domingo, 28 de novembro de 2010

Semana da Economia - temos mesmo que ser pobres?

Luis Moreira

A verdade é que a grande maioria dos países é bem menos abastada que nós. Portugal encontra-se entre os 25% dos países mais ricos do mundo. Mais concretamente, em 2000, entre 207 países, Portugal era o 49º mais rico. De facto, se à grande maioria dos povos fosse dada a oportunidade de emigrar para Portugal, milhões de seres humanos viriam bater-nos à porta.

Então porque pertencemos ao grupo dos PIGS da Europa? Porque na Europa há bem melhor do que nós e não há razão nenhuma de não estarmos ao nível deles. A verdade é que ainda temos bolsas de pobreza que nos envergonham, mas globalmente estamos longe de ser um país pobre.

Mas a história ensina-nos coisas muito curiosas. Nunca tivemos um supéravit na balança comercial (diferença entre exportações e importações)isto é, comemos sempre mais do que produzimos. E como equilibramos nós as contas? Primeiro com as especiarias das índias, depois com o ouro do Brasil, mais tarde com as remessas dos emigrantes, a seguir com os fundos vindos da UE e, agora, com os empréstimos que pedimos lá fora, mas que não há mais.

Como sair daqui? É isso que queremos discutir. São as grandes obras que nos safam? Ou é um tecido empresarial moderno e virado para a produção de bens transaccionáveis? É cortar nos vencimentos dos trabalhadores, reduzindo a procura interna? É piorar a vida aos pensionistas?

A dívida não representa o mesmo para países que crescem a 4% ou para outros, como o nosso, que cresce abaixo dos 1%. É nessa (in)capacidade de criar riqueza e de ter excedentes para pagar a dívida, que Portugal representa para os credores um risco e, claro, aproveitam-se disso para nos fazerem pagar altas taxas de juro.

A verdade, é que desde a entrada dos fundos comunitários que temos tido ciclos sucessivos de obras públicas, de dez em dez anos, construímos infraestruturas que não dão o retorno necessário para a economia crescer.Há que mudar de modelo económico, apostar na produção de bens transaccionáveis, fortalecer a exportação e substituir importações. Este modelo exige perseverança, estratégia, é bem mais dificil do que dar à manivela das betoneiras.

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