Carlos Mesquita
Na terça-feira escrevi um artigo (*) com o título “ A campanha eleitoral está a custar-nos um dinheirão”. Os juros da dívida atingiram agora o recorde de 6,72%. Há razões que explicam esse aumento dos juros; algumas comuns aos países em dificuldades na Zona Euro.
Há complicações que vêm da União; Angela Merkel quer rever o Tratado de Lisboa para impor sanções políticas aos países indisciplinados no plano orçamental, e o presidente do BCE recusa qualquer hipótese de reestruturação das dívidas, mas temos também os problemas caseiros.
São esses que nos distinguem por exemplo da Espanha, que tendo indicadores de crise mais elevados paga juros substancialmente mais baixos. A diferença não é apenas explicada pela capacidade de eles conseguirem mais facilmente crescimento económico. Nesta fase, para os mercados conta essencialmente a capacidade de executar o Orçamento de Estado (cujo conteúdo é secundário, porque aceite pelos investidores) e aí os sinais dos líderes políticos têm sido desastrosos, só geram desconfiança.
Apesar de Sócrates dizer que o problema dos juros não é apenas português, e do PSD vir com o disparate de justificar o aumento actual de juros com a execução orçamental de 2010; a causa fundamental é a falta de credibilidade da liderança política, do governo e da oposição.
As variações das taxas de juro correspondem a actos concretos da política nacional, andou-se a brincar aos orçamentos nos últimos três meses, os juros subiram e desceram ao ritmo das tricas e crispações, dos acordos e desacordos, das bocas. É significativo que com o início das negociações os juros tenham descido e com o rompimento tenham voltado a subir. A pior parte neste sobe e desce, foi o espectáculo deprimente do debate do Orçamento no Parlamento, e as declarações políticas seguintes. É claro que com este espectro partidário e os líderes actuais não vão existir condições que transmitam confiança.
Ninguém acredita que vai ser possível executar o Orçamento com o maior partido da oposição a anunciar que lá para Abril/Maio vai lançar uma crise politica. Quem vai aplicar o orçamento se os que o assinaram estão apenas interessados em tirar dividendos partidários e eleitoralistas. Vamos pagar um dinheirão por esta campanha eleitoral e muito provavelmente para ser eleito mais um imaturo da JSD.
(*) O artigo referido está em
semanariotransmontano.com
(opinião).
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Toda a razão. Esta gente das Jotas, não está à altura do momento, ainda não perceberam que não mandam nada.A credibilidade e a confiança dos mercados (seja lá o que isso for) são o factor chave.
ResponderEliminar