Presos a uma ameixieira como cabras indomáveis
Nós abanamo-la até fazer cair todos os seus frutos
Descidos no mundo em busca de milagres
não encontramos senão ruas
longas línguas sequiosas esperando uma chuva de almas
Porque o homem é o que ele come é preciso que ele se coma
a si mesmo
Nós caímos da trama indecifrável do sonho
numa cidade de táxis e de hotéis
Mas absolutamente tudo o que chamamos realidade é também alguma coisa que se sonha
portanto a alma é uma flor nocturna que só se abre uma vez na vida
Nós vivemos fora dos muros da realidade procurando uma cidade
com ruas pavimentadas de caramelos
A nostalgia de um paraíso perdido é proclamada por cada batimento
de um coração que permaneceu criança
Face à beleza sublime o nosso próprio fim parece-nos o fim do universo
Somente o medo aperta a nossa alma à chegada
do fantasma adulto que mora no futuro.
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(Ilustração de Adão Cruz)
*Poeta e cineasta chileno (1929)
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
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Porque é que os textos hoje estão a saír sem autoria?
ResponderEliminarEstão? Quais é que não indicam o autor?
ResponderEliminarEste já vi que tem autor. O outro é um texto que deve ser teu mas que, agora, já não consigo encontrars
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