sexta-feira, 17 de dezembro de 2010











Os Gatos que nos aceitam  - V




Clara Castilho




a) Literatura


O GATO

Vem, meu belo gato, ao meu coração apaixonado,
recolhe as unhas da tua pata
e deixa-me mergulhar nos teus belos olhos
onde o metal e a ágata se misturam.

Quando os meus dedos acariciam, vagarosos,
a tua cabeça e o teu dorso elástico
e a minha mão se inebria com o prazer
de afagar o teu corpo eléctrico,

vejo, em espírito, a minha mulher. O seu olhar,
tal como o teu, querido animal,
profundo e frio, fende e trespassa como uma lança,

e, da cabeça aos pés ,
flutuam, em torno da sua figura morena,
um ar subtil e um perfume misterioso.


Charles Baudelaire


Da Vinci



b) Informações

Durante muito tempo julgou-se que o gato via tudo a preto e branco, mas hoje sabe-se que pode distinguir as cores, tendo uma visão nocturna que lhe permite orientar-se.
Tem um sentido de olfacto muito desenvolvido. Para além do nariz possui no céu da boca o órgão de Jacobson. Com os seus bigodes ele pode medir a deslocação do ar, de forma a saber a posição e o contorno de tudo o que o rodeia. Reage a estímulos que somos incapazes de captar. Por isso dá conta, muito antes de nós, de algum perigo iminente – terramoto, erupção vulcânica – demonstrando-o pelo eriçar dos pelos, dilatar das pupilas, arquear das costas., etc.
O seu ronronar transmite contentamento. Respondem a quem fala com eles, numa relação directa com a quantidade de fala que lhe é dirigida.


Renoir

c)Provérbios
Aquele que guarda qualquer coisa para a noite, guarda-a para o gatoProvérbio dinamarquês
Aos olhos de um gato, todas as coisas lhe pertencemProvérbio inglês
Não há gato que não tenha unhas – Provérbio suiço




1 comentário:

  1. E eu que o diga: no último tremor de terra, em Maio, os meus dois gatos, segundos antes de eu o ter sentido, já tinham saltado do sofá.

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