quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Palestina

Adão Cruz

Não há sol nos céus da Palestina não há luz nos olhos da Palestina.

Roubaram o sorriso à Palestina!

São de sangue as gotas de orvalho da madrugada e o vento só é vento quando as balas assobiam.

Roubaram as manhãs à Palestina!

O céu de chumbo esmaga as almas e os ossos e é de lágrimas a chuva quando cai.

Não há sol nos céus da Palestina!

Do ventre da lua cheia de aço e de amargura nasce a cada hora um menino com bombas à cintura.

Mataram a infância na Palestina!

Rasgam as mães os seios com arroubos de ternura para alimentar a raiva. Por cada filho que perdem
outro nasce da sepultura.

Semearam a dor na Palestina!

Nas casas esventradas rompem por entre as pedras leitos de sofrimento onde à noite se acoitam os amantes queimando a dor na paixão de um momento.

Fizeram em pedaços o amor na Palestina!

Cada instante é uma vida na vida da Palestina cada momento uma taça de vingança clandestina cada gesto um vulcão de raiva que nem a morte amansa.

Roubaram a paz à Palestina!

Na sombra do dia ou na calada da noite cravam os vampiros nazis seus dentes de ferro no coração da Palestina. Não há sangue que farte a fúria assassina.

Sangraram cobardemente a Palestina!

Para atirar contra os tanques uma pedra agiganta-se o ódio a cada bater do coração. Por não haver sangue de tanto sangue vertido outra força não há para erguer a mão...

e dar à Palestina algum sentido.


(Ilustração foto net)

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