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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O crescimento das crianças

Raúl Iturra

B Tempo


3ª parte Capítulo 1

Queira lembrar o leitor, que denomino tempo á cronologia. Esse, que era delineado enquanto expunha saber. E pense o leitor, que talvez Jack Goody (1973,1976), bem como os seus mestres Meyer Fortes (1938 e 1970) e Evans Pritchard (1962), todos eles mestres meus também, tenham tido razão ao correlacionar o tempo e a estrutura dos grupos sociais, entre os quais, o doméstico. Como debato em outro texto (1991). O tempo é o crescimento da experiência. O tempo é a reprodução do grupo. O tempo é o ganhar saber do indivíduo. O tempo, em fim, é a entrada do indivíduo aos vários sítios sociais. Quer a sua entrada ao próprio saber, quer ao saber do grupo, aberto como um leque. Cada momento da vida, é entendido de forma diferente, conforme a experiência pragmática que a pessoa desenvolve e incute no seu entendimento. Nas suas ideias, nas suas alianças com os outros, nas suas separações dos outros, nos seus lutos, nas suas novas alianças. Victoria é muito característica. Uma pequena Picunche, no seu tempo de criança subordinada ao lar, que vive as experiências dos seus pais, sem dar por isso. Há já dois irmãos e uma irmã, bem mais velhos do que ela, quando ela aparece na Historia. Germanos, como em Antropologia denominam-se aos irmãos. Germanos, que já tinham um conglomerado de outras pessoas de fora do lar, nas suas relações. Relações que Victoria perturbava, por refrear a dinâmica mais desenvolvida, de esses germanos mais velhos. A sua alternativa é mais interna, mais íntima do lar: os pais, os cantos dos mesmos, as fantasias desses cantos, os jogos solitários, a cozinha, esse sítio de trabalho da Yeyé. As saídas com essa mãe Yeyé aos sítios dos adultos, a relação com os adultos, intermediada pela Yeyé. Beatriz é já uma pessoa pré adolescente de onze anos, quando a sua irmã Victoria aparece, e os irmãos Maurício e Eduardo, homens de experiência larga de adolescentes desenvolvidos (ver Genealogia 1). O grupo pessoal de Victoria, o grupo que a recebe, tem já um pai com filhos alem do quadro, e filhos do quadro, como gostaria dizer: do matrimónio, e de fora do matrimónio. Em consequência, o irmão do quadro, Maurício, tinha conhecido o silêncio da luta do casal, fora das relações abertas com a vizinhança que ainda os não acolhia, os cuidados preferenciais de uma mãe nova para um filho só, e foi aceitando a entrada dos outros á sua vida. Havia escola, ia a escola, era o pioneiro do livro e do caderno, essas novidades do saber de fora do lar, às quais os seus irmãos ião - se habituando pela prática de os ver. Como Victoria, a intelectual do grupo, a Técnica Agrícola de hoje, superiormente habilitada na próxima cidade de Talca, sem surpresa nenhuma com a disciplina de estudar. De conhecer métodos para entender a realidade pragmática.