Luis Moreira
Um engenheiro que percebi ser quadro da Brisa, veio à TVI explicar que a Terceira Ponte sobre o Tejo para servir o TGV é demasiado comprida e cara, pelo que a solução é a Ponte 25 de Abril, onde já lá temos comboios a 60 Kms/hora.Mas vamos à matéria:
De alguém que me mandou este texto, onde se colocam interrogações apropriadas.Poderá ser conhecido por alguns dos leitores mas, sendo simples e comparando com países que todos conhecemos, ajuda a compreender as dúvidas acerca da rentabilidade dos investimentos públicos.
· Estádios de futebol, hoje às moscas,
· TGV,
· novo aeroporto,
· nova ponte,
· auto-estradas onde bastavam estradas com bom piso,
· etc. etc.
A quem na verdade serve tudo isto? A quem vai servir o TGV?
1. aos fabricantes de material ferroviário que já não existem em Portugal, por isso há que os comprar lá fora.
2. às construtoras de obras públicas (sempre elas...)
3. e, claro, aos bancos que as financiam
Ao contrário os portugueses ficarão mais endividados!
Experimente ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio.Comprado o bilhete, dá consigo num comboio que só se diferencia dos nossos 'Alfa' por não ser tão luxuoso e ter menos serviços de apoio aos passageiros.(é verdade, eu próprio já fiz esta viagem)
A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas. Não fora conhecer a realidade económica e social desses países,daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemáticos pelos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos.
Se não os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza. A resposta está: . na excelência das suas escolas,
· na qualidade do seu Ensino Superior,
· nos seus museus e escolas de arte,
· nas creches e jardins-de-infância em cada esquina,
· nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade.
Percebe-se bem porque não construíram :
· estádios de futebol desnecessários,
· nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.
O TGV é um transporte adequado a países de dimensão continental, extensos,
onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro,
competitivo com o transporte aéreo.
É por isso que, para além da já referida pressão de certos grupos que
fornecem essas tecnologias, só existe TGV em França ou Espanha
(com pequenas extensões a países vizinhos).
É por razões de sensatez que não o encontramos
· na Noruega,
· na Suécia,
· na Holanda
· e em muitos outros países ricos.
Tirar 20 ou 30 minutos ao 'Alfa' Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não trará qualquer benefício à economia do País. E quem tem pressa em chegar a Madrid viaja num dos muitos aviões que a todas as horas partem de Lisboa, do Porto ou de Faro.
Para além de que, dado ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que,
com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.
Com 7,5 mil milhões de euros podem construir-se:
- 1000 (mil) Escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo
que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas existentes ,(a 2,5 milhões de euros cada uma);
- mais 1.000 (mil) creches (a 1 milhão de euros cada uma);
- mais 1.000 (mil) centros de dia para os nossos idosos (a 1milhão de euros cada um).
E ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências,como, por exemplo,na urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária e, também na reabilitação dos centros urbanos.
Cabe ao povo ver que tudo isto é um negocio entre partes, que ninguem sabe quais, tendo a certeza que essas mesmas partes irão tirar os dividentos de tal negócio megalómano endividando as proximas três ou quatro geraçoes deste país. Qualquer pessoa minimamente inteligente e sem interesses directos no negócio vê que Portugal nao necessita de um tgv para nada!!
PS: Soube-se por estes dias que a Terceira Ponte sobre o Tejo é da tal maneira comprida e cara que está fora de questão construí-la, pelo que se procuram alternativas. A mais provável é a Ponte 25 de Abril, a tal que já lá tem os comboios sub-urbanos a andar a 100 Kms/hora.A bitola das linhas é diferente pelo que o comboio ao entrar na linha já existente e que serve a Ponte muda automaticamente de bitola,tudo a 300/hora. Imaginação é o que há mais só é pena andarem-nos a vender a ideia que estava tudo estudado e afinal descobriram agora estes pormenorzitos, sem importância nenhuma.
Estou em crer que sempre se consegue meter 3/4 comboios/dia a 300/hora entre os "pastelões" que em cima da ponte andam a 60Kms/hora. Como se vê está tudo estudado, os concursos seguem o seu caminho, dinheiro não há, ponte também não, alguma coisa se há-de arranjar.
Entretanto, o parque escolar tem já centenas de escolas a serem recuperadas, criando emprego e puxando pelas construtoras e por todas as empresas subempreiteiras, em plena crise que é quando o investimento é necessário.
É esta a diferença entre os investimentos públicos de proximidade e os mega-investimentos que só dão resultados (se derem) daqui a 4/5 anos.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
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O TGV não tem nada a ver com a situação actual.
ResponderEliminarÉ uma bandeira partidária.
Que deve ser evitada. Mas aqui o que me indignou é esta da ponte. Eu vi na Estação do Oriente a apresentação pública da maqueta da Ponte, lá estavam todos os conhecidos defensores (são eles que têm o trabalho em mãos) políticos, engenheiros...televisões, um óptimo lanche, meios audiovisuais a ajudar a apresentação, e agora vem esta história.São os mesmos que agora viram o bico ao prego..
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