quarta-feira, 3 de novembro de 2010
A Catalunha está de luto - A morte de Joan Solà (1)
Josep Anton Vidal
A Catalunha está de luto pela morte de uma das suas mais eminentes figuras, o linguista Joan Solà. A sua morte ocorreu poucos dias após a de um outro grande vulto da cultura catalã, o pedagogo e crítico literário Joan Triadú. Para um país como a Catalunha e para um âmbito linguístico e cultural como é o dos Países Catalães, tão carentes de capacidades governativas e de acção política reais e não subsidiárias e, por outro lado, tão ricas em inimigos e em ameaças, estas perdas seriam ainda difíceis de suportar senão fosse a abundância de discípulos que o magistério de Triadú e de Solà nos deixaram, tão extraordinário e tão importante quer para o presente, quer para o futuro do nosso país e da nossa cultura.
Porque em ambos os casos, a obra científica, no campo da linguística e da língua catalã e no âmbito da literatura, é acompanhada, a partir de pressupostos ideológicos diferentes, de um compromisso igualmente firme e efectivo com a história, com a sociedade, com a identidade e a vontade de existência deste país, que ambos queriam ver na plenitude das liberdade no concerto das nações.
No passado dia 21, apenas uma semana antes da sua morte, Joan Solà publicava o seu último artigo na imprensa diária, onde colaborou durante 36 anos –com mais de um milhar de artigos publicados–, e, consciente da precaridade da sua saúde, punha em título «Adeus e obrigado»: “Mais de mil artigos publicados na imprensa diária sobre questões linguísticas pode parecer uma coisa inacreditável para alguém que ignore tudo sobre o nosso país. Mas para quem conheça um pouco da Catalunha, saberá como é importante a língua para a nossa noção de identidade, até que ponto é para nós essência, estímulo de luta, vindicação do futuro que queremos. E saberá como isso nos torna apaixonados pela diversidade linguística, solidários com as outras línguas e, de maneira muito especial, com aquelas que vivem numa situação precária, ameaçadas, perseguidas.
Neste seu artigo de despedida, Joan Solà, dizia estas palavras sobre as quais convido os leitores a meditar e a partilhar “Hoje, fruto deste exercício de anos, estou completamente convencido de duas coisas: primeira, que se um idioma não nos serve para criar comunicação e beleza, para que nos serve então?, não tem futuro; a segunda é da íntima e inextricável ligação entre povo, indivíduo e língua: uma língua não pode ser digna e manter-se viva se aquele que a fala não vive com dignidade e confiança e se o povo que a tem não é livre, mas subjugado, como nós, por um Estado que sempre nos foi hostil.”
A nossa dignidade como pessoas inscreve-se, portanto neste esquema os pontos essenciais do qual são povo, língua e liberdade. A antítese do que defendem aqueles que, obrigados a ser politicamente correctos, pretendem compatibilizar a história real com a história política, o que resulta sempre em história-ficcionada, e não se privam de afirmar, sem qualquer espécie de pudor, que o nosso país, a Catalunha, é um país bilingue. Não há países bilingues - sim, é verdade que há estados onde se fala mais de um idioma e o Estado espanhol é um deles e isso significa que nestes casos o Estado não tem uma língua, nem pode exprimir-se apenas através de uma língua, mas sim que, para ser justo, está obrigado utilizar a língua que os cidadãos falam nos diferentes territórios que o integram.
A Catalunha não é bilingue, ainda que aqui vivam muitas pessoas procedentes de outros territórios do Estado espanhol. Ainda que muitos cidadãos catalães, por origem ou tradição familiar, falem castelhano ou outra língua diferente do catalão. Esta realidade sociológica não altera a identidade linguística do país de acolhimento. Numa Catalunha independente, os idiomas oficiais seriam o catalão e o occitano, pois é esta a língua a que pertence o dualecto aranês, que se fala no Vale d'Aran, que é um território catalão. Do mesmo modo, e por razões semelhantes, num País Valenciano independente, as línguas oficiais seriam o catalão (ainda que com o nome de valenciano) e o castelhano, porque esta tem sido historicamente, e ainda o é, a língua predominante em algumas zonas orientais e meridionais do território valenciano.
