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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Caetano José da Silva Souto-Maior, um alentejano na corte de D.João V e uma figura popular de Lisboa - 7

Outro soneto, dedicado ao mesmo tema do anterior

SALVAMENTO MARÍTIMO, APÓS UM NAUFRÁGIO DE UMA JOVEM INDIANA POR UM GRANDE GENERAL PORTUGUÊS (O POETA IMAGINA SER O GENERAL)

Não assustes. oh bárbaro elemento,
a inocente, que tenho ao peito unida,
que à glória desta acção compadecida
respeita até das ondas o violento.

Tu logras o furor, eu logro o intento
de ficarmos com sorte repartida:
asilo nobre de uma tenra vida;
sepulcro avaro de ouro macilento.

Se tenho a varonil integridade,
que consegues no horror dessa inclemência,
ou que importa a infeliz calamidade?

Quando fica no exemplo da violência
desprezado o interesse da piedade,
e vencida a desgraça da inocência.



Soneto ao Rei D. Pedro II, que, por ter morrido, não chegou a ver a sua própria estátua de pedra.

Senhor, a vossa efígie venerada
é por vós com razão desconhecida;
porque ficou na cópia pareceda
de reverente a pedra desmaiada.

Que importa que do artífice lavrada
pareça que o cinzel lhe infunde a vida,
se a grandeza só pode esclarecida
ser nas vossas vitórias retratada?


Estranhais esta imagem justamente,
se a luz original está diante,
o reflexo perdeu-se de repente.


´Inda sendo o retrato semelhante,
porque em chegando o Sol a estar presente,
mudam sempre as estrelas de semblante.