Meu Caro Carlos Loures,
Volto à frase que destinei para designar o "assunto". Hispânicos somos todos nós; espanhois é que não; nem os há.
Considero meramente expeculativo que prossigamos com esta nossa correspondência desencadeada pela minha defesa da independência da Galiza e transformada num diferendo sobre a minha defesa duma idêntica saída política para o caso muito respeitável da Nacionalidade Andaluza.
Esta minha resposta à tua última carta vai ser uma demonstraçâo de indisciplina porquanto não tenho cópia do teu escrito e, nesta condição, escreverei à medida de quanto possa recordar-me. Como sabes a minha provecta idade caustica-me com falhas - brancas - terríveis!
Primeiro) A utopia é o lugar onde o nosso imaginário pretende chegar; não é longe, nem perto. Será onde for e isso varia com quem o define, sonha e anuncia.Não vais querer ditar-me os seus/teus limites.
Segundo) O escuteiro estava muito bem ensinado mas agiu precipitadamente.Bastaria que tivesse incitado a Senhora inclusive lembrando-lhe que naõ atravessar o mais complexo mata a evolução.
Terceiro) Se os nascidos na Galiza não percebem que têm uma Nacionalidade, em termos político mas não só, bem pode dizer-se estarem alienados.
Quarto) Não pretendo obrigá-los a serem independentes, outro sim à política portugesa que, essa sim, deve bater-se pela Libertação de todas e quaisquer Nacionalidades. Se o não faz contradiz-se inexoravelmente. Verifico que o fenomeno nacional da Descolonização - imposto e pedido, tanto de fora como de dentro - continua a não nortear obrigatoriamente a chamada esquerda.Os outros são uns senhores que procedem como entendem; nós devemos comer e calar!! A política portuguesa não deve abdicar de ser o farol das Independências Nacionais.A coerência obriga a, mais uma vez, dar novos mundos ao mundo.O que disto irão dizer os esquerdalhos de serviço!!! ah! ah! ah!
Quinto) Em toda a Europa medieval nada havia de tão avançado como o foi a Andaluzia e, como é do teu conhecimento, não foi obra desfeita num só dia.
Será que os indigenas andaluzes actuais recusam o seu passado riquissimo em nome de terem sido conquistados pelos castelhanos? É preciso reconhecer que no estado espanhol só está autorizado falar-se de autonomia. Uma palavra em favor da Independência é crime.Querer ouvi-la para concluir que são independentistas é provocatório.
Sexto) É bem sabido que a política de Madrid tudo tem feito em favor da miscigenação e da deslocação das vàrias Nacionalidades reconhecido, como é, que os independentismos existem e não estão reduzidos, apenas, às tres Nacionalidades que tens referido.
Sétimo) A dado passo da tua última carta - obra de literatura muito apreciável - indicas-me o caminho do bom comportamento. Que não devo julgar. Mas que Democracia será essa em que não posso julgar comportamentos e pensamentos cujos, isso é indiscutível,não molestavam quem quer que fosse.
Oitavo) Parece útil pensar no caso dos Sérvios e dos Croatas sobre quem ninguém tinha dúvidas de serem uns "indefectíveis e acendrados Jugoslavos". Viu-se !
Abraça-te com amizade o
Carlos Leça da Veiga
segunda-feira, 21 de junho de 2010
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