Pela mesma razão, o Estado espanhol na sua actual estrutura, não pode ser monolingue. Está obrigado a ser plurilingue e a exprimir-se em todos os idiomas que são falados nos diferentes territórios que administra. O facto de utilizar – como o fazem também o Estado francês e tantos outros exemplos igualmente lamentáveis – o argumento da língua oficial falada em todo o território como cobertura, já não para o exercício do monolinguismo, mas sim para a perseguição, mau trato e destruição da diversidade linguística, constitui um atentado contra os direitos fundamentais dos povos e dos indivíduos. Porque, pela mesma razão pela qual a Catalunha não tem o castelhano como língua própria, o Estado espanhol não pode utilizar o castelhano como língua exclusiva nem obrigar nenhum cidadão de terrórios de fala não castelhana a utilizar o idioma castelhano nas suas relações com a Administração, ainda que todos os cidadãos do Estado sejam obrigados, através do sistema educativo, a conhecê-lo. Se o Estado espanhol é a Administração ao serviço dos cidadãos, nenhum cidadão espanhol teria de mudar de idioma para se dirigir à sua Administração, nem nas suas relações com os Tribunais nem em qualquer outra circunstância.
Qualquer situação em que um cidadão seja forçado a adoptar o idioma da Administração é uma situação colonizadora. E agora vejamo-lo ao invés: num Estado democrático, a Administração deve dirigir-se ao cidadão na língua deste cidadão, desde que esta seja a língua de um dos territórios do Estado. Naturalmente, o Estado espanhol não tem nenhuma obrigação de atender um cidadão espanhol em alemão ou em inglês, ainda que, seja porque razão for, esse cidadão tenha um desses idiomas como próprio. Neste caso hipotético, o cidadão de fala inglesa, alemã ou árabe, teria de dirigir.se ao Estado numa das línguas do Estado. No entanto, nem os bascos, nem os catalães de qualquer dos territórios de língua catalã, nem os galegos teriam de mudar de idioma para se dirigirem às instituições do Estado. Porque é o Estado democrático que tem obrigação de ser plurilingue, sendo uma perversão da hierarquia democrática e um sintoma de colonialisno e de despotismo transferir essa obrigação para os cidadãos e para os territórios, não a exigindo ao Estado e aos organismos da Administração.
No contexto eleitoral que estamos a viver na Catalunha, onde se realizarão eleições legislativas no próximo dia 28 de Novembro, os partidos políticos espanholistas voltam a acender a fogueira inquisitorial contra o uso do catalão pelas instituições governamentais da Catalunha, contra a unidade da língua, contra os meios de comunicação, contra a educação e contra o uso social do catalão. A escandalosamente injusta sentença do Tribunal Constitucional contra a Catalunha, sancionada pelo Estado Espanhol com uma não disimulada satisfação – e aceite pelos políiticos catalães com uma submissão que as reiteradas manifestações de desacordo “politicamente correctas” não conseguem ocultar – deram força aos partidos espanholistas para remeter ao Tribunal Constitucional todas as leis que, no sentido da normalização linguística da Catalunha, ao longo dos últimos anos foram sendo aprovadas. Todas as leis e a actos governativos que garantiram a concórdia e uma convivência linguística sólida e exemplar na Catalunha estão a ser dinamitadas sem a menor vergonha ou decência política ou inteletual pelos partidos espanholistas, principalmente o “Partido Popular” e “Ciudadanos – Partido de la Ciudadanía”. Num exercício que não me atrevo a qualificar como maquiavélico, pois isso seria reconhecer-lhes inteligência, estes partidos praticam a mais desvergonhada perversão da linguagem, apropriando-se de conceitos como os de liberdade, democracia ou progresso, que de modo algum lhes pertencem e que são desmentidos pela sua prática política.
