domingo, 26 de dezembro de 2010

Notas soltas - por Carlos Godinho

Natal

Como nos últimos anos, apesar das ameaças dos ratings, do FMI, do Fundo Social Europeu, do défice, da austeridade e das palermices de muitos políticos que para aí andam, sem falar na nova classe dos economistas comentadores que nos inundam com as maiores filosofias sobre aquilo que está mal mas que não indicam caminhos alternativos, lá comemorámos o Natal, gastando como poucos ao nível europeu. Os portugueses, pelos vistos, parece já pouco ligarem aos profetas da desgraça e à desgraça dos profetas. Aumenta o desemprego? Logo se verá, desde que não nos bata à porta. Os impostos aumentam? Corta-se na qualidade do bife e venham daí mais sandes. A saúde está mal? Compram-se genéricos. A roupa está cara? Dia 27 começam os saldos. Enfim, respostas para tudo, à portuguesa. Se calhar é este o caminho, relativizar tudo aquilo que nos vão dizendo, hora a hora, nos telejornais, nos debates, nas mesas-redondas dos especialistas de tudo e de nada e viver a vida tal como ela se nos apresenta, não resignados à tristeza e à depressão. A passagem do ano está aí à porta.



Tubarões brancos

Segundo o "O Jogo" de ontem, Leo Beenhakker, actual director-técnico do Feyenoord e antigo seleccionador polaco, afirmou que os principais clubes ingleses "são os tubarões brancos do futebol". O técnico holandês está zangado por ter perdido Nathan Ake, um jovem de 15 anos, por ter sido "contratado" pelo Chelsea. "O que podemos fazer para segurar estes miúdos? O Nathan só tem 15 anos e quis ir para Inglaterra. Falei com os pais dele e também eles estavam de acordo. Para o Feyenoord isto é péssimo, claro", terminou dizendo: "Isto deixa-me doido, perder desta maneira tão simples jogadores com tanto talento. Os clubes ingleses envenenam o mercado com este tipo de comportamento."



O problema é que desta vez foi um clube inglês a ir pescar um garoto à Holanda, mas Beenhakker esquece-se que foram os clubes holandeses os primeiros a ter esta prática de ir buscar jovens, bem jovens, a diversas partes do mundo, e o que deveria ser posto em causa é o facto em si mesmo e não se o clube perdeu um talento. É esta a realidade do futebol europeu. Os talentos têm quinze e menos anos. O pior é depois se não se confirmam essas qualidades. Mas isso é história para outra entrada.
 
(in Todos Somos Portugal)

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