quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Reflexões sobre a economia global em crise: migrantes, cidades, mercados, governação

O grupo de docentes da FEUC dinamizador e organizador do Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC, este ano intitulado Reflexões sobre a economia global em crise: migrantes, cidades, mercados, governação, vem com o presente texto dar a conhecer o programa da primeira sessão do Ciclo com o tema específico Para uma redefinição da união económica e monetária europeia: da crítica dos seus fundamentos à crítica da crise actual e que se realizará nos dias 10, 11 e 12 de Outubro de 2010. Aproveitamos ainda para expor algumas das razões que levaram a optar por este tema logo na sessão de abertura.

Esta sessão tal como é habitual, incluirá conferências e a projecção de um filme/documentário. Quanto às conferências, o leque de temas e de conferencistas fazem com que desta vez haja dois painéis em dias diferentes, um no dia 11 de Outubro, Segunda-feira, e o outro no dia 12, Terça-feira. Ambos os painéis decorrerão na sala Keynes, na Faculdade de Economia, às 15 horas. Estarão presentes, Achim Truger, (Dusseldorf), Andrew Watt (Bruxelas), Mário Nuti (Roma), François Morin (Toulouse), Javier Navascués (Sevilha), John Grahl (Londres), José da Silva Lopes, João Ferreira do Amaral, José Reis, João Sousa Andrade, Adelino Fortunato. Em relação ao filme/documentário, foi escolhido O Cerco - a Democracia nas malhas do neoliberalismo, de Richard Brouillette, Canadá, 2008 (legendado em português). A extensão do filme leva a que seja projectado em duas partes, a primeira no Teatro Académico de Gil Vicente, no dia 10 de Outubro, Domingo, pelas 21h e 15min, enquanto a segunda será na Faculdade de Economia, no Auditório, no dia 12 de Outubro, Terça-feira, pelas 10 horas.

Com esta sessão, pretendemos colocar no centro do debate a crise económica actual e, com ela, os contornos específicos que esta assume na união económica e monetária europeia, os fundamentos desta e os limites da sua própria construção. Porque inerente a este debate, discutir-se-ão também as respostas da União Europeia à crise, respostas estas que se têm caracterizado pela sua submissão à tirania dos mercados (monetários e financeiros), para utilizar a feliz expressão de Henri Bourguinat utilizada já há quase quinze anos. A partir daqui, analisar-se-ão igualmente vias alternativas de se enfrentar a situação presente.

A submissão à ditadura dos mercados não é nem política, nem económica nem socialmente aceitável e o seu rasto de destruição maciça é bem evidente na queda de produção, do investimento produtivo, no aparecimento de milhões de desempregados de curta e de longa duração e pior ainda, como assinala a OCDE e a OIT, na criação de uma geração perdida para o mercado de trabalho, perdida para a sociedade, a dos jovens de hoje entre os 16 e os 24 anos. Vale a pena então perguntar: o que está por detrás de tudo isto? Para quê tudo isto?

A realidade actual impõem assim que se faça um verdadeiro debate democrático quando às opções de política económica possíveis. Como se assina num recente manifesto intitulado “Os Economistas Aterrados”, lançado em França:

A maioria dos economistas que intervêm no debate público fazem-no para justificar ou racionalizar a submissão política aos requisitos dos mercados financeiros. O programa neoliberal continua ainda a ser o único reconhecido como legítimo, apesar dos seus falhanços bem evidentes.

Como economistas, estamos aterrados ao ver que essas políticas ainda estão na ordem do dia e que os seus fundamentos teóricos não estão a ser postos em causa. Os argumentos avançados desde há trinta anos para orientar as escolhas das políticas económicas europeias estão postos em causa pelos factos. A crise pôs a nu o carácter dogmático e injustificado da maior parte das pretensas evidências repetidas à saciedade, ad nauseam, pelos decisores políticos e pelos seus assessores. Quer se trate de eficiência e da racionalidade dos mercados financeiros, da necessidade de reduzir as despesas públicas para reduzir a dívida ou para reforçar o "Pacto de Estabilidade", devem-se questionar estas falsas evidências e mostrar a pluralidade de escolhas possíveis em política económica. Outras escolhas são possíveis e desejáveis.

Neste sentido, o grupo de docentes responsável pelo Ciclo de Cinema Debates e Colóquios na FEUC decidiu assim iniciar o Ciclo no presente ano lectivo com um debate alargado, que se quer profundo, sobre a União Europeia, sobre os seus fundamentos, o seu modelo económico, as suas opções presentes de resposta à crise económico-financeira. Em suma, perguntar então: o que está por detrás de tudo isto? Para quê tudo isto?
Perguntas que devem ser feitas, respostas que devem ser discutidas na Faculdade de Economia e no Teatro Académico de Gil Vicente, nos dias 10, 11 e 12 de Outubro (para mais pormenores ver programa abaixo).

A importância do tema e os conferencistas justificam a sua divulgação e a presença também, razão pela qual estou a dar conhecimento desta iniciativa e para a qual conto com o seu apoio.


Pela Comissão Organizadora


Júlio Marques Mota
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Auditório, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Documentário: O Cerco - a democracia nas malhas do neoliberalismo (2.ª Parte)

Debate com François Morin, Javier Navascués, John Grahl


15 horas

Sala Keynes, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

François Morin: Finança global, Europa e cenários de saída da crise

John Grahl: A União Europeia e a crise financeira

Javier Navascués: Problemas e saídas para os países da periferia da UE: uma visão a partir de Espanha

Comentários de José da Silva Lopes e Adelino Fortunato

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1 comentário:

  1. Lamento não poder ir a Coimbra assistir a este ciclo. Já li o Manifesto dos Economistas Aterrados, e deveria fazer-se um aplicação do seu conteudo a Portugal. Espero que o consigam fazer em Coimbra, e nos façam conhecer as conclusões a que chegaram.

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