sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Os Políticos que Temos

António Gomes Marques


Vamos lendo a imprensa e, muitas vezes, são as notícias que menos espaços ocupam que mais importantes são para a vida dos cidadãos que pagam impostos e para aqueles que, pelos baixos rendimentos que auferem, destes estão isentos.

Vejam a notícia seguinte:

Lisboa, 14 Out. (Lusa) - O líder da bancada social democrata na Assembleia Municipal de Lisboa manifestou hoje alguma "desconfiança" quanto ao novo mapa das freguesias proposto no estudo encomendo pela câmara, alegando que o PSD sai "largamente prejudicado".


"O estudo encomendado pela autarquia tem alguns problemas que têm de ser corrigidos. Mas o mais grave é que esta divisão que é sugerida nos deixou de pé atrás relativamente à boa fé deste projecto", afirmou António Prôa.


"Feitas as contas, transpondo os resultados eleitorais de 2009 para a nova divisão, tanto quanto é possível fazer, já que há casos difíceis de medir, o PS sai largamente beneficiado e o PSD largamente prejudicado", acrescentou.


Perguntarão os nossos leitores: A que propósito vem isto?

De facto, sabendo-se que sou militante do PS, poderá alguém entender que estou a atacar um outro partido, quando o que pretendo é chamar a atenção para os políticos que temos. A preocupação não é fazer uma boa divisão administrativa de Lisboa, que dela está bem carenciada; a preocupação dos representantes do PSD, neste caso, foi verificar que a proposta os viria a prejudicar, ou seja, se aprovada a divisão proposta o PSD pensa que as próximas eleições autárquicas lhe retirariam a hipótese de ganhar uma grande parte das freguesias da capital. Não importa fazer uma boa divisão, para o PSD uma boa divisão administrativa de Lisboa será aquela que lhe proporcione o maior número de freguesias sob o seu domínio.

Claro que a posição que para o PSD é válida para Lisboa também será válida para o resto do país.

Perguntarão agora os nossos leitores: E se fosse o PS a estar na posição do PSD, não assumiria a mesma posição?

Como calcularão, gostaria muito de poder afirmar que o partido de que sou militante tomaria a posição que melhor servisse Lisboa, mas, infelizmente, não me atrevo a tanto. Em todo o caso, acrescento que António Costa me merece confiança, direi mesmo que, de entre os políticos no activo, me parece ser aquele que melhor serviria Portugal como Primeiro-Ministro, e não é apenas por amizade que o digo.

Outros pensarão diferente de mim e se encontrarem alguém que melhor desempenho possa ter naquele lugar, ficarei muito grato a bem de Portugal e dos Portugueses (mas não «A Bem da Nação»). Substituir Sócrates é uma prioridade que não é de agora, mas colocar no seu lugar um qualquer Passos Coelho seria uma decisão que muito cara sairia a todos os portugueses.

5 comentários:

  1. O mais descabido é, ainda que tal se discuta internamente, o que me parece perfeitamente ajustado, é tornar essa preocupação pública. O senhor António Prôa precisa de um cérebro... na proa.

    ResponderEliminar
  2. António, não sou nem espero vir a ser militante do PS - como sabes, tenho numerosos amigos (tu, por exemplo) que o são. Na minha perspectiva, há dois PS - um ligado à tradição republicana e ao espírito da social-democracia - e esse PS eu respeito - e outro constituído por gente que só por oportunismo está no partido. O Soares talvez seja a charneira entre os dois segmentos. A gente que está no Governo, talvez com uma ou outra excepção,é a tal que dificilmente se distigue do PSD. O António Costa do qual, pelas razões que conheces, sempre ouvi dizer muito bem, desiludiu-me ao revelar-se um homem do aparelho. Parece-me mais próximo dos socratistas do que do grupo de que a revista Finisterra é expressão pública. Grupo que constitui uma espécie de consciência do partido.

    ResponderEliminar
  3. Por acaso não li as considerações do PSD sobre a eventual nova divisão pª as freguesias de Lisboa. Mas em presença digo: feixem ficar tudo na mesma. Um dia vai o PSD para a CML e muda tudo outra vez. Ou seja, voltamos à 1ª forma como é n/ hábito. Por estas e por outras é que eu digo: Regionalização??? Nem vê-la.

    ResponderEliminar
  4. António Gomes Marques16 de outubro de 2010 às 12:18

    Carlos, ao falar no António Costa estou a procurar ser realista. Explicando-me:
    O Cavaco, renovado o seu mandato (mas que mal fiz eu para assim ser castigado?), vai dissolver a AR quando estiver assegurada a substituição do Passos Coelho no PSD, dado ser para mim bem claro que ele não o quer como 1.º Ministro. Como a hipótese de o PCP e o BE, juntos (oh, miragem!) ou separados, ganharem as legislativas não será connosco vivos, há que procurar uma alternativa que possa derrotar nas urnas o PSD e, isso, só vejo possível com o António Costa à frente do PS. O Ferro Rodrigues foi eliminado quando apareceu de braço dado com o Secretário-Geral do PCP numa manifestação e as forças nisso interessadas não olharam as meios; o Vieira da Silva, pessoa capaz mas sem carisma para poder ser eleito? Quem mais com hipóteses? Outra das razões que me leva a falar no António Costa não é por ser filho do nosso saudoso amigo Orlando Costa, embora seja importante, mas por eu estar convencido que iria surpreender pela positiva. Talvez penses que eu me contento com uma pequena mudança, mas se realmente existir e for positiva, por muito pequena que seja, seria bem melhor do que a merda que temos.
    Quanto a ele ser do aparelho, tenho uma teoria que não quero divulgar aqui. Seguiste a eleição para a FAUL? Se for o que penso, talvez estejamos perante uma estratégia que tem por detrás uma paciência oriental.
    Bom fim-de-semana para todos os companheiros do blogue e também para os nossos leitores.

    ResponderEliminar
  5. Com as funções e competências das Juntas de Freguesia, o que fazem lá os partidos?

    ResponderEliminar