domingo, 7 de novembro de 2010

Estive muito pouco tempo em Matosinhos


Mosteiro de Leça do Balio

João Machado


Segunda-feira passada, a Leninha e eu, chegámos à noite a Matosinhos, vindos direitos de Lisboa. Fomos lá participar numa reunião do projecto Eurostars, apoiado pela União Europeia, através do programa Eureka. Este projecto reúne quatro entidades, duas empresas, a Árctica, espanhola, de Valência, e a Inova Mais, portuguesa, de Matosinhos, mais duas instituições de solidariedade social, a APM (Associação de Parkinson de Madrid) e a APDPk (Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson). O seu objectivo é a preparação de um software que possibilite aos doentes serem apoiados nas suas residências, para quando executam exercícios das várias valências dos tratamentos (fisioterapia, terapia da fala, psicologia), poderem fazê-lo em interacção com os técnicos localizados nos serviços, usando o computador ou até a televisão digital. Mas hoje não vamos desenvolver mais este assunto. Vou falar-lhes um pouco de Matosinhos.

Nunca tinha feito uma permanência na cidade. No concelho já tinha estado em serviço algumas vezes, mas sem tempo livre. Desta vez estive dois dias em reuniões na empresa, e fui fazer uma visita à delegação da APDPk do Norte, que fica nas Águas Santas, concelho da Maia. Só na quinta-feira tive tempo de andar por Matosinhos e ver a paisagem.

O concelho de Matosinhos está encostado ao Porto, pelo seu lado sul. Tem dez freguesias, e perto de 180000 habitantes. A sua infra-estrutura principal é o porto artificial de Leixões, um dos maiores do país. Parte do aeroporto internacional Sá Carneiro fica no concelho. A Exponor, o maior recinto do país de feiras empresariais, fica na freguesia de Leça da Palmeira. As indústrias são importantes, embora menos que há tempos atrás, a logística é considerável, o comércio e os serviços estão muito desenvolvidos, e Matosinhos continua a ser um grande centro piscatório. Foi elevada a cidade em 1984. Tem uma dimensão razoável, contando com cerca de 50000 habitantes, e a sua parte central tem avenidas largas e praças amplas. A construção à beira-mar tem sido grande nos últimos anos, talvez de um modo exagerado. Tradicionalmente tem sido um dormitório do Porto, situação que parece ter sofrido alguma alteração ultimamente.  

Historicamente há a referir que Matosinhos, até ao fim do século XIX, foi conhecida como o lugar de Bouças, ou Vila de Bouças. Este nome era o de um mosteiro que já ali existia no século X. O nome Matosinhos, segundo o Dicionário Onomástico Etimológico de José Pedro Machado, será o plural do adjectivo matoso. José Pedro Machado, na mesma entrada,  refere como nomes antigos  da povoação Matesinus (1032), Matusini (1258) e Matesinis (também em 1258). Esta povoação pertencia à antiga freguesia de Sendim, que já não existe, embora haja uma rua em Matosinhos com este nome, e creio que um cemitério. Ainda segundo José Pedro Machado o topónimo Matosinhos encontra-se noutros pontos do país e também na Galiza (Matusiños) e no Brasil, em Minas Gerais (Matozinhos). O crescimento da povoação justificou a alteração de nome do concelho, cujo território actual corresponde aos antigos Julgado de Bouças e Couto de Leça.

Achei especialmente interessante a rua Heróis de França, mesmo ao pé do porto de Leixões, que tem uma série de restaurantes especializados em servir peixe. Na quinta-feira a Leninha e eu comemos lá um pargo grelhado de primeira categoria. Achei os preços um pouco altos. Mas achei também interessante a estátua ao Passos Manuel, no largo com o nome dele, ali perto. Terá sido mandada erguer em 1864, por um grupo de amigos, portanto dois anos após a morte daquele líder da esquerda liberal, figura destacada do setembrismo, e ministro brilhante, nascido ali perto em 1805 (parece que não há a certeza desta data).

É de recordar que pelo território do concelho também passavam com frequência os peregrinos para Santiago de Compostela, desde a Alta Idade Média. O mosteiro de Leça do Balio desempenhava um papel importante no apoio a estes peregrinos, que também visitavam o mosteiro de Bouças. De assinalar ainda que no concelho existem várias pontes que datam do tempo dos romanos, para além de muitos outros elementos de interesse cultural.

Não estive no Porto propriamente dito (E o Porto ali tão perto!), mas não quero deixar de cumprimentar a Carla Romualdo, o José Magalhães, a família Cruz, e todos os nossos amigos que lá estão, pedindo-lhes desculpa de não os ter ido visitar.

5 comentários:

  1. O peixe em Matozinhos, João, o peixe...

    ResponderEliminar
  2. Ai, e a história que eu tenho em Matosinhos que dava um conto. Mas não posso contar :)

    ResponderEliminar
  3. E eu que, no Porto, moro quase paredes meias com Matosinhos e por lá passo diariamente pelo menos duas vezes.
    Fica para a próxima João Machado. Nessa já não haverá perdão.

    ResponderEliminar
  4. Conta Augusta, conta. Quem gosta de ti como nós, vai apreciar com certeza. Não nos escondas nada. José, para a próxima vou tentar não falhar, acredita. E eu tenho mais alguns dez amigos no Porto e arredores a quem não quero falhar, mas a vida não é fácil. Oh Luís, acredita, aquele peixe é fantástico!

    ResponderEliminar
  5. Que vocês iam apreciar sei eu ;)) Mas não posso, João. Era uma grande bronca.

    ResponderEliminar