Catalunya està de dol
Catalunya està de dol per la mort d'un dels seus homes eminents, el lingüista Joan Solà. La seva mort s'ha produït pocs dies després de la d'un altre dels pals de paller de la cultura catalana, el pedagog i crític literari Joan Triadú. Per a un país com Catalunya i per a un àmbit lingüístic i cultural com el dels Països Catalans, tan mancats de capacitats de govern i d'acció política reals i no subsidiàries i tan sobrats d'enemics i d'amenaces, aquestes pèrdues serien difícils de suportar sinó fos perquè el nombre de deixebles que ens ha llegat el mestratge de Triadú i de Solà és tan extraordinari i tan important per al present i el futur del nostre país i de la nostra cultura.
Perquè en tots dos casos, l'obra científica, en l'àmbit de la lingüística i de la llengua catalana i en l'àmbit de la literatura, ha anat acompanyada, des de pressupòsits ideològics diferents, d'un compromís igualment ferm i efectiu amb la història, la societat, la identitat i la voluntat d'existència d'aquest país, que ells volien en plenitud de llibertats en el conjunt de les nacions.
El passat dia 21, a penes una setmana abans de la seva mort, Joan Solà publicava el seu darrer article a la premsa diària, on ha estat col•laborant durant 36 anys, amb més d'un miler d'articles publicats, i, conscient de la precarietat de la seva salut, el titulava "Adéu-siau i gràcies". Més de mil articles publicats en premsa diària sobre qüestions lingüístiques pot semblar una cosa increïble per a algú que ho ignori tot del nostre país. Però, el qui conegui una mica Catalunya sabrà com és d'important la llengua en la nostra noció d'identitat, fins a quin punt és per a nosaltres essència, estímul de lluita, vindicació del futur que volem. I sabrà com això ens fa enamorats de la diversitat lingüística, solidaris amb les altres llengües i, de manera molt especial, amb aquelles que viuen en una situació precària, amenaçades, perseguides.
En el seu article de comiat Joan Solà deia aquestes paraules que convido els lectors a meditar i compartir: "Avui, fruit d'aquest exercici d'anys, estic completament convençut de dues coses: primera, que si una llengua no ens serveix per crear comunicació i bellesa, de què ens serveix?, no té futur; i segona, del lligam inextricable entre poble, individu i llengua: una llengua no pot ser digna i mantenir-se si qui la parla no viu amb dignitat i confiança i si el poble que la té com a patrimoni no és lliure sinó que viu subjugat, com nosaltres, durant segles a un Estat que sempre ens ha sigut hostil."
La nostra dignitat com a persones s'inscriu, per tant, en aquest esquema els punts essencials del qual són poble, llengua i llibertat. L'antítesi del que defensen els qui, obligats a ser políticament correctes, volen contemporitzar la història real amb la història política, que és sempre història-ficció, i no s'estan d'afirmar sense cap mena de pudor que el nostre país, Catalunya, és un país bilingüe. Cap país no és bilingüe. Sí que és cert que hi ha estats on es parla més d'una llengua, i l'Estat espanyol n'és un, i que això significa que en aquests casos l'Estat no té una llengua, ni es pot expressar només en una llengua, sinó que, en justícia, està obligat a emprar la llengua que parlen els ciutadans dels diferents territoris que l'integren. Catalunya no és bilingüe, encara que hi visquin moltes persones procedents d'altres territoris de l'Estat espanyol, encara que molts ciutadans catalans, per origen o per tradició familiar, parlin castellà o una altra llengua diferent del català. Aquesta realitat sociològica no transforma la identitat lingüística del país d'acollida. En una Catalunya independent, els idiomes oficials serien el català i l'occità, perquè és aquesta la llengua a la qual pertany el dialecte aranès, que es parla a la Val d'Aran, que és un territori català. De la mateixa manera i per raons semblants, en un País Valencià independent, les llengües oficials serien el català (potser amb el nom de valencià) i el castellà, perquè aquesta ha estat històricament i és encara la llengua de algunes zones orientals i meridionals del territori valencià.
