitzvah ceremony formally marks the assumption of that obligation, along with the corresponding right to take part in leading religious services, to count in a minyan (the minimum number of people needed to perform certain parts of religious services), to form binding contracts, to testify before religious courts and to marry.


Ben Sira foi o autor do livro mãe dos deveres canónicos denominado Sirach. O nome do autor poderá ter sido Shimon (Simon), filho de Yeshua (Jesus/Joshua), filho de Eleazar, filho de Sira[1]. No texto grego, o autor chama-se "Jesus o filho de Sirach de Jerusalem." (l.27) "Jesus" é a forma Anglicana para o nome grego Ιησους, equivalente ao Hebrew Yeshua` e ao mais antigo Masoretic Hebrew Yehoshua`. Texto completo em: http://en.wikipedia.org/wiki/Ben_Sira


O texto está em castelhano, mas tomei a liberdade de o traduzir.

(Continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário