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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Se


Maria Aguiar

 
se o pensamento isento tem sido adormecido com contínuos atentados fundamentados em falsas verdades,
se se caiu no erro de imitar o erro e se abriram as portas ao belicismo e a escravatura alastrou como uma praga e a realidade é uma amálgama disfuncional, se a democracia é utopia, a civilização um atestado de servidão, a cultura um doutoramento de cadeira, e o saber nunca premeia…
se caminhamos a misantropia e negligenciamos o legado histórico que nos foi legado, se todos os dias a mentira conveniente silencia a verdade sem esperança e os sinais do progresso são o retrocesso da alma, se somos mil(eu) as infâncias do estado novo SILENCIADAS, atropeladas e compelidas para o futuro sem futuro da falácia global deste mundo desigual, levante-se do tempo o poema, afie-se bem a palavra, resgate-se com resistência serena a terra que o homem lavra.

domingo, 31 de outubro de 2010

Apresentando Maria Aguiar




Maria Inês Lemos da Rocha Aguiar,  nasceu no Porto em 1958. É professora de língua inglesa e alemã, foi sub-directora e directora da Administração da escola de línguas Encounter English, onde deu aulas de Português para estrangeiros. Durante um ano trabalhou em Paris. Gosta de viajar e, por isso, conhece meio mundo e deseja conhecer a outra metade. Escreve poesia. Em 2002 publicou uma colectânea de poemas, Tinta Fina.
 Bem-vinda Maria Aguiar. Venha de lá essa poesia!

Embrulhei os meus sonhos

Maria Aguiar

Embrulhei os meus sonhos e convicções em caixas forradas a cetim, enterrei-os numa vala comum onde todas as utopias envelhecidas e ânsias de rio esquecidas acendem o pavio do fim, rasguei a anipnia de cada vez que para o papel remetia o hodierno, as cidades rasgadas de concreto, os sem abrigo, os sem tecto, mastiguei a exclusão amordaçada, a memória de uma pena sem glória dos poetas que conheci, que com um copo de vinho barato faziam da palavra a honra e o trato, desembrulhei madrugadas em lutos e contendas com o tempo que corria apressado nas telhas do meu telhado e rompi a poesia na magia da maturação, a metáfora do meu chão, desbravei horas bravias nas terras baldias, da excruciação e da palavra fiz a voz da solidão, na primeira pessoa!

(Ilustração - pormenor de quadro de Adão Cruz)