Per la mateixa raó, l'Estat espanyol, en la seva estructura actual, no pot ser monolingüe. Està obligat a ser plurilingüe i a expressar-se en totes les llengües que es parlen als diferents territoris que administra. El fet d'utilitzar –com fan també l'Estat francès i tants altres exemples igualment lamentables– l'argument de la llengua oficial parlada a tot el territori com a tapadora no només per a l'exercici del monolingüisme sinó per a la persecució, maltractament i destrucció de la diversitat lingüística és un atemptat contra els drets fonamentals dels pobles i dels individus. Perquè, per la mateixa raó que Catalunya no té el castellà com a llengua pròpia, l'Estat espanyol no pot emprar el castellà com a llengua exclusiva ni obligar cap ciutadà de territoris de parla no castellana a emprar-lo en les seves relacions amb l'Administració, encara que tots els ciutadans del Estat estiguin obligats, a través del sistema educatiu, a conèixer-lo. Si l'Estat espanyol és l'Administració al servei dels ciutadans, cap ciutadà espanyol no hauria d'haver de canviar de llengua per adreçar-se a l'Administració, ni en les seves relacions amb els Tribunals ni en cap circumstància.
Tota situació en la qual un ciutadà ha d'adoptar la llengua de l'Administració és una situació colonitzadora. I ara llegim-ho a l'inrevés: en un Estat democràtic, l'Administració ha d'adreçar-se al ciutadà en la llengua pròpia d'aquest ciutadà, sempre i quan sigui la llengua d'un dels territoris de l'Estat. Naturalment, l'Estat espanyol no té cap obligació d'atendre un ciutadà espanyol en alemany o en anglès, encara que, per les raons que fos, aquest ciutadà tingués una d'aquestes llengües com a pròpia. En aquest cas hipotètic, el ciutadà de parla anglesa o alemanya o àrab, potser es veuria en la necessitat d'adreçar-se a l'Estat en una de les llengües de l'Estat. Però, ni els bascos, ni els catalans de qualsevol dels territoris de parla catalana, ni els gallecs no haurien de cambiar de llengua per adreçar-se a les institucions de l'Estat. Perquè és l'Estat el que té l'obligació del plurilingüisme, i és una perversió de la jerarquia democràtica i un tret de colonialisme i despotisme traslladar aquesta obligació als ciutadans i als territoris i no exigir-la a l'Estat i als organismes de l'Administració.
En el context electoral que estem vivint a Catalunya, on se celebraran eleccions parlamentàries el dia 28 de novembre, els partits polítics espanyolistes tornen a encendre la foguera inquisitorial contra l'ús del català per les institucions de govern de Catalunya, contra la unitat de la llengua, contra els mitjans de comunicació, contra l'educació i contra l'ús social del català. L'escandalosament injusta sentència del Tribunal Constitucional contra Catalunya, sancionada per l'Estat espanyol amb una satisfacció no dissimulada, i acceptada pels polítics catalans amb una submissió que les reiterades manifestacions de discrepància "políticament correctes" no poden dissimular, ha donat força als partits espanyolistes per remetre al Tribunal Constitucional totes les lleis que al llarg dels darrers anys s'han anat aprovant per a la normalització lingüística a Catalunya. Totes les lleis i les accions de govern que han garantit la concòrdia i una convivència lingüística sòlida i exemplar a Catalunya estan sent dinamitades sense cap mena de vergonya ni de decència política ni intel•lectual pels partits espanyolistes, principalment el "Partido Popular" i "Ciudadanos – Partido de la Ciudadanía". En un exercici que no m'atreveixo a titllar de maquiavèlic perquè això seria atorgar-li el reconeixement de la intel•ligència, aquests dos partits practiquen la més desvergonyida perversió del llenguatge, apropiant-se de conceptes com llibertat, democràcia o progrés, que no els pertanyen en absolut i que són desmentits per la seva praxi política.
(Continua)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Um abraço de solidariedade!
ResponderEliminar