Ethel Feldman
Abriu um vazio no chão da escada.
Redondo, profundo, estreito como se fosse a garganta do Atlas. Sem fim.
Rodolfo se estica cansado
- “Rodolfoooooo! Rodolfo… vamos à rua! Vá – anda!
Silencioso Rodolfo aparece cabisbaixo – de certeza que fez alguma asneira – lentamente se coloca a jeito, ao meu jeito em frente à porta.
- Pesa-te a consciência? Vá, não disfarces conta logo o que fizeste..
Luísa levou meu Mozroek. Fazia-me bem ler agora O Homem na Gaiola.
- Vá não te estiques Rodolfo. A mentira tem perna curta. A vida não tem rascunho. Não podes passar a vida a pensar que desenhas um esboço. Gaita quando vais aprender?
Silêncio. No horizonte de Rodolfo somente o chão – sujo ou limpo sempre chão. Seu corpo se contrai. Em cada gesto um apelo ao perdão. Dança ao som da censura como se o caminho só fosse castigo.
Desesperada resmungo um palavrão
- Não há paciência!. E tu repetes o erro como se fosse esse o acerto … Vá não dizes nada? Ainda por cima fazes censura à fala?!
Abriu um vazio no chão da escada. Redondo, profundo, estreito como se fosse a garganta do Atlas. Sem fim. Rodolfo se estica cansado.
- Vá Rodolfo anda vamos à rua… Prometo que não te coloco a trela…
domingo, 20 de junho de 2010
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Belo dialogo...
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