segunda-feira, 21 de junho de 2010

República nos livros de ontem nos livros de hoje - 31 e 32 (José Brandão)


A Desgraça da República na Ponta das Baionetas

José Freire Antunes

Livraria Bertrand, 1978

O militarismo é sacro no edifício militar clássico. Mas esse código de títulos e rituais pagãos – o culto do elitismo, a cadeia de comando, o vislumbre de aço, a espada cortante, a hierarquia empertigada – não é mais do que a expressão concentrada da arte militar acumulada pela burguesia, ao longo da sua ditadura classista. Esse exército gigantófono de milhões de homens e cintilante destreza servia às grandes potências, por um lado, para a contenção do proletariado e do campesinato e, por outro lado, para espezinhar e subjugar os povos dos países ocupados. As nações avançadas eram desterros militares para os operários.

Mas ao instituir o serviço militar obrigatório, ao familiarizar os deserdados no manejo das armas, porque a isso a obrigavam as necessidades do próprio curso desenvolvimentista, a burguesia amontoou lenha para se queimar. O exército dinástico tornara-se um exército popular.
________________________________________________

O Dezembrismo e a sua Política na Guerra

Eduardo de Sousa

Porto, 1919

(Discurso proferido na sessão da
 Câmara dos Deputados de 21 de Junho de 1919).

Sr. Presidente: como se vê nos termos da. minha moção, digo que o dezembrismo foi um crime. Todo o crime é repelente, o que não quer dizer que, quando o crime é cometido por diferentes indivíduos, todos eles tenham as mesmas responsabilidades, e que, portanto, a responsabilidade de cada um deva ser avaliada pelo mesmo padrão da dos outros. Mas a Câmara não é um tribunal criminal e, portanto, não vou agora julgar das responsabilidades deste ou daquele; trato apenas de apreciar o assunto politico na teia da discussão, - o dezembrismo, e de determinar se ele foi ou não um crime, um grave crime político. Que o foi, diz a minha moção e eu procurarei demonstrá-lo.
___________________

Sem comentários:

Enviar um comentário